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Ilya Kabakov em Dicionário de Artistas
À quarta-feira, o Centro Cultural de Belém disponibiliza nas suas plataformas digitais um texto inédito de Gonçalo M. Tavares sobre artistas contemporâneos, com leitura de Ana Zanatti.
Para ler em www.ccb.pt e ouvir no spotify do CCB.
(#28) Dicionário de Artistas
Utopias, dedicado a Ilya Kabakov
Por Gonçalo M. Tavares
As ideias são gestos que ocorrem primeiro num sítio que ninguém vê, e depois saem, ou não, para a rua.
Tudo é veneno e tudo é medicamento. Trata-se no fundo de uma questão de tempo. Todas as matérias, apurando-se, dirigem-se para um destes dois destinos: veneno ou salvação.
Também assim com as ideias. Nenhuma ideia é neutra, tudo o que é iluminado será mais tarde aquilo que ilumina. Os elementos do mundo não desaparecem, escondem-se, desviam-se, suspendem-se; mas não desaparecem.
Kabakov coleccionou utopias que recolheu pela cidade. Como alguém que pede uma opinião política, Kabakov pediu uma opinião sobre a felicidade, sobre o modo de pôr a funcionar o progresso sentimental. Porém, a tecnologia amorosa continua a ser rudimentar. Amamos como na antiguidade clássica: isto é: começamos sempre com uma enorme esperança.