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Um olhar sociológico sobre a marijuana: um clássico americano

Pode fumar-se marijuana [apenas] por prazer? Segundo o sociólogo norte-americano Howard S. Becker: sim, é possível.


No ensaio Fumar Marijuana por Prazer, Becker explora o consumo de marijuana, sem o promover ou desencorajar, explicando, com recurso a investigação científica e a experiências sociais, como pode o consumidor usufruir da sua «pedra», evitando a dependência psicológica ou física. Vanguardista aquando da sua primeira apresentação, nos anos 50, por abordar o tema das atualmente chamadas drogas leves de uma forma nunca antes tratada, Fumar Marijuana por Prazer continua, nos dias de hoje, a ser um precioso contributo para a compreensão de um comportamento ainda considerado desviante. A obra chega a Portugal, numa edição Guerra e Paz Editores, traduzida por Maria José Batista. Pode encontrá-la, quer na rede livreira nacional, quer no site da editora.

Que ideia tem da marijuana? Considera o ato de fumá-la um comportamento desviante que cria dependência? Ou, por outro lado, sente-se atraído pela sua atmosfera descontraída e muito associada ao reggae e a Bob Marley? Já fumou e «não sentiu nada»? Já fumou e «não gostou»? A discussão em torno desta droga leve não é recente e as opiniões dividem-se. Mas o que dirá a ciência sobre esta substância?

Há cerca de 70 anos, o sociólogo norte-americano Howard S. Becker firmou a sua reputação de rebelde revolucionário ao desbravar o terreno inexplorado desta temática, quando apresentou à Midwest Sociological Society o artigo de investigação que, entre outras considerações sociológicas sobre comportamentos desviantes, deu vida ao ensaio Fumar Marijuana por Prazer.

No texto, descontraído, mas sociologicamente rigoroso, Becker explorou, pela primeira vez, o consumo de marijuana, sem o promover ou desencorajar, desvendando, em três etapas, como é que se começa a fumar marijuana por prazer. No texto, o autor afirma que «ninguém se torna num consumidor sem (1) aprender a fumar marijuana de forma a ter efeitos reais; (2) aprender a reconhecer os seus efeitos e a relacioná-los com o consumo da droga (aprender, por outras palavras, a ficar pedrado); e (3) aprender a desfrutar das sensações que esta produz.»

Mais do que um guia de «como fumar marijuana», o texto convida o leitor a fazer um pequeno passeio pelo mundo da substância, num misto de investigação científica com experiências da vida real, que quebram a seriedade científica do conteúdo tornando-o mais relaxante e aprazível. Um ensaio vanguardista, na época e ainda hoje, que, segundo o médico norte-americano Andrew Weil, defensor de métodos de terapêutica alternativos, «apontou o caminho para uma visão da canábis mais esclarecida e racional.»

Numa altura em que a área da legalização da marijuana a voltou a colocar nas manchetes dos jornais, este ensaio tornou-se mais atual do que nunca. É, por esse interesse público renovado, agora recuperado e publicado em Portugal, pela Guerra e Paz, numa edição traduzida por Maria José Batista.

Fumar Marijuana por Prazer
Howard S. Becker
Não-Ficção / Ensaio
80 páginas · 15x23 · 13 €
Nas livrarias a 8 de fevereiro de 2022

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