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"Cultura Entre Pontes": Um projeto que inova e une

Entre torres medievais, pelourinhos ou dólmens, rede cultural irá dar nova vida ao património material e imaterial dos territórios.


Acaba de ser lançada uma ação inédita entre os Municípios de Sever do Vouga, Oliveira de Frades, São Pedro do Sul e Vouzela no propósito de se unirem numa verdadeira rede cultural, histórica e social, para o desenvolvimento de novas iniciativas artísticas e culturais. Chama-se “Cultura Entre Pontes” e visa capacitar não só as associações culturais e artísticas destes Municípios, mas também fortalecer ‘novas’ pontes de contacto e colaboração futuras. O trabalho com as associações culturais e com a comunidade é o âmago do projeto.

No canto polifónico serão criados grupos de canto locais nos territórios, criadas nova cantadas e promovidos espetáculos com a participação dos grupos locais. Já no teatro serão criadas visitas encenadas em locais de elevado valor patrimonial para visitação e promoção dos territórios, em articulação com associações culturais. Mas há muito mais, desde uma mostra sobre o emblemático canto polifónico, um roteiro turístico e cultural pelos 4 municípios com recurso a vídeo mapping e até uma mítica caderneta de cromos.

O projeto “Cultura Entre Pontes” tem um propósito claro de, não só juntar o melhor da cultura e da força das comunidades dos Municípios de Sever do Vouga, Oliveira de Frades, São Pedro do Sul e Vouzela, mas também de capacitar as associações locais para que garantam a continuidade de novas propostas artísticas e culturais que congreguem a valorização do património material e imaterial locais.

Esta rede supramunicipal (que une Municípios de duas sub-regiões diferentes - Viseu Dão Lafões e a de Aveiro) pretende que as entidades envolvidas passem a ganhar escala e partilhem uma visão comum na superação dos desafios de captação de novos públicos e visitantes, que são tão importantes para reverter as quebras das dinâmicas económicas e culturais provocadas pela pandemia de Covid-19.

“Cultura Entre Pontes” é, assim, um projeto agregador que fala de proximidade, de ligação, de união. Foram aliás estas premissas que levaram a erigir esta pioneira rede cultural, com base no desenvolvimento de um programa de ação inovador, integrador e de “amor sincero ao povo”, utilizando a expressão de Michel Giacometti, reconhecido etnomusicólogo francês que desenvolveu no território um trabalho único na preservação e valorização do património imaterial associado ao canto polifónico.

O Projeto “Cultura Entre Redes” agora lançado, tem assente duas Ações cimeiras.


1. Novas polifonias: Um novo percurso pelas pontes do Canto Polifónico Tradicional

Esta ação irá juntar as diferentes gerações e partilhar as canções do antigamente com as ‘roupagens’ dos novos tempos. Mais do que uma iniciativa artística, patrimonial, cultural e turística, esta é também uma iniciativa social. Pretende-se incentivar e integrar os jovens na identidade e no contexto artístico e cultural dos territórios, ao mesmo tempo que se valoriza a troca de experiências com a população mais idosa e se contribui para a evolução dos grupos tradicionais, para a promoção e empoderamento das mulheres, que das suas vozes se tornam nas grandes guardiãs da nossa herança coletiva.

• Oficina Canto Polifónico Feminino

A oficina “Canto Polifónico Feminino” tem como objetivo reinterpretar o cancioneiro tradicional do território articulado com as novas sonoridades e formas de apresentação. Consiste no ensino e disseminação da prática do canto a 3 vozes junto da população mais jovem que, na sua maioria, não a detém. Para isso, serão recuperadas e transcritas para pauta, 10 destas cantadas a partir do património musical polifónico dos 4 Municípios.

Em termos práticos, em cada Município será constituído um grupo de 10 mulheres locais, com ou sem experiência prévia, 70% das participantes devem ser jovens. Este aspeto é determinante considerando o envelhecimento associado às detentoras desta tradição, e consequente necessidade de renovação da geração de praticantes.

O ponto de partida será uma call pública lançada à comunidade com o objetivo de encontrar cantoras. A seleção será da responsabilidade do diretor artístico Paulo Pereira e, em cada Município, as oficinas serão dinamizadas por uma cantora profissional. Assim, em Sever do Vouga a responsável é Carmina Repas Gonçalves, em Vouzela é Joana Negrão, em Oliveira de Frades é Celina da Piedade, e em São Pedro do Sul é Teresa Campos.

