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Hergé, visões de Dante e mulheres artistas portuguesas na Gulbenkian em 2021
Calendário de exposições da fundação abre no início de março com as histórias da Coleção de Arte Moderna e Contemporânea, enquanto o Centro de Arte Moderna estiver em obras. Mostra da arte no feminino só chegará a Lisboa no final de 2022, depois de ter passado pela Bélgica e por França.
Uma mostra com tesouros dos estúdios Hergé — pranchas originais, pinturas, fotografias e documentos de arquivo —, em outubro; Visões de Dante. O Inferno Segundo Botticelli, a propósito das comemorações dos 700 anos da morte do grande escritor italiano, a inaugurar no mês anterior, setembro; e a já anunciada visita à criação artística no feminino — Tudo o que Eu Quero. Artistas Portuguesas de 1900 a 2020 —, no âmbito da Presidência Portuguesa da União Europeia, e que terá uma primeira apresentação em Bruxelas, no centro de artes Bozar, entre fevereiro e maio, vão marcar a programação de exposições da Fundação Gulbenkian em 2021.
No ano em que a fundação vai voltar a ter diretores diferenciados no Museu e no Centro de Arte Moderna — respetivamente António Filipe Pimentel e o francês Benjamin Weil —, o calendário das exposições em Lisboa abre a 5 março, com Histórias de uma Coleção. Arte Moderna e Contemporânea da Fundação Gulbenkian (Galeria principal do edifício-sede, até 23 de agosto). Trata-se, como o próprio título indica, de contar a história desta coleção iniciada na década de 50 e que já conta com cerca de 12 mil obras, aqui revisitada nos seus momentos-chave e nos seus nomes maiores. Com curadoria de Ana Vasconcelos, Leonor Nazaré, Patrícia Rosas e Rita Fabiana, esta exposição decorre numa altura em que o Centro de Arte Moderna se encontrará em obras de renovação e ampliação segundo o projeto do arquiteto japonês Kengo Kuma.
Também no início de março (dia 5, para ver até 31 de maio), o Museu Gulbenkian promove o encontro singular das obras de Jorge Queiroz (Lisboa, 1966), um nome incontornável da arte portuguesa contemporânea, com o artista arménio Arshile Gorky (c. 1904-1948), que a fundação apresenta como “o ‘pai’ do expressionismo abstrato americano do pós-guerra e uma referência fundamental da arte ocidental da primeira metade do século XX”. A curadoria é de Ana Vasconcelos.
Outro artista português, Hugo Canoilas (Lisboa, 1977), vai mostrar entre 2 de julho e 27 de setembro, na galeria temporária do piso inferior, um projeto que prossegue “uma investigação iniciada em 2020, em torno dos fundos marinhos, dos ambientes aquáticos e dos organismos primitivos que os habitam”. Com curadoria de Rita Fabiana, Canoilas, atualmente a viver e trabalhar em Viena, vai propor “uma instalação intensa e sensorial, habitada por pinturas-esculturas, ‘novas formas de vida’ onde a cor, as texturas-tessituras e a fluidez lhes confere uma qualidade quase alquímica, como se, sob o nosso olhar, estivessem em plena metamorfose”, diz ainda o comunicado da fundação divulgado esta segunda-feira.
O Inferno de Dante na rentrée
A rentrée será, então, marcada pela mostra Visões de Dante. O Inferno Segundo Botticelli (na Galeria do Renascimento, de 23 de setembro a 27 de novembro). A celebrar o grande autor da Divina Comédia, que viveu entre 1265 e 1321, a Gulbenkian vai exibir dois desenhos sobre pergaminho de Sandro Botticelli (1445-1510) alusivos ao Inferno; dois manuscritos de Jacopo della Lana e de Boccaccio, cedidos pela Biblioteca Apostólica Vaticana; e ainda um exemplar do manuscrito dantesco proveniente da Biblioteca Nacional, além de um conjunto de obras da Coleção da fundação. Visões de Dante irá ainda integrar uma escultura e desenhos de Rui Chafes, também inspirados na sua visão do Inferno. A curadoria é de João Carvalho Dias.
Entre outubro (dia 7) e 10 de janeiro de 2022, chegará a Lisboa a grande exposição dedicada ao criador de Tintin pelo Grand Palais, em Paris, em 2016-17. Organizada em colaboração com o Museu Hergé de Louvain-la-Neuve, a exposição reúne uma seleção de documentos, desenhos originais e várias obras criadas por Hergé (1907-1983), revelando as múltiplas facetas da sua personalidade artística, que, além da BD, se estendeu também à ilustração, à publicidade, ao desenho de moda e às artes plásticas.
A programação expositiva da Gulbenkian para o próximo ano completa-se com a mostra Fernão Cruz. Morder o Pó (22 de outubro a 17 de janeiro de 2022). Com curadoria de Leonor Nazaré, esta será a primeira exposição individual em contexto institucional deste jovem artista nascido em Lisboa, em 1995, que “nos interpela com a formulação inquieta de uma pergunta sobre a morte, tão antiga quanto a humanidade”, diz a fundação.
Já Tudo o que Eu Quero. Artistas Portuguesas de 1900 a 2020 chegará à sede da Gulbenkian apenas na viragem de 2022 para 2023, depois de ter passado pela capital belga e também por França, pelo Centro de Criação Contemporânea Olivier Debré, em Tours, também em 2022, aqui integrada no programa da Temporada Cruzada França-Portugal.
Com um cartaz reproduzindo o famoso auto-retrato de Aurélia de Sousa (1900), que pertence à Coleção do Museu Nacional de Soares dos Reis, esta exposição reúne trabalhos de quatro dezenas de artistas de referência da história da arte portuguesa durante mais de um século, nas disciplinas de pintura, escultura, desenho, objeto, livro, instalação, filme e vídeo, e com nomes como Maria Helena Vieira da Silva, Lourdes Castro, Paula Rego, Ana Vieira, Salette Tavares, Helena Almeida, Joana Vasconcelos, Maria José Oliveira, Leonor Antunes, entre tantas outras. A curadoria é de Helena de Freitas e Bruno Marchand.
in Jornal Público | 22 de dezembro de 2020
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Público