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Instituto Moreira Salles revela gravações inéditas de João Gilberto

Na rádio online do instituto brasileiro podem agora ouvir-se 36 canções, 19 das quais nunca gravadas em disco, que o músico interpretou e registou em casa de um amigo no início da sua carreira.


Uma série de canções do músico brasileiro João Gilberto, entre as quais cerca de 20 inéditas, foram disponibilizadas online pelo Instituto Moreira Salles (IMS), no Brasil, para assinalar o 90.º aniversário de um dos fundadores da bossa nova.

As canções, que podem ser escutadas na página oficial do IMS, foram interpretadas e gravadas em 1959 e 1960, no começo da carreira de João Gilberto, em tertúlias em casa de um amigo, o jurista, músico e cronista Carlos Coqueijo Costa (1924-1988), em São Salvador.

“João ficou à vontade para interpretar canções que já eram do seu repertório, outras que ainda incluiria em discos e 13 que jamais viria a gravar. Estas últimas são classificadas aqui como inéditas”, afirma, sobre a sessão de Setembro de 1959, o Instituto Moreira Salles, cuja direção artística é do curador português João Fernandes.

Às gravações desta sessão, com um total de 25 canções, juntam-se as de uma segunda sessão, realizada em Novembro de 1960, também em casa de Carlos Coqueijo Costa, com mais 11 canções, das quais seis “nunca entraram na discografia” do músico, esclarece o instituto.

É a primeira vez que são tornadas públicas estas gravações que a viúva de Carlos Coqueijo Costa, Aydil, passou para cassetes e mais tarde mandou digitalizar, tendo cedido uma cópia à investigadora Edinha Diniz, que cedeu os ficheiros áudio à Rádio Batuta, a rádioonline do IMS. “João Gilberto interpretou na casa do amigo Carlos Coqueijo, em Salvador, músicas que se tornariam inesquecíveis na sua voz, mas que ele ainda não gravara em disco. São os casos de Saudade da Bahia e O samba da minha terra", exemplifica o instituto.

Na Rádio Batuta é possível ouvir, por exemplo, uma interpretação de Doralice apenas com o assobio afinado de João Gilberto, ou uma versão de Cheek to cheek, com Astrid Gilberto, além de O samba da minha terra, Manhã de Carnaval e Eu sei que vou te amar.

Ao todo são 36 gravações, 19 das quais inéditas, agora disponibilizadas com a autorização dos herdeiros de João Gilberto, mediante a condição de não serem comercializadas.

A estes registos feitos em Setembro de 1959 e em Novembro do ano seguinte em casa de Carlos Coqueijo Costa – co-autor de É preciso perdoar, samba que João Gilberto incluiu em três discos, Coqueijo foi um prestigiado jurista, mas também músico e amigo de artistas –, junta-se ainda uma atuação de João Gilberto e Vinicius de Moraes, gravada em Outubro de 1960 em São Salvador, na Associação Atlética da Bahia.

A divulgação destas gravações vem recordar João Gilberto quando se assinalam os 90 anos do seu nascimento, a 10 de junho de 1932. O músico, que morreu a 6 de julho de 2019, é considerado, com António Carlos Jobim, Vinícius de Moraes e outros jovens cantores e compositores do Rio de Janeiro, um dos fundadores da bossa nova, um estilo musical derivado do samba e com influências do jazz.

Chega de Saudade
, o primeiro álbum de João Gilberto, foi lançado em março de 1959 e é considerado por muitos o marco inicial da bossa nova, abrindo caminho para um novo estilo, fazendo uso apenas da voz e do violão.


por Lusa e Público | 9 de junho de 2021
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Público

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