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Museu Tate Britain inaugura retrospetiva de Paula Rego no verão

A exposição, que estava inicialmente programada para abrir a 16 de junho, é promovida como a maior e mais abrangente retrospetiva da obra de Paula Rego, que estudou e vive no Reino Unido há várias décadas.

Paula Rego © Jorge Amaral


A pintora portuguesa Paula Rego vai estar em destaque este verão no museu Tate Britain, em Londres, que confirmou uma grande retrospetiva da obra entre 7 de julho e 24 de outubro, um mês depois do previsto.

O museu está atualmente encerrado devido às restrições decretadas pelo Governo para controlar a pandemia de covid-19, e o plano de desconfinamento só prevê a reabertura de espaços culturais em Inglaterra a partir de 17 de maio.

A exposição vai começar com uma seleção dos primeiros trabalhos de Rego raramente vistos, nos quais a artista explorou os próprios problemas pessoais, mas também questões sociais, como por exemplo "Interrogation", quadro pintado aos 15 anos de idade.

Nas pinturas, colagens e desenhos das décadas 1960 e 1970 é manifesta a oposição de Rego à ditadura portuguesa, usando uma variedade de fontes de inspiração, incluindo anúncios, caricaturas e notícias.

A partir da década de 1980, deixa as colagens e dedica-se à pintura, combinando memórias de infância com as experiências de mulher, esposa e amante.

A exposição vai incluir pinturas importantes daquele período, como quadros da emblemática série "The Vivian Girls" ou "The Policeman's Daughter", alguns dos quais são resultado da relação intensa de Rego com marido, o pintor Victor Willing, que sofreu de esclerose múltipla durante vários anos e morreu em 1988.

A exposição vai também mostrar gravuras de série "Nursery Rhymes" de 1989, na qual, segundo um comunicado do museu, "Rego explora a estranheza e a crueldade das tradicionais canções infantis britânicas", e grandes pastéis de óleo de figuras femininas solteiras dos anos 1990 a 2000, incluindo as séries "Mulher Cão" e "Aborto".

Também dos anos 2000, "Possessão" é uma série raramente exposta em público, mas que já passou pelo Museu de Serralves, e que junta a experiência pessoal de depressão e terapia de Rego com a inspiração em fotografias encenadas do século dezanove de mulheres diagnosticadas como sofrendo de "histeria".

Nascida em Lisboa, em 1935, Paula Rego deixou Portugal ainda adolescente, durante a ditadura de Salazar, para fazer os estudos na Slade School of Art, tornando-se na única artista mulher do grupo da Escola de Londres, distinguindo-se por uma obra fortemente figurativa e literária, considerada incisiva e singular pela crítica de arte.

Nessa época, a artista portuguesa conviveu com nomes de destaque da pintura como Francis Bacon, Lucian Freud, Frank Auerbach e David Hockney e conheceu o marido, o artista britânico Victor Willing (1928-1988).

Paula Rego foi distinguida em 2010 pela rainha Isabel II, com o grau de Dama Comandante da Ordem do Império Britânico, pela sua contribuição para as artes, e em 2004, foi elevada a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada de Portugal pelo Presidente Jorge Sampaio.


por Lusa e Diário de Notícias | 29 de março de 2021
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Diário de Notícias

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