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A poesia viva e em mutação de Carlos Monteiro Ferreira celebrada em "meaidade"
Poeta militante, o angolano Carlos Monteiro Ferreira apresenta, aos 61 anos, meaidade, um livro de memórias de vida, com as paixões e desilusões que lhe são próprias e de uma militância constante, descritas através de uma poesia que é arte visual, que é ritmo, que obriga à imersão no sentido.
Uma edição Guerra e Paz com prefácio de Francisco Soares, professor e investigador de literatura africana, que chega à rede livreira nacional no próximo dia 26 de outubro.
Ainda mal refeito do fenómeno Entre a Lua, o Caos e o Silêncio: a Flor, antologia ímpar na história da poesia angolana, que co-organizou com a professora Irene Guerra Marques – unanimemente aplaudida em Portugal, Angola e Brasil –, o poeta angolano Carlos Monteiro Ferreira (Cassé) apresenta-nos meaidade, um livro que nos convida a ver, através da poesia, as suas memórias e todos os seus matizes, da infância até à meia-idade.
A obra, que agora é anunciada pela Guerra e Paz Editores, é prefaciada pelo professor e investigador de literatura africana, Francisco Soares. «É, portanto, um poeta militante, mas subjectivo e amoroso, não só lúcido, mas também fortemente afectivo, sensível aos danos pessoais que sofre quem acreditou, não só numa ideologia, num projecto político, mas também na amizade e no amor.» Elementos da poética de Cassé, explorados neste livro, que nos apresenta as três dimensões da sua vida: a pureza e o sonho; os afetos e o erotismo; o idealismo e a desilusão.
É também um livro atravessado pelo gosto da homenagem aos seus heróis, geralmente autores, entre os quais Agostinho Neto, Luandino Vieira, Manuel Rui, Pepetela, Costa Andrade, Dario de Melo, Viriato da Cruz, Mário António ou António Cardoso, que Cassé exalta como exemplares nos aspectos moral, político, artístico ou nos três em conjunto.
Agostinho Neto
todos os templos se abriram todos os deuses se adoraram todas as esmolas se aceitaram toda a histeria se tornou hino toda a loucura normalidade toda a bofetada carícia cada violação uma prece toda a terra se abriu à cavalgada selvagem dos novos senhores.
Porém, a hora há-de chegar!
todos os tambores hão-de ecoar todos os caminhos serão de novo desbravados a ténue malha do resgate será tecida por mãos secas de implorar outras gerações farão perguntas o tribunal da vida abrirá suas portas para as contas finais deste rosário magoado
voltaremos então ao princípio!
Memorialística, a poesia de Cassé não se esgota no passado, acompanhando o seu percurso. «Trata-se de uma poesia viva e em mutação, mas integrada sempre no tempo e no lugar. Assim continua hoje, nesta meaidade.» A obra chega à rede livreira nacional no dia 26 de Outubro, com a chancela da Guerra e Paz. Esta também poderá ainda ser adquirida através do site da editora.
meaidade
Carlos Monteiro Ferreira
Ficção / Poesia
120 páginas · 15x21,5 · 12,00 €
Guerra e Paz, Editores