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José Carlos Barros é o vencedor do Prémio Leya 2021

O Júri deliberou por unanimidade atribuir o Prémio de 2021 à obra As Pessoas Invisíveis, da autoria de José Carlos Barros.

Foto de Augusto Brázio


Reuniu no passado dia 6 de dezembro por videoconferência o Júri do Prémio Leya.

No início da reunião, Lourenço do Rosário fez uma declaração de protesto contra as medidas da União Europeia, no sentido de proibir os voos para Moçambique e outros países da África Austral. Os membros do Júri associaram-se a esta tomada de posição.

Concorreram ao Prémio 732 originais, dos quais foram seleccionados 14 para apreciação do Júri.

O Júri deliberou por unanimidade atribuir o Prémio de 2021 à obra As Pessoas Invisíveis, da autoria de José Carlos Barros.

As Pessoas Invisíveis é uma viagem por vários tempos da história recente de Portugal desde a década de quarenta do século XX narrado a partir de uma personagem ambígua, Xavier, que age como se tivesse um dom ou como se precisasse de acreditar que tivesse um dom.

Dos anos 40 do século XX, com a ambição do ouro, a posição de Salazar face à Guerra, a guerra colonial com todas as questões que hoje levanta, o nascimento e os primeiros anos da democracia.

Em todas essas paisagens e em todos os tempos que o romance toca, a palavra é de quem não a costuma ter. Dramática, velada, fugaz, lapidar, tocada pelo sobrenatural.

Os habitantes do mundo rural ou os negros das colónias. São seres quase diáfanos que sublinham uma sensação de quase perdição que atravessa todo o livro e constitui um dos seus pontos mais magnéticos.

Em As Pessoas Invisíveis, o leitor é convocado para preencher com a sua imaginação o não dito, os silêncios, o invisível.

De salientar ainda o trabalho de linguagem, o domínio de uma oralidade telúrica a contrastar com a riqueza de vocabulário e de referências histórico-sociais.

Sobre o autor
José Carlos Barros (Boticas, 1963) é licenciado em Arquitetura Paisagista pela Universidade de Évora e vive no Algarve, em Vila Nova de Cacela. A sua atividade profissional tem sido exercida nos domínios do ordenamento do território e da conservação da natureza. Foi director do Parque Natural da Ria Formosa. É autor, entre outros, dos livros de poesia Uma Abstracção Inútil, Todos os Náufragos, Teoria do Esquecimento, Pequenas Depressões (com Otília Monteiro Fernandes) e As Leis do Povoamento (editado também em castelhano). Com Sete Epígonos de Tebas venceu o Prémio Nacional de Poesia Sebastião da Gama 2009.  Em 2003 estreou-se na prosa com O Dia em Que o Mar Desapareceu. Venceu vários prémios literários (com destaque para o Prémio Nacional de Poesia Sebastião da Gama, que lhe foi atribuído duas vezes) e os seus textos poéticos estão publicados em vários países. O Prazer e o Tédio foi o seu primeiro romance, seguido de Um Amigo Para o Inverno (Casa das Letras, 2013), com o qual foi finalista do Prémio LeYa em 2012. Os seus livros mais recentes (poesia) são os seguintes: O Uso dos Venenos, ed. Língua Morta (2ª edição, 2018), A Educação das Crianças, ed. Do Lado Esquerdo Editora, 2020, Estação – Os Poemas do DN Jovem, 1984-1989, ed. On y Va, 2020, e Penélope Escreve a Ulisses, Edições Caixa Alta, 2021.

Sobre o júri do Prémio LeYa 2021
 O júri da presente edição do Prémio LeYa é formado por Ana Paula Tavares, escritora e poeta angolana, Isabel Lucas, jornalista e crítica literária portuguesa, José Carlos Seabra Pereira, Professor de Literatura Portuguesa na Universidade de Coimbra, Lourenço do Rosário, Professor de Letras, fundador e antigo reitor da Universidade Politécnica de Maputo, Manuel Alegre, poeta e escritor (Presidente do Júri), Nuno Júdice, poeta e escritor, e Paulo Werneck, editor, jornalista e tradutor brasileiro.

Sobre o Prémio LeYa 2021
Com o valor de 50 mil euros, o Prémio LeYa é o maior prémio literário para romances inéditos de todo o mundo de língua portuguesa. No seu percurso já premiou e deu a conhecer ao mundo os romances O Rastro do Jaguar, do brasileiro Murilo Carvalho (2008), O Olho de Hertzog, do escritor moçambicano João Paulo Borges Coelho (2009), O Teu Rosto Será o Ultimo, de João Ricardo Pedro (2011), Debaixo de Algum Céu, de Nuno Camarneiro (2012), Uma Outra Voz, de Gabriela Ruivo Trindade (2013), O Meu Irmão, de Afonso Reis Cabral (2014), O Coro dos Defuntos, de António Tavares (2015), Os Loucos da Rua Mazur, de João Pinto Coelho (2017) e Torto Arado, de Itamar Vieira Junior, vencedor em 2018 e que viria a ganhar, em 2020, os dois mais importantes prémios literários do Brasil: Jabuti e Oceanos.

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