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Portugal faz-se representar na Bienal de Arquitetura de Veneza com uma exposição e nove debates
Calendário das sessões propostas pelo atelier depA começa já no dia 14 e vai até setembro, entre Veneza, Lisboa e Porto.
Confirmadas que se mantêm as datas da 17.ª edição da Bienal de Arquitetura de Veneza – que, depois de dois adiamentos, está agora apontada para decorrer entre 22 de maio e 21 de novembro –, o depA, atelier responsável pela representação portuguesa no evento, divulgou o calendário definitivo dos debates que vão acompanhar a exposição In Conflict.
Às seis sessões já anunciadas no passado mês de novembro, e resultantes da open call lançada pelo atelier portuense, a equipa formada pelos arquitetos Carlos Azevedo, João Crisóstomo e Luís Sobral acrescentou agora mais três debates com a sua própria curadoria, que decorrerão presencialmente em Veneza, Lisboa e Porto.
O primeiro trio de sessões vai realizar-se ainda antes da abertura oficial da bienal, e – a pensar no contexto de restrições que, em Itália como noutros países europeus, decorrem da pandemia da covid-19 – acontecerá online, em três domingos do corrente mês de março e de abril, sempre às 18h30.
No dia 14, a arquiteta e deputada Filipa Roseta, a arquiteta Inês Lobo, o geógrafo Luís Mendes e o vereador da Câmara Municipal de Lisboa Ricardo Veludo participam num debate sobre as estratégias futuras para a habitação na capital portuguesa. A sessão será organizada e moderada por Gennaro Giacalone, Margarida Leão & João Romão.
No dia 28, sob o mote Instant City, os arquitetos Manuel Herz e Maria Neto e o antropólogo Michel Agier vão explorar o papel da arquitetura nas construções de emergência para abrigar populações refugiadas. A moderação caberá a Bernardo Amaral e Carlos Machado e Moura.
O terceiro debate online acontecerá a 11 de abril: sob o título Lines of Violence, Patrícia Robalo dinamizará uma discussão sobre a produção do conflito na contemporaneidade, em que participam os arquitetos Aitor Varea Oro e Lígia Nunes, a programadora Ana Bigotte Vieira, a investigadora Helena Barbosa Amaro, o tradutor Nuno Leão e ainda Sandra Lang, construtora de violinos.
Será depois a 22 de maio, dia da inauguração oficial da 17.ª Bienal, que o Palácio Giustinian Lolin, sede da representação portuguesa, irá acolher a primeira das suas sessões presenciais: Ângela Ferreira, Gérard Lambert, Paulo Tavares e Rui Mendes, com moderação de Fernanda Fragateiro e Jorge Carvalho, abordam o tema No state council; um dia depois, intervêm Cátia Faria, Isabel Gutiérrez Sánchez, Mariana Pestana e o atelier espanhol Husos, com moderação dos espanhóis António Giráldez Lópes e Pablo Ibáñez Ferrera (Bartlebooth).
Em junho, o espaço de debate será o Palácio Sinel de Cordes, sob a chancela da Trienal de Arquitetura de Lisboa, com sessões nos dias 16 e 17. No primeiro, Álvaro Domingues, Helena Roseta, Joana Couceiro e Sónia Alves abordarão de novo o tema da habitação coletiva, com moderação de Samuel de Brito Gonçalves; Domestic matters é o mote da sessão seguinte, com representantes dos ateliers b+ (Alemanha) e Lacol (Espanha), e moderação de Anna Puigjaner e Moisés Puente.
Já depois do Verão, o programa In Conflict passa para o Porto, com o Mira Fórum a acolher duas novas sessões de debate, no fim-de-semana de 18 e 19 de setembro. “Descolonizar a cidade” é o desafio para a primeira, com a participação de Dori Nigro, Marta Lança e Paulo Moreira, e organização de Ana Jara e Miguel Cardina; finalmente, Ana Naomi de Sousa, José António Pinto e Marina Otero Verzier serão questionados por Francisco Calheiros e Maria Trabulo sobre os processos de luta dentro do conflito.
“O papel da arquitetura nas políticas de habitação e de construção de infra-estruturas, o desenho de práticas espaciais de cuidados e as questões domésticas contemporâneas, a descolonização das cidades e a arquitetura dos campos de refugiados são alguns dos temas que estarão em cima da mesa” nestes eventos, diz a equipa dos depA no comunicado em que apresenta o seu calendário.
In Conflict, recorde-se, é o tema da representação portuguesa, que terá como base uma exposição com “uma seleção de processos da arquitetura nacional no pós-25 de Abril [de 1974] pautados por um amplo debate público e pelo envolvimento dos poderes políticos, da imprensa e da sociedade civil”.
Já o mote genérico da bienal está sintetizado na pergunta do seu curador principal, Hashim A. Sarkis, Como vamos viver juntos? O arquiteto libanês e atual diretor da Escola de Arquitetura e Urbanismo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, citado no site da bienal veneziana, explicita-o assim: “O mundo está a colocar novos desafios à arquitetura. Estou ansioso por começar a trabalhar com os arquitetos de todo o mundo para pensarmos juntos como vamos enfrentá-los.”
Sobre a possibilidade de o atual calendário se cumprir efetivamente, neste contexto de pandemia prolongada, Carlos Azevedo diz ao PÚBLICO que a sua equipa tem estado em contacto com a organização da bienal e com os seus comissários. “Sabemos que ela se mantém marcada nas datas anunciadas no final do ano passado, e estamos a trabalhar para isso”, acrescenta o arquiteto.
por Sérgio C. Andrade in Público | 5 de março de 2021
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Público