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Autotestes à entrada dos espetáculos? Uns dizem sim, outros dizem não

Sem teste negativo ninguém entra nos eventos culturais ou pode ir ao cinema. A norma da DGS prevê, também, os autotestes à entrada. Contudo, são vários os espetáculos que não estão a seguir essa orientação, alegam não ter capacidade para o fazer.
 

Foto: José Frade / EGEAC

 

A norma da Direção-Geral da Saúde (DGS) é clara. Para acesso a eventos culturais é necessária a apresentação de um teste negativo PCR ou antigénio realizado antes do espetáculo.

Previsto na norma estão também os autotestes à entrada da sala. Mas, neste caso, o teste terá de ter uma certificação e supervisão de um profissional de saúde.

A medida está a gerar diferentes interpretações e casos. Basta percorrer as bilheteiras de alguns dos eventos previstos para os próximos dias para encontrar casos díspares.

No caso do Concerto de Ano Novo no Coliseu de Lisboa, com a Strauss Festival Orchestra, a 10 de janeiro, surge a indicação clara que “não são aceites autotestes”. O promotor deste espetáculo explica que não aceita também “testes que não venham acompanhados do respetivo resultado laboratorial”.

Já o Circo Victor Hugo Cardinali, que está no Parque das Nações em Lisboa por estes dias, indica que além da apresentação dos testes PCR e antigénio, o público poderá fazer um autoteste “realizado no momento à porta do circo”. Neste caso, o autoteste é feito “sob verificação de um responsável do circo”.

Outro exemplo é o do espetáculo “A Nova Cinderela no Gelo”, com Carolina Deslandes, que está em cena até 9 de janeiro na AM Arena, em Matosinhos. Aqui, pode ler-se na bilheteira digital, que não são disponibilizados testes rápidos no local, mas os clientes podem levá-los e realizar os mesmos no recinto (com supervisão).

Também o Teatro da Trindade, em Lisboa, que tem em cena o musical “Chicago” até dia 30 de dezembro, esclarece, no que toca aos autotestes, que não são aceites “testes rápidos/autoteste efetuados no local” e justifica: “visto o Trindade não apresentar um espaço adequado e com as condições de segurança necessárias à realização dos mesmos”.

Sem referir os autotestes, o Teatro Nacional de São Carlos, em Lisboa, que tem o seu Concerto de Ano Novo a 2 de janeiro, escreve que o “teste rápido realizado nas 24h00 anteriores à sua apresentação para acesso ao teatro” só é válido se for com a “supervisão e certificado por profissional de saúde” que emita documento que deverá apresentar à porta.

Caso diferente é o do Centro Cultural de Belém que, para evitar sala vazia no seu Concerto de Ano Novo no próximo dia 1 de janeiro, com espetáculos às 11h00 e às 17h00, resolveu antes, na próxima quinta-feira, dia 30 de dezembro, montar um posto de testagem exclusivo para o concerto.

Assim, entre as 10h00 e as 17h00, o público que tenha bilhete poderá realizar no CCB um teste rápido de antigénio, sem custos. O CCB pede apenas que o público faça a marcação.

Mas o CCB indica também que serão “aceites autotestes, desde que feitos à entrada do auditório, até 15 minutos antes do início do espetáculo, e mediante supervisão da frente de sala”. Neste caso o público deverá trazer o autoteste consigo.

Agentes culturais são os “palhaços pobres deste país”

O promotor de espetáculos, Álvaro Covões, criticou esta terça-feira as medidas de combate à Covid-19 impostas à cultura.

Através da rede social Instagram, o diretor da Everything Is New e promotora do festival NOS Alive diz que a obrigatoriedade de um teste negativo está a deixar, desde dia 25, as salas de espetáculo “vazias”.

Álvaro Covões concluiu que “assim estarão até janeiro”. O promotor afirma que “um país sem cultura, é um país sem futuro” e “sem identidade".

O promotor, que classifica os agentes de cultura como “os palhaços pobres deste país” recusa apoios, diz que quer apenas trabalhar.


por Maria João Costa, in Renascença | 28 de dezembro de 2021
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Rádio Renascença

 

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