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Exposições inéditas no Centro Cultural de Cascais

A Fundação D. Luís I e a Câmara Municipal de Cascais apresentam, no Centro Cultural de Cascais, exposições inéditas dos artístas Victor Neves, Catarina Lucas e Pepe Barragán

Unclear-perspectives #21 © Victor Neves Sem título, 2021 © Catarina Lucas Sem título © Pepe Barragán. Fotografia por Claudio del Campo

 

Dando início à programação desenvolvida para o ano de 2022, o Centro Cultural de Cascais inaugura, entre 29 de janeiro e 12 de fevereiro, três exposições monográficas dedicadas a três expoentes da arte contemporânea ibérica: o reconhecido arquiteto Victor Neves, que apresentará uma seleção de desenhos; a pintora Catarina Lucas, na sua primeira grande mostra individual, e o artista espanhol Pepe Barragán, representante do abstracionismo geométrico.

  • UNCLEAR-PERSPECTIVES de VICTOR NEVES

Entre 29 de janeiro e 30 de abril, o espaço da Capela, inserido no edifício principal do Centro Cultural de Cascais, recebe uma seleção de desenhos do arquiteto Victor Neves (Lisboa, 1956), reunidos na exposição Unclear-perspectives.

Em Unclear-perspectives, Neves pretende provocar o espectador para uma reflexão sobre o que distingue a ação de ver e o ato de olhar. Na sua perspetiva, ver é uma ação mecânica do olho que resulta da relação ótica com as coisas e com o mundo. Olhar, entretanto, ultrapassa os limites da oticidade e supõe um alargamento da experiência. Para o artista, “o olhar transporta o sujeito que olha para além de si mesmo. O que eu olho, observa-me silenciosamente e nessa relação íntima e silenciosa nasce um conhecimento mútuo e uma mensagem.

Neves propõe a quem veja os seus desenhos que, na verdade, os olhe. Que se desprenda dos limites da realidade e a transforme através da infinitude da imaginação, da curiosidade. Os 26 desenhos expostos estão ali para serem conhecidos e reconhecidos, para se tornarem um meio de comunicação entre quem os olha e quem os oferece para serem vistos.

Os próprios trabalhos expostos trespassam os limites do formalismo no desenho, desviando-se das leis da perspetiva, das proporções. Não obedecem às regras da geometria nem à lógica da luz e das sombras. Mas dão margem para que cada observador tenha uma experiência única e encontre significado dentro da multitude de possibilidades da sua imaginação.

“O objetivo dos desenhos que se podem ver nesta exposição é desafiar os limites, sair de si e do papel. Criam a sua própria contradição interna. Ao mesmo tempo que criam os seus próprios limites físicos, as suas margens, procuram desde o início continuá-los para o infinito, ultrapassá-los”, afirma o arquiteto e artista.

Victor Neves é PhD em arquitetura pela Escuela Técnica Superior de Arquitectura de Barcelona – Universidad Politécnica de Cataluña, Espanha. Atualmente é o Diretor Coordenador do 4º ano do programa de Arquitetura da Faculdade de Arquitetura e Artes da Universidade Lusíada. Neves é ainda o diretor do escritório Victor Neves – Arquitetura e Urbanismo Lda., sediado em Lisboa.

  • PISO LASSO de CATARINA LUCAS

Formada pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, onde concluiu em 2019 o ciclo de estudos em pintura, Catarina Lucas (Porto, 1997) apresenta no Piso 2 do Centro Cultural de Cascais a exposição Piso Lasso, que reúne 47 obras realizadas entre 2020 e 2021 para a série homónima.

Lucas utiliza, sobretudo, a técnica da pintura a óleo em suportes diversos, desde a tela, o cartão e o papel. Em Piso Lasso, a pintora explora uma vertente mais experimental da sua produção artística. As suas obras, de expressividade palpável, vivem muitas vezes numa dimensão emotiva onde a dicotomia entre o feito e o desfeito, entre o frágil e o resistente é revelada através das texturas e das cores – castanho, azul, verde, amarelo –, e do movimento e da intensidade da sua pincelada.

A artista afirma que “o manifesto prazer da criação que atravessa estas obras é fruto de um processo pessoal e introspetivo que, desprovido de convencionalismos, explora a energia e a angústia do tempo através dos instrumentos da pintura”.

A pintura de Catarina Lucas revela uma artista cuja criatividade não tem amarras: é livre, espontânea e simultaneamente incisiva, emocional. Piso lasso é, na sua génese, um reforço do poder da liberdade e uma subversão conceptual dos padrões tradicionais da representação pictórica. Como observa a curadora Leonor Amaral no texto que acompanha a mostra, “mais do que corresponder à demanda do concreto, estas obras situam-se no domínio da experimentação, motivada por uma conduta de libertação, emoção, instinto, estimulação”.

  • RITMO E VARIAÇÕES de PEPE BARRAGÁN

Pintor e galerista, desde o início do seu percurso artístico, Pepe Barragán (Sevilha, 1956) manifestou a sua predileção pela abstração geométrica como modo de expressão, em contraponto à representação pictórica de figuras ou paisagens. 

As 35 obras que integram a exposição Ritmo e Variações, realizadas em óleo sobre tela ou sobre papel de diversos formatos, evidenciam a destreza do artista na criação cuidada das suas composições e o equilíbrio entre as linhas e os planos que remetem para uma composição musical numa partitura. Nestas obras, Barragán investiga profundamente a relação e o ritmo entre as cores e as formas ao explorar a ténue fronteira em que um objeto simples se transforma numa obra de arte. Um dos trabalhos apresentados impressiona pela ambição da sua dimensão: é formado por 13 telas individuais de 100x70cm, que se unem para formar uma única obra.

A forte presença da geometria nos quadros de Barragán revela-se através de linhas, quadrados, retângulos, polígonos e círculos que se aproximam e se sobrepõem em translações e giros axiais para alcançar a simetria e o movimento rítmico que também se evidencia através do jogo com as cores e os contrastes.

A observação reflexiva de cada pintura de Barragán em exposição em Cascais revela a subtil vibração, o ritmo que dá unicidade à sua obra e que confere movimento e delicadeza às formas, o que é pouco habitual neste tipo de pintura. Destaca-se a minuciosidade com que o pintor trabalha o fundo das suas telas, a precisão com que demarca os blocos de cor e a exploração cromática que utiliza tons de ocre, bege e cinza em contraste com o preto e o vermelho.

Ainda adolescente, Pepe Barragán abandonou o curso de Direito na Universidade de Sevilha para se dedicar à pintura. Em 1978, com pouco mais de 20 anos, o artista autodidata realizou a sua primeira exposição individual na Librería Antonio Machado, em Sevilha. Para avançar nas técnicas da pintura, passou a frequentar o atelier do pintor Paco Molina, onde aprofundou o seu conhecimento e interesse pela arte contemporânea. A partir de 1985, Barragán começou gradualmente a apurar a sua obra e a abandonar a representação de figuras humanas nos seus quadros. A partir dos anos 2000, a sua obra evoluiu para a exploração de formas e cor através da geometria estrita. O expressionismo deu lugar a um universo de padrões geométricos vivos.  

Durante vinte anos conciliou a sua carreira artística com a função de diretor de uma galeria de arte em Sevilha. Desde o final dos anos 70, Barragán tem apresentado exposições individuais e participado em mostras coletivas em várias galerias e museus internacionais, além de feiras de arte como a Arco. As suas obras fazem parte de importantes coleções de pintura públicas e privadas tanto em Espanha como no estrangeiro.

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