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Exposição: Vivian Maier, a ama que foi uma fotógrafa anónima da América
Até 18 de maio está patente no Centro Cultural de Cascais a exposição “Vivian Maier: Street Photographer”, que revela mais de uma centena de imagens captadas pela ama americana que nos tempos livres fotografou as ruas e gentes das cidades americanas.
No Centro Cultural de Cascais abriu, quase três meses depois do previsto, a exposição de fotografia de Vivian Maier. A mostra, que reúne o trabalho desta mulher, ama de profissão e fotografa nas horas vagas, esteve prevista para janeiro, mas o confinamento obrigou a um adiamento.
Agora e até 18 de maio poderá ver a obra de Vivian Maier, uma mulher que trabalhou durante mais de 40 anos como ama, em Chicago, e que nos seus tempos livres pegava na máquina fotográfica e percorria as ruas da cidade para captar cenas da vida quotidiana.
Segundo as palavras da curadora, Vivian Maier “era uma desconhecida, uma anónima, uma pessoa invisível na sociedade americana dos anos 50/60”.
Em entrevista ao Ensaio Geral da Renascença, Anne Morin explica que se sabe pouco porque é que esta mulher começou a fotografar.
De raízes francesas, Vivian Maier começou por usar uma máquina fotográfica da sua mãe, uma Kodak. Ela tinha uma “necessidade imperiosa de fotografar”, explica Anne Morin que acrescenta que Vivian fotografou “durante toda a sua vida, desde a década de 40 até aos finais dos anos 90” e deixou um arquivo de mais de 120 mil fotografias.
Em Cascais estão mais de uma centena dessas imagens que Vivian Maier captava como “um fantasma”, indica a curadora, que explica que ela “tinha essa atitude dos grandes fotógrafos, de se fundir na multidão e na cena que fotografava”.
No entanto, era difícil passar “despercebida”, já que Maier “tinha 1,80 de altura”. “Não era uma caçadora do instante decisivo, era alguém que sabia esperar, entrar na flutuação das ruas de Chicago ou Nova Iorque e captar o momento, um detalhe, a atitude”, sublinha Anne Morin.
O espólio de Vivian Maier foi descoberto em 2007 por John Maloof, que comprou em leilão o conteúdo de dois contentores de armazém e, de repente, se viu na posse de milhares de negativos, diapositivos e algumas fotografias impressas, bem como vídeos e gravações áudio.
Em Cascais no Centro da Fundação D. Luís I, a “exposição articula-se em torno dos grandes temas que Vivian Maier trabalhou ao longo da sua vida”, explica a curadora. Anne Morin indica que a mostra abre “com os retratos de rua, que eram o bloco forte do seu arquivo”.
Nas muitas imagens a preto-e-branco vemos “o teatro do quotidiano”, diz Morin, que explica que na exposição estão também, depois, “os retratos e autorretratos, a fotografia a cores e claro, o mundo da infância que preencheu toda a sua vida, já que Vivian Maier era ama”.
“Muitas vezes as crianças de quem cuidava eram os seus modelos e companheiros de brincadeira”, refere Anne Morin.
Na exposição está também outra parte importante do espólio, são “os filmes super 8, onde vemos as grandes coreografias humanas nas ruas de Chicago e Nova Iorque, as brincadeiras com as crianças”, indica a curadora da exposição.
Imagens captadas por Vivian Maier da vida americana são um testemunho da segunda metade do século XX. A maior parte das fotografias não chegaram se quer a ser reveladas pela ama americana.
por Maria João Costa in Renascença | 8 de abril de 2021
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Rádio Renascença