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Porto Design Biennale apresenta França como país convidado
Virar o foco para a utilidade da prática do design, revelando a sua capacidade para questionar a realidade, desafiar a complexidade e propor conceitos e adaptações para um mundo mais próximo e justo: é esta a proposta curatorial da dupla Caroline Naphegyi e Sam Baron para a Porto Design Biennale 2021.
Os criadores integram o programa do país convidado, França, desenvolvido em parceria com o Institut français du Portugal e a Embaixada de França em Portugal. Articulada com o tema geral proposto por Alastair Fuad-Luke (Alter-Realidades: Desenhar o Presente), o programa pretende ser um espaço de diálogo aberto entre as comunidades artísticas portuguesas e francesas, os cidadãos de Porto e Matosinhos e todos os visitantes da PDB. Conectar e estar conectado, partilhar e trocar, ouvir e comunicar serão os polos que ambos pretendem unir através do que acreditam ser a capacidade do design para criar uma linguagem inclusiva.
Curadores, investigadores e criadores, Caroline Naphegyi e Sam Baron têm desenvolvido extenso trabalho na criação de pontes entre o design e outras disciplinas artísticas e académicas. Caroline Naphegyi foi, entre outros, curadora dos programas Lille Metropole 2020 - World Design Capital, integrou o elenco de programação da Lille 2004 - Capital Europeia da Cultura e presidiu ao centro cultural e multidisciplinar francês, Laboratory, que alia o trabalho de artistas e cientistas. É também fundadora da empresa Tomorrowland e da ONG Design for change. Sam Baron interessa-se em particular pela reinterpretação de métodos tradicionais de construção, trabalhando como designer independente, como consultor em empresas multinacionais e na direção de design do centro internacional de investigação Fabrica. Em 2010, foi apontado por Philippe Starck como um dos dez designers mais importantes para a próxima década. Para a Porto Design Biennale, Caroline Naphegyi e Sam Baron desenvolveram um programa que aponta à ação e intervenção no território, que convocará, através de um processo inspirado no modelo do ‘cadáver esquisito’, pensadores, designers, arquitetos e críticos de design franceses e portugueses.
De acordo com Christian Tison, Conselheiro de Cooperação e Ação Cultural da Embaixada de França em Portugal e Diretor do Institut français du Portugal , “a participação francesa na Porto Design Biennale está no centro da nossa estratégia de valorização deste setor em Portugal e de iniciar um diálogo entre os atores de ambos os países, no quadro de uma política de colaboração produtiva a longo prazo”. “Perante a pandemia de Covid e outras potenciais crises futuras, os designers são aliados preciosos para uma reflexão coletiva a fim de inventar alternativas de vida e usos adaptados a novas situações”, conclui.
A edição 2021 da Porto Design Biennale (PDB) é promovida pelos municípios de Porto e Matosinhos e organizada pela esad–idea, Investigação em Design e Arte, e ocupará as duas cidades entre 2 de junho e 25 de julho. O grande desafio do evento para este novo ano é o de convocar a sociedade, a academia, a indústria, as instituições e os agentes culturais para uma reflexão dinâmica sobre a construção de um futuro “glocalizado”.
TEXTO CURATORIAL CAROLINE NAPHEGYI E SAM BARON
A Porto Design Biennale convida a França para a sua segunda edição em 2021. A fim de melhor conceber o futuro, Alastair Fuad-Luke (GB), o Curador Geral da Bienal, propõe-se questionar o presente por forma a conceber alter-realidades desejáveis em torno de quatro grandes eixos: "alter-paisagens, alter-produção, alter-cuidado e alter-vivências".
Desenvolvido pela metrópole de Lille como parte da World Design Capital 2020, o programa POC - Proof Of Concepts é uma das fontes de inspiração da bienal mencionada pelo curador-geral. A meta deste programa era, de forma coletiva, experimentar o desenvolvimento do território da metrópole francesa, inventar novas formas de viver no mundo – mais sóbrias, mais sustentáveis, mais económicas na utilização de recursos naturais – concebendo, assim, um mundo mais justo.
O design contemporâneo já não se limita a ser um sistema de objetos funcionais desejáveis, mas adota uma postura crítica em relação ao mundo em que vivemos. Assim, parece-nos importante, num momento de incerteza como aquele em que estamos a evoluir, favorecer um design útil adaptado ao território, associando cidadãos e visitantes da bienal na implementação destas alter-realidades.
Desta forma, em vez de curar uma exposição sobre a cena do design francês e as suas possíveis relações com a indústria portuguesa, optámos por pôr em ação, ativar (em sentido ativista), um conjunto de situações em diálogo com os participantes da Bienal.
Para o fazer, e a fim de mostrar a capacidade do design para reunir, questionar e convocar imaginários, solicitámos a reação de pensadores, designers, arquitetos e críticos de design franceses e portugueses a um elemento: uma caixa composta por elementos heterogéneos recolhidos no Porto e destinada a estimular a curiosidade, reflexão e criatividade dos colaboradores.
O processo de conceção — implementado à maneira de um ‘cadáver esquisito’—, o material de investigação, as reflexões preliminares e as contribuições de cada um dos atores envolvidos no processo serão revelados no momento da bienal. O design como prática, linguagem e sistema de comunicação dará forma a estas ações - resultantes da análise das diferentes contribuições —, seja sob a forma de uma emissão radiofónica, um ponto de encontro na cidade, uma carta ou objeto recebido por correio, ou elementos visuais (cartazes de guerrilha, marcações de terreno, instalações ...) — todos eles canais que permitem ao público, quer residente local quer visitante estrangeiro, participar, à sua maneira, nestas propostas de alter-realidade no cruzamento das culturas portuguesa e francesa.
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