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Luciano Mello & Orchestra Falsa assinala edição de disco Vida Portátil com single "Gus Van Sant"
Gus Van Sant é o segundo single do álbum Vida Portátil que vai ser editado dia 19 de novembro. A canção traz uma série de questões e insiste na pergunta “O que você vai ser quando crescer?”
“O Nome Gus Van Sant é uma homenagem a um de meus diretores preferidos do cinema e também um questionamento que muitos dos filmes deste diretor me trouxeram, entre eles, Paranoid Park, Elephant e Milk”, diz Luciano Mello ao ser questionado sobre o nome da canção que inicia já perguntando “O que você achou daquele Gus Van Sant?” O diretor é o gatilho.
A canção também é acompanhada por um clip (lyric video), que mais parece obra de arte. Produzido por Patrick Tedesco e o próprio Luciano Mello, o clip traduz com perfeição a atmosfera post-punk que o álbum Vida Portátil quer criar. No clip, trechos de outra faixa do álbum, “Luneta” (Patrick Tedesco), foram inseridos a criar uma atmosfera anárquica absolutamente em acordo com a proposta da canção.
O Artista Luciano Mello
Luciano Mello é um compositor, cantor, pianista e arranjador brasileiro. Tem obras gravadas por Elza Soares, uma das mais importantes cantoras do Brasil na atualidade e também por Marina Lima, entre outros nomes da MPB. Luciano Mello, que atualmente vive em Braga, tem 4 álbuns disponíveis nas plataformas de streaming de música, além de singles, EPs e inúmeras bandas sonoras compostas para teatro, dança e algumas incursões pelo cinema. Conhecido pelas composições, tem também o seu nome marcado pelos espetáculos de lançamento de seus álbuns, verdadeiras performances multimídia em que vídeo, música eletrónica e acústica dialogam, proporcionando ao público uma experiência de imersão ímpar. Segundo aquela que no Brasil chamam de Deusa, Elza Soares, “Luciano Mello é um dos meus compositores prediletos”.
Com a vida absolutamente ligada à produção musical, já esteve à frente de produções com o lendário compositor contemporâneo erudito Leo Masliah, Arthur de Faria, Marina Lima, Vitor Ramil (parceiro musical de Luciano Mello e de Jorge Drexler), entre outros grandes artistas. Luciano Mello é o criador do conceito Orchestra Falsa, uma orquestra construída de samples de gravações antigas, que eleva a sonoridade única das suas produções.
Vida Portátil, com Luciano Mello e Orchestra Falsa - Edição: 19/11/2021
Qual é o espaço real da nova vida que vivemos, existe o novo normal, o que é normal e o que é real?
A pandemia trouxe uma série de questões ao mundo e Luciano Mello sentiu o peso da fragilidade da vida quando percebeu que a pandemia havia adentrado as portas da cidade que vive em Portugal, a cultural e tranquila Braga. O isolamento, a distância do Brasil inúmeras vezes aumentada pelo fecho dos voos intercontinentais, o silêncio das ruas e a necessidade cada vez maior de se estar presente nas redes sociais, junto a um telemóvel, de se necessitar de uma câmara, um microfone, uma rede de internet... O desespero de se estar junto e presente sem se estar em nenhum lugar e estando em todos ao mesmo tempo. A vida tinha ganho uma nova dimensão, a necessidade da portabilidade nunca fora tão grande. Assim nasceu o projeto Vida Portátil.
As notícias vindas por vídeos e fotografias transmitidos via satélite, as distâncias aplacadas por afetos intocáveis, o homem mais contemporâneo e avançado do que nunca, estava preso novamente na caverna, o amor voltara a ser platónico. Ao lado do artista visual Patrick Tedesco, e com auxílio da encenadora Tainah Dadda, Mello pôs-se a pensar a fundo sobre a qualidade das novas relações e sobre a dependência do homem contemporâneo da nanotecnologia. “Percebi que o telemóvel era o tapete mágico que os ciganos vendem no livro Cem Anos de Solidão de Gabriel Garcia Marques, passamos a voar através de transmissores de sinais, nada é real nesta realidade, tudo isso me moveu e me incomodou ao mesmo tempo”.
Nesta altura, ainda em 2020, Luciano Mello criou, junto de Patrick Tedesco, a performance Vida Portátil. Na impossibilidade de subirem aos palcos, armaram a cena na sala do apartamento e, isolados pela pandemia, montaram o espetáculo musical/ visual Vida Portátil - Experiência #1. A performance dos dois artistas, também orientados por Tainah Dadda, foi filmada ao vivo por Tedesco que, com a sua experiência em produção audiovisual, somada aos computadores eletrónicos de Luciano, resultou mum videoespetáculo contemplado pelo ACTUM - Convocatória de Projetos Artísticos da Câmara Municipal de Braga, que é agora relançado para a edição do álbum.
O álbum Vida Portátil, com lançamento no dia 19 de Novembro de 2021, recebeu o apoio do Programa de Apoio à Criação e Edição da DGArtes e reúne canções do repertório da performance e outras inéditas, autorais. Entre estas, a última faixa, um texto chamado “Antenas” avisa: “Estamos repletos de sinais, espectros não captáveis por nossos sensores físicos (...) estamos embebidos do que não sabemos sentir”. Vida Portátil é isto, uma explosão de percepções súbitas, um novo mundo se desenhando, dependente da alta tecnologia. Existe amor nesta hora? Provavelmente sim, talvez seja este sentimento que conduza e solidifique a viagem por este impacto que nos causou a vida após a pandemia.
A Orchestra Falsa
“A Orchestra Falsa, de facto, não existe, nunca existiu, ou melhor, eu a inventei. Ela toca na minha cabeça, eu ouço, escrevo e daí nascem músicas para teatro, dança e até mesmo participações em bandas sonoras de cinema", explica Luciano Mello. O artista continua: "Desta vez, diferente das demais, foi a Orchestra Falsa quem começou a criar os arranjos do novo álbum, deixei fluir. Brincadeiras à parte, sempre gostei de criar timbres nos sintetizadores, ou, por exemplo, como faço em uma das músicas deste álbum, “Gus Van Sant” (o segundo single de Vida Portátil), em que o refrão pergunta insistentemente “O que você vai ser quando crescer?”, busquei as vozes de um coral de crianças gravado em 1967. Paro para imaginar que esses miúdos teriam, ou têm, hoje, um pouco mais de idade do que eu tenho e que a tecnologia permitiu que eles cantassem, quando crianças, em meu álbum de agora. Sim, num álbum que só fiz agora. Essa mistura de passado e futuro que a tecnologia permite haver, nos prova que o tempo não é linear. Uso recursos assim em todo o álbum e, desta maneira, expando a coisa para os tempos de antes de eu nascer e certamente para os tempos posteriores à minha vida. Esta é a essência deste projeto chamado Vida Portátil, brincar e questionar a sério as possibilidades que nos dá a tecnologia.”
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