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Geopalcos Arte.Ciência.Natureza mostrou experiências no FIC.A - Festival Internacional de Ciência

O aspirante Geoparque Algarvensis e o programa de animação e intervenção no território, o GeoPalcos Arte.Ciência.Natureza, estiveram em destaque no sábado à tarde em Oeiras, na 1ª edição do FIC.A, Festival Internacional de Ciência que juntou mais de 100 entidades, milhares de alunos e professores e centenas de atividades ligadas às áreas científicas e da educação.


Num evento que decorreu no Grande Auditório, com direito a transmissão em direto via Youtube, reuniram-se cinco intervenientes para a Mesa Redonda "GeoPalcos arte.ciência.natureza: Ligações (im)prováveis no território algarvensis": Dália Paulo e Paula Teixeira, do aspirante Geoparque Algarvensis, Miguel Cheta, artista visual, Helena Madeira, harpista e compositora, Manoli Ortiz, artista plástica.

A Mesa Redonda arrancou com a apresentação de um vídeo que resume os múltiplos eventos que ocorreram entre maio e outubro nos três concelhos que estão a trabalhar na candidatura a Geoparque Mundial da UNESCO – Loulé, Silves e Albufeira – incluindo concertos, instalações e performances. As atividades tiveram a particularidade não só de serem maioritariamente no exterior como de se tratarem de cruzamentos improváveis, tais como a mistura de guitarra elétrica com guitarra portuguesa num concerto numa pedreira em Silves ou uma instalação visual misturada com performance teatral e musical a 230 metros de profundidade, na Mina de Sal Gema em Loulé.

Miguel Cheta, artista visual responsável, juntamente com Christine Henry (artista visual) e João Caiano (cantor e performer) pela instalação e performance “O Osso do Mar”, na Mina de Sal Gema de Loulé a 230 metros de profundidade, demonstrou, com fotos, parte do processo criativo subjacente ao trabalho apresentado ao longo de dois meses. Para Miguel Cheta, foi uma experiência rara, mas não só para o público: “Trabalhámos os três em conjunto – algo que nunca tínhamos feito anteriormente - o que nos tirou da nossa zona de conforto. Este criar de uma ligação entre as artes visuais e a arte performativa tirou-nos dias de trabalho, mergulhámos num mar profundo, o Mar de Tétis, um mar que se encontra a 230 metros de profundidade nesta Mina de Sal Gema e que aconteceu há 230 milhões de anos. Tentámos recriar esse mar e esse tempo completamente diferente, um tempo muito lento, será muito difícil relacionarmo-nos com tanto tempo, tantas mutações que ocorreram desde então até agora. Mas nós artistas temos o trabalho muito mais facilitado do que os cientistas, porque nós limitamo-nos a colocar questões e a lançar essas questões para o Mundo, não temos a obrigação de as resolver”, gracejou, num painel em que os artistas estavam em maioria num Festival de Ciência.

Helena Madeira, harpista e compositora formada em Antropologia, diz que o projeto tem sido incrivelmente gratificante, com um efeito multiplicador: “Criámos com os jovens uma instalação que pudesse permanecer no espaço, mas que fossem eles a incorporar a temática do Geoparque, que houvesse o espalhar da palavra na comunidade artística, mas também para casa e na comunidade da educação. A ideia é que possamos compreender o tempo que percorre, os anos que nos separam deste metopossaurus algarvensis (a Salamandra Gigante), criando uma sinergia entre ciência, educação e a cultura, e sensibilizando as comunidades locais”. Helena foi responsável pelo trabalho com uma turma do 11º ano em Silves que resultou no concerto “Margens”, uma simbiose entre música e artes performativas sob o tema da consciência da natureza ambiental e do território, contextualizada pelos sons etéreos da harpa e o canto.

Também Manoli Ortiz, artista plástica que recorre às plantas locais para tinturaria, ficou surpreendida com a forma como o projeto mexeu com as pessoas na aldeia onde vive, a Penina, em Loulé: “Nós recolhemos mais de 50 fotografias junto das pessoas, para perceber como se juntava o passado da aldeia com o Geoparque. A aldeia da Penina tem estado um pouco fechada ao exterior, mas com esta festa do Geopalcos as pessoas começaram na expectativa de que algo ia acontecer, começaram a pintar as casas, ainda que muitas pessoas não soubessem do que estávamos a falar. Houve até um jovem que decidiu fazer um jornal para que as pessoas mais velhas que não têm redes sociais pudessem saber o que se ia passar, e a verdade é que nós voltámos a ter animação na aldeia já depois do programa Geopalcos, parece que a comunidade acordou”, recorda, congratulando-se com a iniciativa que criou novos laços e redes de trabalho no interior de Loulé, Albufeira e Silves.

Para além da Mesa Redonda, Loulé, Silves e Albufeira estiveram presentes em Oeiras com uma exposição do aspirante a Geoparque Algarvensis, juntamente com a instalação sonora “Montante”, de Vasco Nascimento. Também o grupo de teatro de Alte, Ao Luar Teatro, fez uma apresentação no FIC.A – Festival Internacional de Ciência – com o espetáculo “Caminhos da Terra – A Carroça da Tradição Oral”, que levou aos jardins do Palácio do Marquês canções, rimas, trava-línguas e lendas do interior algarvio, património que tem vindo a perder-se e que o grupo está apostado em preservar.

GeoPalcos Arte.Ciência.Natureza realizou-se entre 29 de maio e 9 de outubro no território do aspirante Geoparque Algarvensis e é um evento bianual pensado a partir da colaboração e participação das populações e do desafio a artistas e cientistas para pensar o (a partir do) território, um lugar de criação, de pensamento, de inquietação e de deslumbramento.

O projeto surgiu de uma candidatura intermunicipal, liderada pela AMAL, juntando os 16 municípios algarvios e a Direção Regional de Cultura do Algarve, que resultou no “Bezaranha - Programação Cultural em Rede”, programa que assegura parcialmente o financiamento do GeoPalcos Arte.Ciência.Natureza, recorrendo ao Programa Operacional Regional do Algarve (CRESC2020).

Para mais informações sobre o projeto, visite geoparquealgarvensis.pt/ e bezaranha.pt

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