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Nem só de super-heróis se fará o ano cinematográfico

Para lá da temporada dos prémios que vai marcar os primeiros meses de 2022, não vai faltar diversidade ao mapa do ano cinematográfico - das superproduções aos pequenos filmes independentes.

Robert Pattinson vai estar em foco, agora assumindo a figura do Homem-Morcego.

 

Como vai ser o ano cinematográfico de 2022? Por uma perversa combinação de automatismo, preguiça e objetividade, habituámo-nos a resumir a questão destacando uma lista dos filmes de super-heróis que vão começar a aparecer lá para o meio da primavera, definindo aquilo que, sem ironia, nos habituámos também a chamar "temporada de verão"...

Quer isto dizer que, ao longo dos últimos anos, Marvel, DC Comics e Cª não se limitaram a virar do avesso os valores clássicos de Hollywood. Conseguiram também "naturalizar" a ideia segundo a qual já não há movimentos de mercado a não ser os que resultem dos milhões de dólares que aplicam no seu marketing global.

Pois bem, não adianta desmenti-los. Em 2022, ao que parece, o ciclo de super-heróis vai até começar mais cedo, a 3 de março, com a estreia de um novo Batman. O título é singelo: The Batman. A realização pertence a Matt Reeves, surgindo Robert Pattinson no papel do Homem-Morcego. Outras ofertas no mesmo domínio surgem já agendadas para todo o ano: de Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, com Benedict Cumberbatch a retomar o papel central (5 de maio) a uma continuação de Black Panther, agora com o subtítulo Wakanda Forever (11 de novembro).

Sob o signo dos Óscares

Há mais mundos, claro. E não são necessariamente planetas distantes à espera de explodir por causa de um espirro de algum super-herói... Até porque, como bem sabemos, na sua crescente diversidade, as novidades passaram a repartir-se entre salas e plataformas.

Lembremos, por isso, que se vai cumprir uma outra tradição global do calendário cinematográfico - a "temporada dos prémios" -, mesmo se a sua dinâmica depende das estreias que ocorrem até ao final do ano nos EUA. Vários candidatos chegarão a muitos mercados europeus, incluindo Portugal, nas salas e plataformas de streaming (identificadas, quando for caso disso), ao longo do primeiro trimestre de 2022, tendo como "ponto de fuga" o dia 27 de março, data da 94.ª edição dos Óscares.

Entre os títulos que os oráculos da indústria americana apontam como candidatos a prémios da Academia de Hollywood, teremos, por exemplo: A Tragédia de Macbeth, de Joel Coen, com Denzel Washington e Frances McDormand em imagens a preto e branco (14 de janeiro, Apple TV+); A Filha Perdida, estreia na realização da atriz Maggie Gyllenhaal, a dirigir Olivia Colman (3 de fevereiro); e Belfast, evocação semi-autobiográfica de Kenneth Branagh, mais um filme rodado a preto e branco (24 de fevereiro).

Isto sem esquecer os títulos que se destacam também pelos nomes envolvidos ou pelo reconhecimento que já obtiveram nos circuitos internacionais. Lembremos, a esse propósito, O Acontecimento, de Audrey Diwan, drama sobre o aborto na França da década de 1960, Leão de Ouro em Veneza (6 de janeiro); O Bom Patrão, de Fernando Léon de Aranoa, comédia espanhola que alguns analistas consideram que pode levar Javier Bardem a uma nova nomeação para os Óscares (20 de janeiro); e a animação À Procura de Anne Frank, de Ari Folman (5 de maio).

Lugar aos independentes

Pelo meio de tudo isto, haverá filmes dos chamados circuitos independentes que, como sempre, mesmo com campanhas menos poderosas, vão tentar fazer valer as suas singularidades. Exemplo admirável virá da área documental: O Professor Bachmann e a Sua Turma, centrado numa especialíssima experiência de ensino, valeu à realizadora Maria Speth um Urso de Prata em Berlim (20 de janeiro). Outro caso modelar de originalidade criativa é Memoria, com Tilda Swinton, nova realização do tailandês Apichatpong Weerasethakul, distinguido em Cannes com o Prémio do Júri (ainda sem data).

No alinhamento de estreias para o primeiro semestre encontramos ainda hipóteses tão variadas como Morte no Nilo, nova adaptação de Agatha Christie por Kenneth Branagh (10 de fevereiro), De Son Vivant, drama de Emmanuelle Bercot com Catherine Deneuve e Benoît Magimel (5 de maio) e Elvis, de Baz Luhrmann, que é mesmo sobre Elvis Presley (23 de junho). Para quem já está a fazer a agenda cinéfila para o Natal de 2022, registe-se que Mario, personagem de um popular videojogo, estará de volta a 22 de dezembro, desta vez em desenho animado.


por João Lopes, in Diário de Notícias | 29 de dezembro de 2021
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Diário de Notícias

 

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