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Cátedra Lídia Jorge inaugurada nos Estados Unidos
Vai ser inaugurada dia 5 de abril, nos Estados Unidos da América, a Cátedra Lídia Jorge, criada e anunciada pela Universidade UMass Amherst, no Massachussets, com a realização de uma cerimónia que contará com a presença da escritora portuguesa, que pela primeira vez visitará aquela Universidade.
É ali que vai acontecer um colóquio dedicado à sua obra, toda ela publicada pela Dom Quixote, que terá como intervenientes vários professores de Estudos Portugueses, entre eles, Ana Paula Ferreira, da Universidade do Minnesota, que centrará a sua intervenção na “Ficção de Lídia Jorge e a Promessa de Democracia”, por uma comunicação que será feita pela própria Lídia Jorge, seguida de uma recepção a todos os que foram convidados a estar presentes neste acontecimento.
Na quarta-feira, dia 6, Lídia Jorge viajará para Providence, no Rhode Island, onde terá lugar um encontro com doutorandos da Universidade de Brown, ficando para o dia 8 a realização de uma palestra em Darthmlouth.
Salienta a UMass Amherst que Lídia Jorge é uma das vozes mais representativas da geração pós-revolução em Portugal e que os seus livros (ficção, teatro, literatura infantil, ensaio e poesia) ganharam reconhecimento internacional e foram traduzidos para mais de vinte línguas e publicados em diversos países.
A UMass Amherst segue assim o exemplo da Universidade de Genebra, na Suíça, que, em 2020, criou a Cátedra Lídia Jorge com o objectivo de ali estimular a promoção e divulgação da língua portuguesa e das culturas de expressão portuguesa.
De referir, por outro lado, que este importante reconhecimento da obra de Lídia Jorge surge na sequência da publicação, nos EUA, de um dos mais relevantes livros da autora – O Vento Assobiando nas Gruas (The Wind Whistling in the Cranes) – publicado pela Liveright Norton & Company e que tem merecido os maiores elogios da crítica. O insuspeito New York Times Book Review, por exemplo, escreveu o seguinte: “Uma história que se move ritmicamente. Uma emocionante e envolvente parábola sobre a vida, sobre a luta entre ricos e pobres, entre uma raça e outra. Até as árvores e a paisagem circundante têm aqui o seu ponto de vista.”
De Lídia Jorge, nos EUA, estão também publicados os romances A Costa dos Murmúrios (The Murmuring Coast – Univ. of Minnesota Press 1995), A Instrumentalina (My Dear Bicycle – Grand Street 1999) e O Vale da Paixão (The Painter of Birds – Harcourt 2001) e vários dos seus contos, extraídos de livros como A Instrumentalina ou O Amor em Lobito Bay, foram incluídos em diversas antologias.
Lídia Jorge estreou-se com a publicação de O Dia dos Prodígios, em 1980, um dos livros mais emblemáticos da literatura portuguesa pós-revolução.
Em 1988, A Costa dos Murmúriosabriu-lhe as portas para o reconhecimento internacional, tendo sido posteriormente adaptado ao cinema por Margarida Cardoso. Entre muitos outros, são de realçar títulos como O Vale da Paixão, O Vento Assobiando nas Gruas, Combateremos a Sombra, Os Memoráveis– obra que tem sido considerada uma poderosa metáfora da deriva portuguesa das últimas décadas – ou O Livro das Tréguas, a sua estreia na poesia.
Aos seus livros têm sido atribuídos os principais prémios nacionais, alguns deles pelo conjunto da obra, como o Prémio da Latinidade, o Grande Prémio da Sociedade Portuguesa de Autores – Millennium BCP ou o Prémio Vergílio Ferreira.
No estrangeiro, entre outros, venceu a primeira edição do prestigiado prémio ALBATROS da Fundação Günter Grass, o Grande Prémio Luso-Espanhol de Cultura e o Prémio FIL de Literatura em Línguas Românicas de Guadalajara.