Segundo o duo, este é um tema pessoal que nasce da análise de relações e vivências passadas, que fala de amor e de perdão mas também de auto-superação.

O mote do tema para o vídeo sugeriu-lhes um cenário gerido pelo conflito emocional entre duas pessoas, apesar do ponto de partida da letra se basear num processo de catarse de um conflito interno. O convite feito à Cátia foi natural, não só pela amizade e cumplicidade que existe entre os elementos dos dois projectos sadinos, mas também por, de alguma forma, sentirem que o tema também foi escrito para a sua voz.

A autora de Rua das Marimbas nº7, tem, segundo João Mota e Pedro Franco, o dom de tornar tudo o que canta em algo de muito pessoal, de pesar as palavras e usá-las como arma de arremesso, de uma forma irónica e profundamente emotiva, de uma forma que parece não ter sido dita ainda. Essa força, que pode ou não ser consciente, torna-a numa espécie de anti-heroína, de algo que vem para agitar consciências através da música. O casamento foi fácil. A voz da Cátia já lá estava, só faltava gravá-la.

Sérgio Mendes, que acompanha ambos os projectos desde a sua génese é, uma vez mais, o responsável pela produção. O guitarrista e produtor de A GAROTA NÃO produziu também vários trabalhos de UM CORPO ESTRANHO destacando-se HOMEM DELÍRIO, o último longa duração do duo que volta, desta forma, aos lançamentos com o selo da editora independente Malafamado Records.

O videoclip, produzido pelas produtoras SOUZA FILMES e GARAGEM, é da responsabilidade do realizador António Aleixo, vencedor de vários prémios nacionais e internacionais entre os quais um prémio Sophia em 2019.

FICHA TÉCNICA

Áudio

Música e Letra: Um Corpo Estranho

Convidada: A Garota Não

Mistura e Masterização: Sérgio Mendes

2021 Malafamado Records

Vídeo

Produzido por GARAGEM e SOUZA FILMES

Um Filme de António Aleixo

Fotografia de João Bernardo Souza

Primeiro Assistente de Câmara Lisa Persson

Gaffer e Grip João Bordeira

Com João Mota, Cátia Mazari Oliveira, Pedro Franco e Sérgio Mendes

Agradecimento Especial a Rita Batista, Marta e Nuno

LETRA

MAVORTE

(Um Corpo Estranho convida A Garota Não)

Nunca na puta da vida pensaste em mudar,

Porque não era amor,

Nem sequer era amor,

Mesmo de alma quebrada, de unhas gastas na pedra do tempo,

Não te serve o castigo nem te dobra a dentada da moral

Quem sabe assim, alguma luz ainda sobre no final?

Não sei expressar o que dói sendo que a tua partida é minha

Culpa. Era amor, só por amor te podia agarrar

Mesmo quando estás por perto faz-me falta a tua ausência

É amor, só por amor me prometi contrariar.

Nunca, na raiva, no grito, pensei em cair

Porque não era amor,

Nem sequer era amor.

Mesmo frio de desejo ou de boca em chama no teu corpo

Não me serve o silêncio e pouco mais retiro da partilha

E acho graça a qualquer luz ao vermos que o sol já não brilha.

Dei ouvidos a fantasmas, acreditei em visões

Por amor, só por amor fiz ressoar tambores de Mavorte

Contra mim mesmo actuei ao entrar no labirinto

do amor, só por amor não resisti à nossa sorte.

(Nunca na sombra, no abismo, na cisma,

Nunca na raiva, no dedo apontado

Nunca na espera, no peito fechado

Sempre na luz, no amor como prisma

Nunca na ponta da faca, da flecha

Nunca no prego, na cruz ou na lança

Nunca na morte, na desconfiança

Sempre na luz, no amor como brecha )

E se o amor não chega

Nada vai chegar