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Rui Chafes cria escultura de homenagem a Alberto Giacometti a convite da fundação do artista

O escultor Rui Chafes criou uma peça de grandes dimensões em homenagem a Alberto Giacometti, a convite da fundação do artista suíço, que ficará instalada em Stampa, na Suíça, anunciou a Galeria Filomena Soares.

A escultura Occhi Che Non Dormono, de Rui Chafes, instalada nos jardins da Fondazione Centro Giacometti, em Stampa (Suíça)


Segundo a galeria de Lisboa, que representa Rui Chafes, a peça em ferro de grandes dimensões intitula-se Occhi Che Non Dormono (Olhos que Não Dormem, em tradução livre), e foi criada este ano, na sequência do convite da Fondazione Centro Giacometti ao escultor português.

A inauguração oficial da obra de Rui Chafes está prevista para o próximo dia 4 de abril de 2021, adianta a galeria. A peça, com as dimensões de 310 x 160 x 860 centímetros, foi instalada nos jardins do edifício da fundação, em frente à casa onde o artista suíço viveu em criança e adolescente, e do atelier que partilhava com seu pai, o pintor Giovanni Giacometti.

Segundo a curadora da instalação, Virginia Marano, citada pela galeria, “os olhos percebem, vêem e redesenham a relação com a paisagem e o invisível”. “Assim, o observador encontra-se imerso numa experiência estética da arte contemporânea”, através da escultura de Chafes, “e reconhece o perfil acentuado que se liberta da [obra] gaiola Le Nez de Giacometti, para iniciar uma viagem existencial em busca do absoluto”.

As obras dos dois artistas cruzaram-se em Paris, na exposição conjunta Gris, Vide, Cris, com curadoria de Helena de Freitas, que esteve patente na anterior delegação francesa da Fundação Calouste Gulbenkian, durante o último trimestre de 2018.

Os dois universos aparentemente opostos articulavam-se em diálogo: de um lado, as esculturas em ferro, pretas e lisas de Chafes; do outro, as rugosas peças em bronze, gesso e terracota de Giacometti.

Au-delà des yeux (Para além dos olhos), de Rui Chafes, abria caminho para a exposição e para a obra de Giacometti. No total, a mostra reunia sete esculturas de Rui Chafes, seis concebidas para o projeto, e 11 esculturas e quatro desenhos de Giacometti, entre as quais Le Nez.

O título da exposição, Gris, Vide, Cris, tinha origem num poema sobre a morte do artista suíço.

Na mesma altura, outubro de 2018, o Centro Pompidou, em Paris, também passava a incluir, na sua exposição permanente, duas esculturas de Chafes, Carne Invisível e Carne Misteriosa, na sequência de uma doação anónima.

As obras tinham sido mostradas na capital francesa, no ano anterior, na Galerie Mendes, no âmbito do projeto Lusoscopia do Instituto Camões em França, quando o galerista Philippe Mendes deu ao escultor português “carta branca” para expor trabalhos no meio de pinturas dos séculos XVI e XVII.

Galardoado em 2015 com o Prémio Pessoa, Rui Chafes nasceu em Lisboa, e fez o curso de Escultura na Faculdade de Belas-Artes de Lisboa, entre 1984 e 1989.

Estudou na Kunstakademie Düsseldorf, de 1990 a 1992, com Gerhard Merz, foi também galardoado com o Prémio de Escultura Robert-Jacobsen, na Alemanha, em 2004.

Em 1995, Rui Chafes representou Portugal, juntamente com José Pedro Croft e Pedro Cabrita Reis, na 46.ª Bienal de Arte de Veneza, e, em 2004, participou na 26.ª Bienal de S. Paulo, com um projeto conjunto com Vera Mantero, tendo, ainda, em 2013, sido um dos artistas internacionais convidados para expor no Pavilhão da República de Cuba, na 55.ª Bienal de Veneza.

O seu trabalho tem sido exposto em Portugal e no estrangeiro, desde meados dos anos de 1980. Em 2014, apresentou a exposição antológica O Peso do Paraíso, no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.


por Lusa in Público | 7 de dezembro de 2020
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Público

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