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Teatro Nacional São João reabre ao fim de dez meses
O Teatro Nacional de São João (TNSJ), fechado desde janeiro devido ao confinamento e às obras de reabilitação, reabre a 22 de outubro, com a estreia de "Lear", de Shakespeare.
"Vimos o São João como nunca o vimos. Despido. Estamos no limiar do termino da obra. A obra de intervenção foi substancial e importante para os próximos 25 anos", declarou esta quinta-feira o presidente do Conselho de Administração do TNSJ, Pedro Sobrado, na conferência de imprensa para a apresentação da programação cultural da temporada do teatro, para os próximos sete meses.
Pedro Sobrado anunciou que a reabertura do edifício sede do TNSJ vai "ocorrer no dia 22 de outubro", e adiantou que, nesse "primeiro fim de semana do resto da vida do São João", vai acontecer a estreia "Lear", uma produção própria, baseada na tragédia de William Shakespeare.
A peça vai subir a um palco renovado pelas obras de reabilitação, "o coração do teatro", que também ganhou 450 novas cadeiras, acrescentou Pedro Sobrado.
Além da estreia de "Lear", há mais duas iniciativas inseridas no programa comemorativo do centenário do TNSJ e que foram adiadas por causa da pandemia.
A primeira diz respeito à exposição "10 Atos 100 Anos", com curadoria de Gabriella Casella, sobre os 100 anos do edifício do São João. A exposição, com entrada gratuita, estará patente no Salão Nobre do TNSJ de outubro deste ano, até 27 de março de 2022, Dia Internacional do Teatro.
A outra iniciativa inserida no programa comemorativo do centenário do teatro nacional do Porto, é o colóquio internacional intitulado "Teatros Nacionais: Menções, Tensões, Transformações". Abre no dia 22 de outubro, com o teatrólogo e historiador norte-americano Marvin Carlson, de 80 anos, e a entrada também é livre.
O presidente do Conselho de Administração do TNSJ assumiu que a reabertura do São João era "sobretudo a celebração de uma Casa com uma causa".
A temporada 2021/2022 do TNSJ tem previstas "nove estreias absolutas e 14 coproduções", e a programação arranca este mês de setembro sob o mote "O Centenário acaba aqui".
Em conferência de imprensa, o diretor artístico, Nuno Cardoso, assumiu que a nova temporada pode ser vista "como um atlas", e que a programação se divide em vários caminhos, designadamente o das produções próprias e o caminho das parcerias com o TNSJ.
"E, como um atlas, abre viagens para o mundo. O primeiro caminho [do TNSJ] é das produções próprias. Esta temporada começa com o 'Lear', que é a produção que a casa faz para remobilar o palco do São João", afirmou.
A peça "Lear" vai ser toda feita em "cima de material do São João que deixou de ser usado com as obras de reabilitação", explicou o diretor artístico, referindo que aproveitaram cenografias antigas, figurinos, um frigorífico, entre outros objetos.
"Floresta de Enganos", inspirada no dramaturgo Gil Vicente, com encenação de João Pedro Vaz, é a segunda produção própria do TNSJ, e tem estreia marcada para dia 16 de março de 2022, no São João, permanecendo em cena até 03 de abril.
O regresso das produções próprias "À espera de Godot", encenado por Gábor Tompa, de 09 a 19 de dezembro deste ano, no São João, e de "O Balcão", de Jean Genet, com tradução de Regina Guimarães, de 07 a 22 de janeiro de 2022, foram outros dos destaques assinalados por Nuno Cardoso.
A nova temporada do TNSJ é inaugurada, todavia, com a 6.ª edição do Mexe - Encontro Internacional de Arte e Comunidade, a decorrer nos dias 18 e 21 de setembro, no Teatro Carlos Alberto, e abre com o espetáculo "Paisajes para no Colorear", da companhia chilena La Re-Sentida.
O mês de setembro ficará também marcado pela estreia de "Tartufo", no Mosteiro de São Bento da Vitória. Trata-se de uma coprodução que une o Teatro da Garagem ao São João, com dramaturgia e encenação de Carlos J. Pessoa, que vai estar em cena entre 29 de setembro e 10 de outubro.
