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Cine-Caravana, a nova "marca" do cinema português
Uma digressão de cinema português em 27 cidades portuguesas. A Cine-Caravana é um presente de verão para promover o nosso cinema ao ar livre. Já está aí na estrada e termina em Lisboa a 15 de setembro. Sempre às 20h30 e com bilhetes grátis.
Vinte sete cidades em 18 distritos ou a volta a Portugal em cinema. Cinema português, apenas. É esse o mote da Cine-Caravana, iniciativa que começou na semana passada e que até 15 de setembro dá a ver em todo o país a diversidade do nosso cinema em sessões gratuitas ao ar livre. Cada cidade, um filme, com algumas sessões a contar com a presença de cineastas e atores. Uma festa que está a ter uma adesão tremenda e que visa promover o ato de vermos cinema em coletivo e com distância recomendável.
Filmes imperdíveis de Manoel de Oliveira, Fernando Lopes, Rita Nunes, Jorge Cramez, José Fonseca e Costa ou João César Monteiro são projetados com o apoio do Ministério da Cultura, do ICA e dos CTT em locais como praças e jardins. À frente desta iniciativa duas programadoras com experiência em cinema móvel, Vanessa Alvarez e Julita Santos. "A Cine-Caravana é a concretização de uma vontade de sempre - da Vanessa e minha que trabalhamos em cinema há quase duas décadas - de se promover o cinema itinerante, criar uma alternativa complementar às salas, apostar na formação de públicos, chegar a várias regiões do país com uma oferta cultural diferente, móvel, para todos os públicos. A pandemia veio potenciar a materialização da iniciativa e chamar a atenção para a necessidade de reinventarmos a forma como consumimos cultura e como poderemos assegurar a circulação da cultura quando a das pessoas se torna impossível ou mais restrita. Com a Cine-Caravana vamos nós até às populações e num formato que permite a organização do evento com todas as condições de segurança", salienta Julita.
E é na mistura que pode estar o ganho. Quem seguir o rasto da caravana pode encontrar propostas como Singularidades de Uma Rapariga Loura, de Manoel de Oliveira, mas também divertimentos puros como O Pátio das Cantigas, de Leonel Vieira. Contrastes que ajudam a derrubar a ideia feita e errada de que o cinema português é uma massa sempre uniforme.
Nos próximos dias, o destaque vai para o subtil Ramiro, de Manuel Mozos, dia 5 em Sernancelhe, e Variações, de João Maia, dia 6 em Santa Maria da Feira, provavelmente o melhor biopic do cinema português. Nesta ideia de seleção de filmes expõe-se um desejo de consagrar sucessos mas também recuperar filmes maltratados pela distribuição. No site dos CTT toda a programação vai sendo atualizada e em breve será divulgado o dia para o curioso Linhas Tortas, de Rita Nunes, entretanto adiado em Foz Coa devido a um surto do vírus.
Sobre as condições desta sala que desfila em formato de tour, Julita Santos garante qualidade: "Trata-se de uma sala de cinema móvel. Transporta um ecrã de alto rendimento e a projeção é em full HD. O ecrã é insuflável de cinco metros, levamos projetor, sistema de som e plateia pop up (entre 50 e 200 pessoas sentadas). Tudo com um equipamento ágil que se instala e desinstala em trinta minutos em qualquer praça sem interferir com a organização dos espaços ou com o património e preparada para garantir um evento organizado com todas as condições de segurança". Não equacionámos o drive-in porque neste caso a iniciativa pretendia-se mais intimista."
Dia 15 de setembro, em Lisboa, a organização promete uma sessão de encerramento com retrospetiva da digressão e a promessa de muitos convidados.
"Muitas das cidades congratularam-nos por termos a coragem de exibir cinema português e não cedermos à habitual passagem de blockbusters americanos", revela ainda a organizadora. Afinal, não é só Bem Bom, com 50 mil espectadores a ser o único fenómeno do cinema português neste verão... Já agora, dia 11 de setembro Portimão recebe as Doce nesse tal filme de Patrícia Sequeira.
por Rui Pedro Tendinha in Diário de Notícias | 3 de agosto de 2021
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Diário de Notícias