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Museo Vostell Malpartida apresenta exposição de Ana Hatherly

"Desenhar é Falar com o Silêncio" é a primeira exposição individual de Ana Hatherly em Espanha e a terceira fora de Portugal.


ANA HATHERLY (Porto, 1929 - Lisboa, 2015)
Poeta de vanguarda, ensaísta, investigadora, tradutora e professora universitária, iniciou a carreira literária em 1958 e desenvolveu uma atividade artística singular nas áreas do desenho, pintura, performance, fotografia e cinema. Membro destacado do grupo da Poesia Experimental Portuguesa, tem uma extensa bibliografia poética e ensaística. Dedicou-se também à investigação e divulgação da literatura portuguesa do período barroco, tendo fundado as revistas Claro-Escuro e Incidências.

Iniciou a sua carreira nas artes plásticas nos anos 60, com um extenso número de exposições individuais e coletivas em Portugal e outros países. Obras suas estão incluídas nos principais Museus e Fundações, e em coleções privadas portuguesas e internacionais.

Licenciada em Filologia Germânica pela Universidade Clássica de Lisboa, doutorou-se em Estudos Hispânicos do Século de Oiro na Universidade da Califórnia em Berkeley. Professora Catedrática da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, onde fundou o Instituto de Estudos Portugueses. Membro da Direção da Associação Portuguesa de Escritores nos anos 70, foi também membro fundador e depois Presidente do P.E.N. Clube Português.

Diplomada em técnicas cinematográficas pela International London Film School, nos anos 70, foi docente na Escola de Cinema do Conservatório Nacional, e no AR.CO (Centro de Arte e Comunicação Visual), em Lisboa. Existem cópias dos seus filmes no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian e no Arquivo da Cinemateca Nacional, em Lisboa.

Em 1978 foi agraciada pela Academia Brasileira de Filologia do Rio de Janeiro com a medalha Oskar Nobiling por serviços distintos no campo da literatura. Em 1998 obteve o Grande Prémio de Ensaio Literário da Associação Portuguesa de Escritores; em 1999 o Prémio de Poesia do P.E.N. Clube Português; em 2003 os Prémios de Poesia Evelyne Encelot, que distingue mulheres europeias, pelas suas obras nas áreas das artes ou das ciências, em França, e o Prémio Hannibal Lucic, na Croácia; em 2005 recebeu o Prémio de Consagração da Associação Portuguesa de Críticos Literários e a Medalha Woman of the Year, pelo American Biographical Institute of North Carolina. Em 2009 foi condecorada pela República Portuguesa como Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.

DESENHAR É FALAR COM O SILÊNCIO é a primeira exposição individual de Ana Hatherly em Espanha (e a terceira fora de Portugal, depois das exposições no Centre Culturel Calouste Gulbenkian, em Paris, 2005, e no Museo de las Artes de la Universidad de Guadalajara, no México, 2019), e apresenta um conjunto de obras representativo dos diferentes percursos estéticos da autora, cuja produção é experimentalmente ousada e transgressora, sobretudo a realizada antes de 1974, durante o período da ditadura em Portugal.

Estão patentes desenhos, caligrafias, colagens e pinturas sobre papel e tela, de diferentes décadas, incluindo 3 colagens inconclusas que remetem para a série “As Ruas de Lisboa”, e que se podem considerar como um “work in progress”. Inclui caligrafias com conotações poéticas que constituem, porventura, a faceta mais conhecida da sua obra plástica, passando pelos anos 90 com uma renovada expressividade pictórica e onde a força do cromatismo é mais evidente, até aos anos 2000, sobretudo a sua última fase, com um conjunto de obras denominado genericamente de “Neograffitis”, dos quais temos alguns objetos em vidro acrílico e um conjunto de serigrafias que configuram uma pequena instalação.

São apresentadas ainda duas obras realizadas em vidro acrílico, intituladas “Floresta de Outono” e “Floresta de Inverno” (2017), a partir de um projeto de 1957.

Outro trabalho executado a partir de um original de Ana Hatherly, é a pintura sobre tela, que reproduz em grande formato um desenho de pequenas dimensões (12,4x17,9 cm), de 1996/1997, da série “Viagem à Índia” que é igualmente exposto, formando um conjunto indivisível, e que revela as imensas potencialidades de muitas criações da autora quando projetadas em grande escala, salientando pormenores que muitas vezes acabam por passar despercebidos.

O “Poema 1” (1959-64), publicado no livro “Um Calculador de Improbabilidades” (2001), é agora reproduzido numa tela plástica de grandes dimensões, e é apresentada toda a série de visuais que constituem o livro “Volúpsia” (1994), assim como os poemas que os acompanham. E ainda dois desenhos da série “Alfabeto Estrutural”, realizados nos anos 60, que são expostos pela primeira vez.

Ana Hatherly realizou algumas intervenções, a mais significativa das quais foi a performance “Rotura” (Galeria Quadrum, Lisboa, 1977), revelando a diversidade de expressões formais, técnicas e de suportes que utilizou ao longo de mais de 40 anos de atividade.

Gostava de trabalhar por séries, explorando as possibilidades que cada uma lhe proporcionava e, nesse sentido, poder-se-á considerar que cada obra exposta representa um indício para a descoberta de um conjunto de trabalhos que essa obra invoca. Embora uma parte substancial da sua produção visual esteja diretamente ligada à palavra e aos signos gráficos, realizou pinturas onde as cores e as tonalidades se revelam como um fator de exploração primordial, de que a série “Viagem à Índia e outros percursos”, apresentada no Museu do Chiado, em Lisboa (1997), é um exemplo.

Não existindo uma unidade formal ou estilística nesta retrospetiva procurou-se, através da diversidade das obras, exemplificar uma inquietação própria da inventividade da autora, que optou por uma intransigente liberdade expressiva e uma libertadora irreverência criativa, deixando a imaginação invadir os suportes, normalmente simples, onde executava as suas obras, e cuja linha de procedimento se situava numa fronteira de indefinição entre a escrita e a visualidade, elegendo espaços de provocação e de experimentação, uma das características enquanto precursora da poesia experimental em Portugal e também enquanto reconhecida artista plástica.

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