Depois do Mexe, vai chegar o Festival Internacional de Marionetas do Porto (FIMP), com três espetáculos nas salas do universo do TNSJ. O destaque vai para a estreia de "O Julgamento de Ubu", a 07 de outubro, no Teatro Carlos Alberto (TeCA), com dramaturgia e encenação de Nuno Cardoso. O espetáculo fica em cena até 16 de outubro.
Em novembro, o TeCa recebe a estreia do espetáculo "O Pecado de João Agonia", de Bernardo Santareno, com encenação de João Cardoso, que estará em cena de 11 a 21 de novembro. O espetáculo centra-se na "desobediência dos dogmas", proposta pelo dramaturgo.
Até março de 2022, o TeCA conta com as estreias de "Menina Júlia", de August Strindberg (em cena de 9 a 19 de fevereiro), e "A Estética da Resistência", como base no romance de Peter Weiss, texto de Rui Pina Coelho e encenação de Gustavo Amorim (cena de 30 de março a 10 de abril).
Os Cadernos do Centenário do TNSJ vão contar com três novos volumes até ao final deste ano. O primeiro "Caderno de Obra" é lançado a 04 de novembro, e aborda a tarefa de reabilitar o edifício desenhado por Marques da Silva.
No dia 11 de dezembro, o TNSJ promove o lançamento do quarto e quinto volumes, intitulados "Desenho de Luz" e "Identidade Reescrita". No primeiro, é explorada a residência artística do artista António Jorge Gonçalves, no Teatro São João; por sua vez, o segundo, "Identidade Reescrita", foca-se na identidade visual da Casa, concebida pela designer Maria Ferrand.
Duas das coproduções inseridas na nova temporada contam com encenação da atriz Sara Barros Leitão, e do encenador e ator de Pedro Penim, recentemente nomeado para diretor artístico do Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa.
De 17 a 20 de fevereiro, "Pais & Filhos", com texto e encenação de Pedro Penim, a partir do clássico de Ivan Turgueniev, sobe ao palco do São João, após a estreia no S. Luiz, em Lisboa. O romance homónimo, a "magnum opus" do escritor russo, serve de ponto de partida para uma adaptação contemporânea, baseada no processo pessoal do encenador, que decidiu ter um filho por via do processo de gestação por substituição.
A programação do TNSJ contará também com música, literatura, oficinas, digressões e clubes de teatro para todas as idades, sem esquecer as dez sessões da nova unidade curricular optativa para os estudantes da Universidade do Porto (U. Porto), desenvolvida em parceria com o TNSJ, intitulada Volta ao Palco em 80 Horas.
"Entre março e maio, os alunos da Universidade do Porto que optem por ingressar nesta formação, terão a oportunidade de acompanhar as várias etapas de criação de um espetáculo, desde os ensaios até à apresentação ao público", garantem os serviços do teatro.
Paralelamente à produção teatral, o Mosteiro de São Bento da Vitória vai receber o ciclo Music4l-mente, uma parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, com curadoria do pianista Filipe Pinto-Ribeiro.
Pedro Sobrado recordou ainda o programa de cooperação em curso com Cabo Verde, que "vai prosseguir" com a integração de duas novas produções com atores cabo-verdianos e um programa de formação em 2022. "Assinámos um memorando" para emprestar equipamento, desvendou.
"Outra boa notícia é a renovação mecenática do TNSJ com o BPI e Fundação La Caixa, e também com a farmacêutica Bial, que se associa ao mecenato para que o TNSJ volte a ter programação no Mosteiro de São Bento da Vitória com concertos, por exemplo", acrescentou o responsável.
O Teatro Nacional São João foi alvo de uma operação de reabilitação do interior com um investimento total de 2,55 milhões de euros, incluída no programa operacional NORTE 2020, e as principais mudanças prendem-se com a "melhoria das condições de segurança e de acesso ao edifício", "atualização do parque técnico" e "reforço da programação artística", entre outros projetos, explicou a instituição cultural.
por Lusa e Diário de Notícias | 9 de setembro de 2021
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Diário de Notícias