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Museu Nacional Soares dos Reis reabre revelando peças do seu depósito raramente vistas

Depositorium… 1 é uma das três exposições que marcam o regresso da instituição à agenda cultural, juntamente com A Índia em Portugal e uma mostra evocativa de José Régio.

Obras de Júlio dos Reis Pereira, irmão de José Régio, na exposição [Re]Visitações à Torre de Marfim_José Coelho/Lusa


Passado mais de um ano sobre o encerramento, em março de 2020, para obras de remodelação, o Museu Nacional de Soares dos Reis (MNSR) reabriu ao público este sábado, com três exposições temporárias.

A Noite Europeia dos Museus, a que se junta, na terça-feira, 18, o Dia Internacional dos Museus, foi a ocasião escolhida pelo novo diretor do museu nacional portuense, António Ponte, para este regresso ao contacto com o público, que poderá agora ver no Palácio dos Carrancas as exposições Depositorium… 1, A Índia em Portugal — Um tempo de confluências artísticas e José Régio: [Re]visitações à Torre de Marfim. A nova “exposição de longa duração” está, por sua vez, anunciada para novembro.

Ainda sob a égide da Presidência Portuguesa da União Europeia (UE), e uma semana depois da realização da cimeira UE-Índia, a exposição A Índia em Portugal – Um tempo de confluências artísticas (que vai ficar patente até 30 de junho), apresenta cerca de sete dezenas de “peças historicamente relevantes, incluindo muitas de coleções particulares, algumas nunca antes vistas”, explica o comunicado do MNSR.

Móveis e objetos domésticos de luxo, produzidos na costa ocidental indiana, documentam a forma como a chegada dos portugueses à Índia permitiu criar, nos séculos XVI e XVII, novas vias de comércio transoceânico, “tornando possível a encomenda por parte dos europeus de objetos artísticos até então desconhecidos”.

Outra exposição a chegar agora ao Porto é José Régio: [Re]visitações à Torre de Marfim (até 1 de agosto). Trata-se de uma iniciativa das câmaras municipais de Vila do Conde e de Portalegre, duas terras intimamente ligadas à vida e obra do poeta, inaugurada em 2019 na passagem dos 50 anos sobre a sua morte. “Desenhos de cariz intimista, referências do imaginário do poeta, fixados a tinta-da-china, aguada, lápis de cor e cera pigmentada, consolidando o risco prévio a grafite, marcam o manuscrito do autor, ora incluídos na tessitura do poema, ora antecipando-o ou sucedendo-o, materializando a impressão fugaz que lhe parecia escapar”, descreve o curador Rui Maia.

Obras raramente exibidas

Depositorium… 1 (até 31 de agosto) vai permitir aquilatar o que vai ser a orientação programática de António Ponte para o MNSR. Trata-se do primeiro ensaio do projeto de revelar obras da coleção do museu que se mantêm nas reservas e raramente são exibidas. Resultante de uma seleção feita “por toda a equipa” do museu, sublinha o comunicado divulgado pela instituição, Depositorium… 1 mostra 16 obras das coleções de cerâmica, escultura, ourivesaria, joalharia, pintura e têxteis, incluindo ainda o Album Phototypico e Descritivo das Obras de Soares dos Reis, pertencente à biblioteca daquele que foi o primeiro museu público de arte do país.

“O objetivo é, no futuro próximo e através de curadorias diversas, apresentar em próximas edições uma seleção feita por convidados de vários sectores da sociedade, com perspetivas e vivências diferenciadas”, acrescenta a direção do Soares dos Reis.

Para novembro ficará, pois, a apresentação da nova “exposição de longa duração”, que está atualmente a ser reformulada com a ajuda do comissário do Plano Nacional das Artes (PNA), Paulo Pires do Vale. Como António Ponte revelou à agência Lusa no início de maio, Vale “será consultor do museu na definição da exposição permanente, e a própria equipa do PNA estará muito próxima de todo o trabalho que vai ser feito na definição das estratégias, dos conceitos expositivos e dos modelos de comunicação”.

O novo diretor avança assim para aquela que será uma das linhas de rumo do seu mandato ao alterar o modelo tradicional da coleção permanente do museu, já que, como explicou ao PÚBLICO a poucos dias de tomar posse do cargo, considera que a terminologia “‘exposição permanente’ congela e trava muito a dinâmica dos museus”. Daí a sua opção pelo termo de “longa duração, que tem sempre a possibilidade de mudança cíclica”.


por Sérgio C. Andrade in Público | 15 de maio de 2021
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Público

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