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"Devido aos discursos xenófobos", o Lisbon & Sintra Film Festival celebra a cultura cigana
Um concerto de Emir Kusturica, o filme de Leonor Teles, "Balada de um Batráquio" ou os novos filmes de Jane Campion e Pedro Almodóvar marcam a décima quinta edição do Lisbon & Sintra Film Festival que celebra este ano a chamada cultura Rom.
“Estou orgulhoso por ainda cá estarmos e organizarmos isto com toda a liberdade”. É desta forma que o produtor Paulo Branco se refere à décima quinta edição do Lisbon & Sintra Film Festival que começa esta quarta-feira. O organizador do festival que este ano é dedicado à cultura Rom, mais conhecida entre nós pela expressão do povo cigano, lembra que vão estrear muitos filmes que ficaram por acabar com o estalar da pandemia.
Em entrevista ao programa Ensaio Geral, Paulo Branco começa por assumir a urgência da escolha da temática deste ano do evento. Para o produtor destacar a cultura Rom é uma “afirmação política de um grupo de cidadãos”. Nas suas palavras, a “celebração da cultura Rom” acontece “sobretudo devido aos tempos que se passam e aos discursos xenófobos que cada vez mais há na Europa”.
Através de concertos, debates e cinema esta expressão cultural será destacada. Exemplos disso são a exibição de filmes como “Balada do Batráquio” da portuguesa Leonor Teles, ou “Gato Preto, Gato Branco” de Emir Kusturica. Mas Paulo Branco faz outro destaque. A exibição em sala de filmes de Charlie Chaplin.
Trata-se de “uma atenção muito especial ao Charlot”. A família Chaplin que vai marcar presença no festival, diz Branco, “reivindica de forma militante a origem cigana do pai, avô e bisavô” de Chaplin. Entre os filmes que serão mostrados está “The Kid – O Garoto de Charlot” numa versão restaurada 4K.
De resto no cartaz deste ano do Lisboa & Sintra Film Festival serão feitas cinco homenagens, uma delas a Jane Campion, a realizadora do famoso “O Piano”. No festival, diz Paulo Branco será a oportunidade única de ver em sala o mais recente filme “The Power of the Dog” com que a cineasta é candidata aos Óscares da Academia.
A obra do produtor do filme “Listen” de Ana Rocha, Rodrigo Areias vai também estar em destaque. O público vai poder ver dois filmes inéditos, “Vencidos da Vida” e o mais recente, “Arte da Memória”.
Um dos ciclos temáticos, dedicado à “Morte de Deus”, comissariado por Alexey Artamonov, Denis Ruzaev e Inês Branco López vai contar com filmes como “Maria Madalena”, de Abel Ferrara, “Les Imortelles”, de Caroline Deruas ou “Em Nome do Pai”, de Marco Bellocchio.
O cartaz deste ano do festival conta também com música. O concerto de encerramento está a cargo do músico e realizador Emir Kusturica que se faz acompanhar pela sua banda The No Smoking Orchestra, no dia 20 de novembro, às 21horas, no Centro Cultural Olga Cadaval, em Sintra.
por Maria João Costa in Renascença | 10 de novembro de 2021
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Rádio Renascença