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Continua a haver cultura – nos ecrãs da sua casa

As portas dos cinemas, dos museus e das salas de espectáculos voltaram a fechar-se. Mas muitas mantêm-se abertas online. Aqui ficam algumas sugestões, numa ronda não exaustiva pelas instituições do país.

As Três Irmãs, co-produção do Teatro Nacional São João com o Ensemble - Sociedade de Atores DR


“Atendendo à atual situação de crise e no quadro do esforço nacional de combate à pandemia, em articulação com as medidas do Governo e das autoridades de saúde, informamos que a nossa programação presencial se encontra suspensa, mas continuamos a encontrar-nos online”. Se este é o denominador comum das mensagens que podemos encontrar nos sites das principais instituições culturais do país agora que de novo foram obrigadas a fechar portas, há, contudo, quem aposte numa proclamação mais vinculativa: “Não há razão para ficarmos longe, quando estamos juntos nisto” – é assim que nos fala o GNRation, o centro de criação e performance em Braga que, sob o mote Cultura em casa, oferece ao visitante virtual um painel de propostas para estas (provavelmente longas) semanas de confinamento.

Da oferta on-line do GNRation constam a apresentação de concertos, encomendas visuais como as que foram feitas a Adriana Romero e Joana Patrão (Livro das transfigurações), e playlists sugeridas por artistas como Ricardo Dias Gomes, Andrea Belfi, Mariana Tengner Barros e The Legendary Tigerman, Três Tristes Tigres, Sensible Soccers ou, a jogar em casa, os Mão Morta. Mas há também documentários e media art, de criadores como Sonic Boom, Peter Burr ou Ryoichi Kurokawa.

Já o Teatro Municipal do Porto (TMP) viu o aniversário da sua sala mais central, o Rivoli, obscurecido pela pandemia. Mas se as velas dos 89 anos da histórica casa vão ter de ser sopradas à distância, entre os dias 20 e 24 de janeiro os espectadores vão poder ainda assim acompanhar o processo de criação do novo espetáculo do Teatro Nova Europa (Noite de Primavera) e assistir a espetáculos de Né Barros (IO – Paisagens, Máquinas, Animais) e Solveig Phyllis Rocher (The Residual Pieces), a concertos de Jorge Queijo + Francisco Antão e dos Cobra’Coral e ao filme que resultou do encontro da coreógrafa Joana Castro com a cineasta Cláudia Varejão. Tudo num palco online que, como previa o diretor artístico do TMP, Tiago Guedes, ao PÚBLICO, se tornou “um outro sítio de desafio e invenção para os artistas”.

A escassas centenas de metros do Rivoli (uma distância que se desvanece na realidade virtual), o Teatro Nacional São João transferiu entretanto também para o online (com bilhetes pagos a dois euros) o recentemente estreado As Três Irmãs, de Anton Tchékhov, numa encenação de Carlos Pimenta para o Ensemble.

Entretanto, em Coimbra, o Teatro Académico de Gil Vicente acolhe virtualmente, a 20 e 21 deste mês, uma extensão do CineEco – Festival Internacional de Cinema Ambiental da Serra da Estrela, com sessões seguidas de conversas pós-filme a cargo de especialistas como Maria Fernanda Rollo, Susana Rodríguez-Echeverría, Joaquim Sande Silva, Catarina Moura, Joana Maciel e Joana Cabral Oliveira, numa parceria com a Cátedra UNESCO em Biodiversidade e Conservação para o Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Coimbra, e o Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra.

Outro festival de cinema que deveria iniciar-se esta semana, o Kino  – Mostra de Cinema de Expressão Alemã, transferiu já toda a sua programação para a plataforma de streaming Filmin.pt, onde estará disponível de dia 21, às 21h, até dia 27.

Em Lisboa, enquanto salas como o Teatro Nacional D. Maria II e o São Luiz Teatro Municipal, por exemplo, se limitam por enquanto a comunicar o fecho de portas, o Teatro do Bairro Alto e o Teatro Aberto já tem o seu programa digital calibrado. A sala dirigida por Francisco Frazão anuncia conferências de Sandro Mezzadra (Lessons on Logistics, 27 e 28 de janeiro), Suely Rolnik (Há algo de irreversível no ar: notas para descolonizar o inconsciente, 3 de fevereiro) e Amador Savater (A revolução ainda é desejável?, 6 de fevereiro). Por sua vez, o Teatro Aberto, obrigado a suspender a carreira da peça Só Eu Escapei, de Caryl Churchill, encenação de João Lourenço, anuncia para breve a estreia de uma minissérie de quatro episódios, em vídeo e podcast, com conversas com as atrizes Catarina Avelar, Lídia Franco, Márcia Breia e Maria Emília Correia, com realização do mesmo João Lourenço e de Nuno Neves.

Ainda em Lisboa, a Fundação Gulbenkian vai alimentando o seu canal YouTube com visitas guiadas às exposições agora interrompidas e a transmissão de concertos como aquele que na passada sexta-feira pôde ser visto em direto: Uma Noite na Ópera, com árias de clássicos do bel canto interpretadas pela orquestra dirigida por Lorenzo Viotti, com os solistas Ailyn Pérez (soprano), Margarita Gritskova (meio-soprano), Joshua Guerrero (tenor) e Roman Burdenko (barítono). O mesmo propõe o Centro Cultural de Belém, através do seu canal #CCBDigital, oferecendo podcasts, concertos e visitas virtuais. Nos mesmos moldes, mas de novo a partir do Porto, Serralves retomou o programa SOLE – Serralves On Line Experience, lançado quando do primeiro confinamento, que propõe vários conteúdos nas redes sociais da fundação.


por Sérgio C. Andrade, in Público | 18 de janeiro de 2021
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Público

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