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Sara Barros Leitão é a diretora artística convidada do Teatro Oficina em 2022
O ano de 2022 começa fértil e assim será com as mãos da arte e da criação a trabalharem e prepararem um terreno onde todos poderemos pisar, dar, colher e habitar.
E o epicentro da ação será o Espaço Oficina, em Guimarães, onde a diretora artística convidada do Teatro Oficina para o ano de 2022, Sara Barros Leitão, foi apresentada e partilhou desejos, novos rumos e vidas para a companhia.
Com a atriz, autora e encenadora portuguesa ao leme, este será um terreno de resistência e de criação com um ciclo de atividades a que chamou 'O ano do nosso desconfinamento', pensado e apresentado pela própria e no qual se incluem a criação original ‘Há ir e voltar’, o podcast ‘tentativa-erro’, o Assalto ao Arquivo, a Anti-Biblioteca (que ficará disponível no Espaço Oficina) e Anti-Leituras, Jornadas de Teatro, as Oficinas do Teatro Oficina e o jornal ‘Última Hora’.
Colocando o pensamento e o fazer teatral no centro do Teatro Oficina e tornando o Espaço Oficina a base de operações de todo este projeto, Sara assenta estes como eixos fundamentais do plano e lembra que “aqui faz-se teatro. Por isso, não leves demasiado a sério o que dizemos. O ano do nosso desconfinamento é o nosso desejo, não a nossa profecia.”
Sara Barros Leitão assume a direção artística da companhia de teatro vimaranense durante 2022 e apresentou um ciclo de atividades para o Teatro Oficina com duração de um ano (de 1 de janeiro a 31 de dezembro), a que chamou 'O ano do nosso desconfinamento'. Mergulhados nestes loucos anos 20 que assolaram e enlouqueceram o mundo ao comemorarem o seu centésimo aniversário, e ainda não recuperados da ressaca, Sara propõe que esta entrada em 2022 (tal como todas as passagens de ano que são feitas de promessas, desejos e possibilidades de mudança) se acrescente às doze passas o desejo de “voltar a estar juntos. Encher teatros. Encontros no foyer. Ensaios sem viseiras. Improvisações com o suor do outro. Chorar na plateia sem encharcar a máscara.”
O ano prevê-se com muitas surpresas e novidades, prontas a apanhar-nos desprevenidos (faceta própria e essencial da liberdade da criação) e a convocar-nos e desafiar-nos para estarmos e fazermos juntos e nos aproximarmos de várias formas. Para este ano, o Teatro Oficina terá uma criação original – Há ir e voltar – escrita e encenada por Sara Barros Leitão para três atrizes, com estreia a 22 de setembro, no Espaço Oficina, onde fará carreira de, pelo menos, três semanas.
Ao longo do ano, irão ser desenvolvidas atividades como a anti-biblioteca e anti-leituras com a criação de uma biblioteca de teatro que ficará disponível no Espaço Oficina – reunindo textos dramáticos, livros técnicos ou ensaios relacionados com teatro – e encontros (confortáveis) abertos para círculos de leituras de peças especialmente pensadas para quem gosta de ler teatro, mas não suporta a ideia de fazê-lo sozinho.
Surgirão também duas jornadas de teatro (uma pensada especificamente para estudantes ou jovens profissionais, com foco na entrada no mercado de trabalho, e outra pensada para profissionais, com foco na reflexão de temas transversais à atividade teatral), para pensar e discutir teatro mas também para saber, por exemplo, como abrir atividade, como registar propriedade intelectual, como apresentar um projeto para coprodução, como fazer uma candidatura.
Sara Barros Leitão propõe-se igualmente a organizar a história da companhia e a torná-la acessível a consulta, tratando e organizando o seu arquivo e criando, pelo menos, um momento de Assalto ao Arquivo, onde pede ajuda a cúmplices (espectadores ou intervenientes) do Teatro Oficina ao longo dos anos na identificação, por exemplo, de fotografias, datas de espetáculos, identificação de figurinos, etc.
Para quem estiver fisicamente longe destas ações, Sara avisa que toda a atividade poderá ser acompanhada através do podcast do Teatro Oficina chamado tentativa-erro, que funcionará como o eixo central do seu pensamento artístico para 2022 que será uma espécie de diário de bordo, e que ficará em breve disponível nas plataformas digitais habituais (e também poderá ser acompanhado por quem estiver por perto, naturalmente).
As novidades regulares desta nova vida do Teatro Oficina poderão ainda ser conhecidas através do jornal do Teatro Oficina que irá registar as novidades da companhia quase em tempo real, em jeito de Última Hora, através do qual serão anunciadas as atividades a desenvolver nas semanas seguintes, em diálogo permanente com o mundo. Como qualquer suplemento de última hora, não tem uma periodicidade específica, saindo quando houver o que noticiar. A edição zero – apresentada presencialmente a 26 de janeiro no Espaço Oficina – é uma edição especial, de formato mais pequeno e cheia de parangonas, sendo que a partir de agora poderemos começar a encontrar as Última Horas do Teatro Oficina espalhadas pelas ruas da cidade e pelos becos do on-line.
Sara Barros Leitão abraça este compromisso com a absoluta certeza de ainda não saber como isto se faz, e com a total humildade para ir tentando, errando, e tentando de novo. E porque o teatro só se faz com outras pessoas, de portas abertas e num diálogo constante com o mundo e com o outro, partilha “Queremos contaminar-nos pelas experiências de pessoas estranhas, e desejamos a possibilidade de nos apaixonarmos por elas, em vez de nos desinfetarmos”, a partir de um espaço de encontros, de partilha, de discussão, de informalidade, e (espera) de felicidade para “ativar o corpo, fazer teatro, e transformar este espaço num lugar de labor, de experiência, de erro, de tentativas, de pensamento, de escuta.”