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Oscar Wilde e "A Intransigente Defesa da Arte"

Pode a transcrição de um julgamento, e de um julgamento sórdido, ser considerada uma peça literária?


Se for Oscar Wilde a testemunha e se forem dele as respostas, então, corremos o risco de tropeçar numa peça da mais sublime estética. No livro, recuamos a 1895 e assistimos ao julgamento mais sensacional do século XIX. Da sórdida exposição, na Londres vitoriana, da homossexualidade de Oscar Wilde, nasce o mais articulado e brilhante discurso da vida real do escritor: uma veemente e majestosa defesa da absoluta liberdade da criação artística. Agora, este esplêndido documento histórico é publicado pela primeira vez em Portugal, com tradução de André Morgado, numa edição Livros Negros da Guerra e Paz. A Intransigente Defesa da Arte: Transcrição de um Julgamento Sórdido estará disponível na rede livreira nacional a partir de dia 25 de janeiro.

Quinta-feira, 14 de fevereiro de 1895, acontece a triunfante estreia da peça A Importância de se Chamar Ernesto: é o zénite da carreira de Oscar Wilde. E menos de cem dias depois, o genial escritor irlandês era um preso comum, condenado a dois anos de trabalhos forçados. A torre de marfim do escritor estremeceu, quando, a 25 de maio do mesmo ano, foi preso e conduzido à cadeia pela prática de sodomia: na Londres vitoriana, a homossexualidade era um crime.

Um mês antes, Wilde entrara no tribunal como acusador, depois de ter movido uma ação de difamação contra lorde Queensberry, pai do jovem Alfred Douglas, com o qual o escritor mantinha uma relação. Contudo, o inclemente volume de factos que a prosaica realidade ia derramando em tribunal virou o jogo e tornou-o a ele no acusado. Nesse final de século XIX, que hoje diríamos homofóbico e de leis injustas, Wilde é ferozmente ferido no corpo e na reputação.

No entanto, a sua total e radical independência e a sua essencial singularidade, fazem-no não só sair imune na delicadeza e na alma, mas também lhe salva a arte. Numa veemente e majestosa defesa da absoluta liberdade da criação artística, o escritor defendeu a sua obra maior, O Retrato de Dorian Gray, retratada no julgamento como imoral e ofensiva, pelo seu teor alegadamente homossexual, afirmando que um livro será sempre um bom livro «se estiver bem escrito, se provocar uma sensação de beleza, a mais pura sensação de que um ser humano é capaz. Se estiver mal escrito, a sensação é de repulsa.» 

Agora, a transcrição quase integral do julgamento, que se presumiria perdido nos meandros da lei, é publicada, pela primeira vez em Portugal, com tradução de André Morgado, numa edição Livros Negros: coleção da Guerra e Paz que soma qualidade literária a um pendor de controvérsia ou de escândalo. Na introdução, o editor Manuel S. Fonseca sublinha a pertinência e a atualidade da obra. Afinal, este é «um manifesto de intransigente defesa da independência da arte, defesa hoje tão válida e necessária como ontem, face aos novos vitorianos que infestam, com a boçalidade e brutalidade da sua pureza, parte dos nossos dias.»

A Intransigente Defesa da Arte: Transcrição de um Julgamento Sórdido estará disponível na rede livreira nacional no próximo dia 25 de janeiro. O livro que permitirá aos leitores «ouvir» as reais palavras de Wilde no seu mais articulado e brilhante discurso, pode ainda ser adquirido no site da editora. 

 

A Intransigente Defesa da Arte: Transcrição de um Julgamento Sórdido
Oscar Wilde
Não-Ficção / História
128 páginas · 15x20 · 13,00€
Guerra e Paz, Editores

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