Notícias
Arroz Estúdios. Lisboa já tem cinema ao ar livre
Aproveitar os espaços ao ar livre, recuperar o romantismo de outros tempos e garantir um ambiente seguro para ver cinema. Ao mesmo tempo que se apoia ações culturais. É este o mote do Black Cat Cinema.
De Inglaterra para o Nepal e do Nepal para Lisboa. Este foi o trajeto de Daniel Evans, sole trader e mentor do projeto Black Cat Cinema. A ideia surgiu quando estava a fazer voluntariado no Nepal, mais precisamente num mosteiro budista em Catmandu, em 2014. Ali fez a primeira experiência de cinema ao ar livre, mas a ideia foi sempre a de trazer este conceito para a Europa. E Portugal esteve sempre na sua mente.
Vai daí resolveu vir até Portugal, no ano passado, para verificar se a imagem que tinha do nosso país era a mesma de quando o visitou, de férias, em criança. A expectativa superou as recordações e rapidamente uma "simples" viagem tornou-se no desejo de ficar e fazer algo. Logo pôs as mãos à obra.
O bom tempo, as restrições da pandemia e o gosto pelo cinema foram determinantes. Inicialmente ainda equacionou o Porto e o Algarve. Mas, Daniel confessa que é um apaixonado por Lisboa. Em parte, por ser uma capital europeia e, mesmo assim, ter a familiaridade de uma cidade pequena, em que as pessoas se conhecem.
Através de recomendações de amigos e conhecidos conheceu vários espaços em Lisboa. Até que chegou à Arroz Estúdios. Uma associação sem fins lucrativos, com sede no Beato e que tem como objetivo "fornecer um espaço de crescimento artístico onde se realizem eventos culturais e contribuir para o rápido desenvolvimento de Lisboa, de forma criativa e multicultural".
Assim, o cinema ao ar livre, organizado pelo Black Cat Cinema decorre nas instalações da Arroz Estúdios. Para se assistir a uma das sessões - os bilhetes têm um custo de seis a sete euros - é preciso aderir à Associação (são três euros por ano), já que a entrada no local é restrita a membros.
Ao aderir à iniciativa as pessoas podem não só passar um bom bocado - para Daniel é a forma mais bonita de ver um filme -, com o ambiente a contribuir para a experiência, como, ao mesmo tempo, contribuem para o fomento da cultura já que o valor dos bilhetes vai, na totalidade, para a associação. A ideia é, também, levar novos membros para a associação e, com isso, ajudar a divulgar as outras atividades da Arroz Estúdios e o trabalho dos artistas residentes.
Além disso, as pessoas podem aproveitar, ir mais cedo, e usufruir do espaço para petiscar e/ou jantar, dado que a associação tem, igualmente, um bar onde disponibiliza uma "pizza matadora".
Os filmes, escolhidos a dedo por Daniel, procuram agradar a vários tipos de públicos, e começam, invariavelmente, às 21.00. Once Upon a Time in Hollywood, Trainspotting, Parasite e Her são alguns dos títulos em cartaz este mês.
No que concerne a uma iniciativa destas, e a todas as licenças envolvidas, Daniel Evans não tem razões de queixas. Segundo ele as entidades oficiais foram muito prestáveis e ajudaram a levar o projeto a bom porto num curto espaço de tempo.
Esta é uma forma divertida e segura (o espaço, com as restrições atuais, comporta 120 pessoas) de ver cinema.
Futuramente, a ambição é, por um lado, continuar com as sessões de cinema no espaço atual, mas também encontrar outros lugares onde realizar a iniciativa. Sejam ou não em Lisboa. E, com isso, apresentar mais diversidade aos "clientes".
por Alexandra Costa, in Diário de Notícias | 27 de agosto de 2021
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Diário de Notícias