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Ernesto Pais de Almeida doa 35 obras ao Museu Nacional Grão Vasco
O Museu Nacional Grão Vasco recebeu, recentemente, a doação de 35 obras, 33 pinturas, uma escultura e uma peça de ourivesaria em prata dourada.
O espólio, designado "Fio invisível", foi doado pelo jurista Ernesto Pais de Almeida, um ilustre viseense que quis retribuir à cidade a sua formação.
Das peças objeto da doação, salienta-se a qualidade artística e estéticas das obras, produzidas por pintores holandeses, franceses e alemães, destacando-se o atelier de Peter Paul Rubens (séc. XVII) e pintores como Tobias Verhaecht (1561-1631), Jacob Fransz van der Merck (1610-1664) e Paul Landon (1761-1826), entre outros representados em importantes museus europeus. Os exemplares de pintura portuguesa merecem também destaque, dado poderem atribuir-se, ainda que provisoriamente, a André Reinoso e a Diogo Contreiras. As obras agrupam-se principalmente em pintura de paisagem e pintura de temática religiosa, assim como pintura mitológica e de retrato.
O jurista Ernesto Pais de Almeida nasceu em Viseu e quis retribuir à cidade a sua formação, por isso, entregou 35 obras da sua coleção de arte ao Museu Nacional Grão Vasco, local onde aprendeu a gostar de pintura.
“Não é uma doação, porque doação pressupõe doar algo sem receber nada em troca e eu estou a retribuir à cidade tudo o que ela me deu e tudo o que fez por mim na minha formação e no homem que hoje sou”, justificou Ernesto Pais de Almeida que assinalou a apresentação da sua coleção, no Museu Nacional Grão Vasco.
Atualmente com 84 anos, o advogado saiu de Viseu aos 19 e não voltou a morar na cidade que o viu nascer e crescer, apesar de “nunca esquecer tudo” o que ali viveu e aprendeu, e onde tem as suas “maiores referências” no desenvolvimento humano.
Na atual Escola Secundária Alves Martins, antigo Liceu Nacional, onde estudou, teve três professores – um deles de desenho – que foram “a maior referência nos valores adquiridos” na sua vida, e que partilhou com os seus oito filhos.
“Nos poucos meses que nos deu aulas, foi o professor de desenho que me ensinou a ler um quadro, ao dizer que, para isso, era preciso olhá-lo com tempo para que ele nos transmitisse o que tinha para dizer, quer pelas suas cores, que mais não são que um leque de emoções, quer pelo desenho. Os quadros falam connosco”, acrescentou Ernesto Pais de Almeida.
Depois disto, recordou o pai que o levou ao Museu Grão Vasco onde conheceu “o (guia) senhor Figueiras que tinha a figura do rei Dom Carlos e que, religiosamente, aos domingos, no fim da missa, ao longo de três anos, foi um verdadeiro professor” de arte.
“Fio invisível” acabou por ser o nome dado a este espólio que Ernesto Pais de Almeida doou e que o acompanhou ao longo de “mais de 40 anos de vida”, composto por este conjunto de obras que, no seu entender, “era impensável que se separassem.
O Museu Nacional Grão Vasco (MNGV) recebeu a doação de 35 obras, tratando-se de um conjunto de obras nacionais e estrangeiras, sobretudo dos séculos XVII e XVIII.
A informação do museu refere que a coleção tem como “núcleos mais expressivos” a pintura de paisagem e temática religiosa, embora possua igualmente exemplares de pintura mitológica, natureza-morta e retrato.
Destacam-se peças provenientes do atelier de Peter Paul Rubens e de pintores como Tobias Verhaecht, Paul Landon e Jacob Fransz van der Merck.
As duas pinturas portuguesas do acervo estão provisoriamente atribuídas a André Reinoso e Diogo de Contreiras.