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Pedro Almodóvar abre Festival de Veneza com Madres Paralelas, com Penélope Cruz e “mães imperfeitas”

“Como narrador, neste momento inspiram-me mais as mães imperfeitas”, diz o realizador espanhol sobre o filme cuja rodagem terminou há semanas.

"Madres Paralelas" El Deseo


A organização do Festival de Veneza anunciou que o seu filme de abertura será o novo projeto do espanhol Pedro Almodóvar, Madres Paralelas, um filme rodado durante a pandemia e que o reúne novamente a Penélope Cruz.

O filme, que sucede à curta-metragem A Voz Humana em Veneza e no currículo do realizador, estreia-se a 1 de Setembro no conceituado festival europeu. Além de Penélope Cruz, o filme conta com Aitana Sánchez Gijón (Volaverunt) e Milena Smit. As três mulheres são as mães no centro do filme, mães imperfeitas segundo a descrição do autor, cujo trabalho sobre mulheres é famoso e sobre a maternidade, em particular, o levou a fazer Tudo Sobre a Minha Mãe ou o autobiográfico Dor e Glória. Outra mulher Almodóvar, Rossy De Palma, está também no elenco de um filme desencadeado após o encontro de duas mulheres solteiras que engravidaram sem o planear e que coincidem no hospital para os partos. Separam-nas a idade — uma adolescente, uma mulher de meia-idade — e o sentimento — uma aterrorizada, a outra feliz.

“Com Madres Paralelas volto ao universo feminino, à maternidade, à família. Falo da importância dos ancestrais e dos descendentes. A presença inevitável da memória. Há muitas mães na minha filmografia, as que fazem parte dessa história são muito diferentes. Como narrador, neste momento inspiram-me mais as mães imperfeitas”, disse quando da apresentação do filme, citado pelo diário espanhol El País. Madres Paralelas tem a particularidade de ter sido rodado em plena vaga da pandemia, dez semanas de filmagens que só terminaram em maio. O filme tem estreia comercial a 10 de setembro em Espanha, um dia antes do final do Festival de Veneza.

Momentos venezianos

Além de ter honras de filme de abertura, o filme estará na competição oficial da 78.ª edição do festival onde estarão também Duna, de Dennis Villeneuve, ou Halloween Kills, de David Gordon Green e cuja estrela, Jamie Lee Curtis, a final girl original, será homenageada com o Leão de Ouro de Carreira. Almodóvar, em 2019, recebeu o mesmo prémio. Mas na nota que anuncia as honras de filme de abertura dadas ao seu próximo filme, recorda outro momento veneziano na sua vida. “Nasci como realizador em Veneza em 1983. Na secção Mezzogiorno Mezzanotte. Trinta e oito anos mais tarde sou chamado a abrir o festival. Não consigo explicar a alegria e a honra e quanto isto significa para mim sem cair na complacência”, diz.

O diretor do festival, Alberto Barbera, não consegue evitar recordar o sucesso de Mulheres à Beira de Um Ataque de Nervos ao devolver galhardetes a Almodóvar nesta troca em comunicado de imprensa e garantir que “o privilégio de [ter o seu novo filme] abrir o festival” é todo seu. Trata-se de “um retrato intenso e sensível de duas mulheres que lidam com uma gravidez com consequências imprevisíveis, com a solidariedade entre mulheres e com a sexualidade experimentada em total liberdade e sem hipocrisia, tudo tendo em pano de fundo um reflexo da necessidade inelutável pela verdade que deve ser perseguida sem cedências”. O realizador sul-coreano Bong Joon Ho (Parasitas) preside ao júri do 78.º Festival Internacional de Cinema de Veneza que, conta a revista Variety, poderá ainda receber The Power of the Dog, de Jane Campion (e com Benedict Cumberbatch, Kirsten Dunst e Jesse Plemons), È Stata la Mano di Dio, de Paolo Sorrentino (e ambos filmes Netflix, aos quais Veneza historicamente não fecha à porta ao contrário da política mais protecionista de Cannes) e a incursão de Pablo Larraín pelo mundo da realeza britânica com Spencer, sobre Diana de Gales.


por Joana Amaral Cardoso in Público | 19 de julho de 2021
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Público

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