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E se a gruta de Belém fosse, afinal, a arcada da Praça do Giraldo?

Da autoria do arquiteto António Bouça, o “Presépio Évora”, exposto na Igreja de S. Francisco, é cheio de singularidades com destaque para os valores culturais da região elevados a Património da Humanidade.

Foto: Manuel Ribeiro Presépios da Coleção Canha da Silva. Foto: Manuel Ribeiro


Se, por estes dias, passar pela Igreja de S. Francisco, uma das mais bonitas da cidade de Évora, vai poder contar com duas atrações que, seguramente, vão enriquecer as suas festas.

A primeira é o “Presépio Évora”, encomendado ao arquiteto António Bouça e que está exposto na nave da igreja. A segunda é a exposição temporária “presépios de Lisboa e Vale do Tejo”, com peças da Coleção Canha da Silva e que é apresentada na galeria norte deste templo.

“Presépio Évora” com mais de 500 peças em barro

Trata-se de um Presépio que foi concebido tendo na génese a recriação do nascimento de Jesus na cidade de Évora, em concreto, na grande sala de visitas, a Praça de Giraldo e, mais especificamente, por baixo da arcada onde se localiza uma livraria que, não por acaso, se chama Nazareth.

A obra, que representa a cidade viva no seu dia a dia, coloca também em destaque quatro dos grandes valores culturais do Alentejo, classificados como Património Mundial: o Centro Histórico - que lhe serve de cenário, o Figurado de Barro de Estremoz – a dar vida e alma à cidade, o Cante Alentejano - no grupo coral situado no adro da Igreja de Santo Antão, e os Chocalhos de Alcáçovas - representados sob as arcadas.

Se o céu estrelado permite identificar diversas constelações, visíveis em dezembro na cidade, a multiplicidade de figuras oferece uma grande fusão entre o passado e o presente, numa cidade que fervilha de vida e rejubila com a Boa Nova”, realça a nota de apresentação da Igreja de S. Francisco, enviada à Renascença.

Todo o conjunto, projetado durante quatro meses, levou mais de um ano a ser executado e compreende “45 construções, oito das quais correspondem a edifícios de maior complexidade e elevado nível de pormenorização, como as igrejas, o templo romano, o aqueduto ou a fonte, 564 peças em barro que compreendem 236 figuras humanas, 205 figuras de animais e 123 objetos diversos, bem como um sistema de iluminação”, é referido.

O presépio, com 3,60 metros de largura, quase dois metros de altura e 1,77 metros de profundidade, é assinado pelo arquiteto António Bouça, com desenho de Ivo Brazílio.

As peças em barro são da autoria das Irmãs Flores e de Ricardo Flores, de Estremoz, a carpintaria e pintura foram feitos por Fernando Santos, Joaquim Vida e Joaquim Nunes, de uma carpintaria de Évora, e os trabalhos de eletricidade são da autoria de Modesto Riga. A coordenação esteve a cargo do cónego Manuel da Silva Ferreira.

Mestres barristas nos Presépios de Lisboa e Vale do Tejo

A par desta criação artística, a Igreja de S. Francisco tem também patente na galeria norte, até outubro de 2022, a exposição temporária “Presépios de Lisboa e Vale do Tejo”, com peças pertencentes à Coleção Canha da Silva.

“Depois de um ano de interregno, retomamos o ciclo de exposições temáticas que anualmente complementam o núcleo de peças da Coleção Canha da Silva, cerca de 250 peças de todo o mundo, aqui exposto em permanência”, recorda a nota de imprensa.

Este ano, são mostradas peças de artistas da região de Lisboa e Vale do Tejo, “para ver até outubro do próximo ano”. Para este efeito, “foram escolhidas 174 peças provenientes de uma vasta região que compreende integralmente o distrito de Lisboa e parte dos distritos de Santarém, Setúbal e Leiria”, é mencionado.

Entre o que pode apreciar, está por exemplo, o ciclo da Natividade, “interpretado pela mão de grandes mestres barristas como José Franco, de Mafra, Vitor Pires, das Caldas da Rainha, a artista Maria Helena Lourenço, de Corroios ou o notável autor de figurado Joaquim Paiva, de Torres Novas”.

As propostas não ficam por aqui. Também pode contemplar “as artes do têxtil e do papel (quilling e pergamano) nos magníficos registos do arquiteto Manuel Ferrão de Oliveira e de Esmeralda Serra, um conjunto de miniaturas digno de nota e outros tantos presépios de diversos autores do chamado artesanato contemporâneo”.


por Rosário Silva in Renascença | 24 de dezembro de 2021
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Rádio Renascença

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