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Jeff Koons em Dicionário de Artistas
À quarta-feira, o Centro Cultural de Belém disponibiliza nas suas plataformas digitais um texto inédito de Gonçalo M. Tavares sobre artistas contemporâneos, com leitura de Ana Zanatti.
Para ler em www.ccb.pt e ouvir no spotify do CCB.
(#32) Dicionário de Artistas
Cores, dedicado a Jeff Koons
Por Gonçalo M. Tavares
Tudo pode ser colocado num aquário e isolado do mundo, como se o mundo fosse interrompível e incluísse, nos seus elementos, o intervalo vazio.
Porém, o mundo não é um somatório de matérias: A+B+C. É uma coisa, sim, que foi lançada, empurrada. Tudo balança e nada é definitivo.
O somatório, pelo contrário, pressupõe estabilidade: o A é sempre A e o B sempre B; e a estabilidade pressupõe uma mentira ou uma cegueira. A matemática nasce disto: de uma mentira compacta que, por se repetir, estabilizou. Mas nem a matemática é estável nem o objecto da matemática é estável.
Claro que há ainda esculturas de cores fortes. Esculturas que se tornam fortes não pelo seu elemento base – a forma – mas pelo elemento base de uma outra arte: a pintura. Escultura de cores fortes e pintura de formas intensas. Eis uma troca benigna.
Os pontos de exclamação na existência nascem precisamente dos momentos em que se vê o já antes visto num outro sítio, num sítio errado. Eis uma metodologia que mistura o susto, o espanto e uma certa capacidade para desenvolver um erro até ao seu limite. Avancemos, pois.