As oficinas devem acontecer entre maio e agosto de 2021, uma vez que os espetáculos estão calendarizados para as seguintes datas: 21 de agosto em Sever do Vouga, 22 de agosto em Vouzela, 11 de setembro em Oliveira de Frades e 12 de setembro em São Pedro do Sul.

Aos espetáculos juntam-se duas associações locais de cada Município. Cada uma, com base no património recolhido por Giacometti, vão apresentar cerca de 3 cantadas. Os espaços de apresentação escolhidos são ao ar livre e de elevado valor patrimonial, desde moinhos, pelourinhos, eiras, dolmens, museus, parques, igrejas, bibliotecas ou torres medievais. 

• Oficina As Pontes Entre Nós

Será um espaço de partilha que irá juntar pessoas com conhecimentos musicais para a criação de 8 novas criações do património polifónico para, posteriormente, serem apresentadas ao público. As novas cantadas, compostas por 4 músicos profissionais (Vasco Ribeiro Casais, TóZé Bexiga, Joaquim Branco e Paulo Pereira), serão inspiradas nas técnicas tradicionais e criadas com a liberdade criativa de cada músico (cada músico irá compor 2 cantadas). Relativamente à letra, esta deve espelhar a temática das pontes que unem aldeias, Municípios e povos, e ter por base poemas de poetisas portuguesas (como Natália Correia, Florbela Espanca, Sophia de Mello Breyner, Maria Teresa Horta, etc.). Em cada Município, as oficinas serão dinamizadas por uma cantora profissional, sendo que em Sever do Vouga a responsável é Carmina Repas Gonçalves, em Vouzela é Joana Negrão, em Oliveira de Frades é Celina da Piedade, e em São Pedro do Sul é Teresa Campos.

As oficinas e os espetáculos irão acontecer em 2022, em data a definir.

• Exposição “O canto polifónico: um percurso pelas pontes entre o tradicional e o contemporâneo”

Esta exposição fotográfica temporária estará devidamente interligada com os espetáculos realizados nas iniciativas anteriores. A mostra será composta pelo espólio fotográfico de Michel Giacometti presente nos Museus de Cascais e Setúbal e também do etnomusicólogo Armando Leça. Adicionalmente será realizada uma recolha durante as oficinas “As Pontes Entre Nós” e “Canto Polifónico Feminino” de forma a existir uma conjugação entre o tradicional e o contemporâneo: essência e identidade desta ação.

2. Às voltas pelas pontes da nossa história


• Visitas Encenadas "Às voltas com a História"

Palmilhar os concelhos de Sever do Vouga, Oliveira de Frades, São Pedro do Sul e Vouzela é perder-se por paisagens únicas. Esta ação vai levar os visitantes à descoberta da história, estórias e nas vivências ancestrais da comunidade. As associações culturais do território vão criar um total de 32 visitas encenadas originais. A criação artística terá como base um roteiro turístico-cultural que agregue locais dos 4 concelhos. As associações teatrais locais serão capacitadas, por forma a terem o know-how para dinamização de visitas encenadas.

Por forma a promover a itinerância dos visitantes, este roteiro irá assim agregar todos os pontos, onde o megalitismo e o património industrial (mineiro, ferroviário, etc.) estarão presentes, criando uma história e um percurso com milhares de anos e que permite a quem o experienciar, conhecer o legado deixado pelos nossos antepassados desde o neolítico (5.000 anos AC) até aos dias de hoje.

• Património com Vida

Esta iniciativa prevê ainda a exibição do roteiro turístico-cultural "Às voltas com a História", com recurso a técnicas de video mapping.

• Caderneta "Às voltas com a História"

Às voltas com a história é mais uma das iniciativas do projeto que quer criar uma caderneta de cromos. Esta iniciativa pretende de forma original e dinâmica aproximar o património dos visitantes, indo ao encontro da essência do projeto que passa por criar pontes entre o tradicional e o contemporâneo.

A mítica caderneta de cromos pretende assim influenciar a comunidade e o público, em especial famílias com filhos em idade escolar, a visitar e a conhecer a história milenar do património do território da Rede Cultura Entre Pontes. Por cada visita a um equipamento, museu ou património municipal será atribuído um selo. O objetivo será chegar ao fim da caderneta e, consequentemente, incentivar cada ‘explorador/visitante’ a visitar o património cultura.

Cultura Entre Pontes é um projeto cofinanciado pelo Centro 2020, Portugal 2020 União Europeia através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional.

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