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Lídia Jorge vence o Grande Prémio de Crónica e Dispersos Literários CM Loulé/APE
Um júri constituído por Carina Infante do Carmo, José Carlos Seabra Pereira e José Viale Moutinho decidiu, por unanimidade, atribuir o Grande Prémio de Literatura Crónica e Dispersos Literários Câmara Municipal de Loulé/Associação Portuguesa de Escritores ao livro Em Todos os Sentidos, de Lídia Jorge (D. Quixote).
Em Em Todos os Sentidos estão reunidas as quarenta e uma crónicas que Lídia Jorge leu, ao longo de um ano, aos microfones da rádio pública, Antena 2. São crónicas que encaram de frente a fúria do mundo contemporâneo, interpretando os seus desafios, perigos e simulacros com um olhar crítico acutilante. “Como não podemos vencer o Tempo, escrevemos textos que o desafiam a que chamamos crónicas.”, refere a escritora sobre o livro.
Na ata deste Grande Prémio de Literatura Crónica e Dispersos Literários pode ler-se: “Em Todos os Sentidos, de Lídia Jorge, mereceu o voto do júri por se tratar de um livro de mestria cronística. Do conjunto de textos resulta uma obra bem afeiçoada e nela se evidenciam: a brevidade impressionista suscitada pela ocasião, pela atualidade que ganha fôlego reflexivo; uma arte bem temperada na composição e intencionalidade da crónica; e o poder de sugestão, inferência e alusão da escrita com laivos ficcionais e poéticos.”
O Grande Prémio de Crónica e Dispersos Literários, instituído pela Associação Portuguesa de Escritores com o patrocínio da Câmara Municipal de Loulé, destina-se a galardoar anualmente uma obra em português, de autor português, publicada em livro e em primeira edição em Portugal, no ano de 2020. Na presente edição, o valor monetário deste galardão para o autor distinguido é de € 12.000,00 (doze mil euros).
A cerimónia de entrega do prémio terá lugar no próximo dia 15 de maio, às 10h30 na sala da Assembleia Municipal, em Loulé, no âmbito da Semana do Município.
O Grande Prémio de Crónica e Dispersos Literários distinguiu já os autores José Tolentino Mendonça, Rui Cardoso Martins, Mário Cláudio, Pedro Mexia e Mário de Carvalho.
“É para nós uma honra que este ano o prémio seja atribuído à nossa querida conterrânea, Lídia Jorge. Uma figura incontornável das nossas letras, com uma obra largamente premiada à qual se junta este trabalho agora distinguido que reúne as crónicas com que nos deliciou ao longo de um ano, aos microfones da Antena 2, e que tão bem retratam também esta terra, com as suas tradições e as suas gentes. Parabéns, Lídia!”, refere o presidente da Autarquia de Loulé, Vítor Aleixo.
Sobre a autora
Lídia Jorge estreou-se com a publicação de O Dia dos Prodígios em 1980, um dos livros mais emblemáticos da literatura portuguesa pós-Revolução. Desde então tem publicado vários títulos nas áreas do romance, conto, ensaio e teatro. Em 1988, A Costa dos Murmúrios abriu-lhe as portas para o reconhecimento internacional, tendo sido posteriormente adaptado ao cinema por Margarida Cardoso. Entre muitos outros, são de realçar títulos como O Vale da Paixão, O Vento Assobiando nas Gruas (Grande Prémio de Romance de Novela APE), Combateremos a Sombra ou Os Memoráveis, obra que tem sido considerada como uma poderosa metáfora da deriva portuguesa das últimas décadas. Aos seus livros têm sido atribuídos os principais prémios nacionais, alguns deles pelo conjunto da obra, como o Prémio da Latinidade, o Grande Prémio da Sociedade Portuguesa de Autores - Millenium BCP, ou mais recentemente o Prémio Vergílio Ferreira de 2015. No estrangeiro, entre outros, Lídia Jorge venceu em 2006 a primeira edição do prestigiado prémio ALBATROS da Fundação Günter Grass e, em 2015, o Grande Prémio-Luso Espanhol de Cultura. (Fonte: D. Quixote)