"É de Cultura como instrumento para a felicidade, como arma para o civismo, como via para o entendimento dos povos que vos quero falar"

Notícias

Três artistas apresentam obras sobre pandemia e direitos no Museu do Chiado

Exposição "Face à Vida Nua" reúne trabalhos de fotografia e cinema de Luciana Fina, João Pina e Vasco Barata. Abordam o actual momento disruptivo “de medo, insegurança e desigualdade” enfrentado pela Humanidade.

Copan, São Paulo, 2020 JOÃO PINA

 

Uma exposição com obras de três artistas sobre contágio e direitos humanos, inspiradas no impacto da pandemia de covid-19, vai abrir ao público na quarta-feira, no Museu Nacional de Arte Contemporânea (MNAC), no Chiado, em Lisboa.

Face à Vida Nua é o título desta mostra, com curadoria de Emília Tavares, que aborda o actual momento disruptivo “de medo, insegurança e desigualdade” enfrentado pela Humanidade, segundo informação do sítio online do MNAC.

Na exposição, Luciana Fina apresenta um filme realizado no primeiro surto pandémico deste ano, em que se confronta com a devastação da paisagem natural por especulação imobiliária, “quando a pandemia parecia trazer uma nova esperança de repensar a sistémica agressão aos ecossistemas”, segundo um texto do museu.

Por seu turno, João Pina fotografou, no Brasil, os habitantes de um dos mais emblemáticos edifícios modernistas de São Paulo, o Copan, construído em 1966, desenhado pelo arquitecto Óscar Niemeyer, que alberga cerca de 5.000 inquilinos. “Nestes microcosmos da sociedade brasileira, revela-se uma complexidade social e económica endémica, mas também o mesmo desejo global de reinventar a existência”, refere a curadoria da mostra sobre esta obra.

O artista Vasco Barata dedicou-se nos meses da pandemia à prática do desenho, dentro do seu espaço de trabalho, e, neste processo criativo, divagou sobre “as formas híbridas que simbolicamente nos habitam hoje, orgânicas, mutantes, erráticas”, descreve a curadoria. “Os trabalhos aqui apresentados são assim um exercício de comunidade, um acto de respirar em comum, face à ‘Vida Nua’, conceito formulado por Giorgio Agamben, um dos mais polémicos filósofos da actualidade”, acrescenta.

Este conceito remete para a apropriação política da vida de cada pessoa face ao estado de excepção, em que “muitos dos direitos adquiridos, pelo menos em democracia, são suspensos e existe uma captura do corpo pelo exercício do poder”. “É um território indistinto, em que o corpo biológico e o político se fundem e em que acontece a apropriação política da vida quotidiana de cada um. Mecanismo que pode, e tem sido exercido, tanto em regimes ditatoriais como em democracias”, acrescenta.

Remetendo ainda para o campo da filosofia, a curadoria alerta: “O seu perigo, a sua intrínseca violência, como afirmava outro importante filósofo, Walter Benjamin, em plena ascensão desse outro estado de excepção que foi o nazismo, é que nestes estados de excepção, de que a pandemia é agora a causa, a existência fica fora do Direito, tornando-se uma vida exposta, destituída, ou limitada, de direitos pelo próprio direito”.

 


por Lusa in Público | 6 de dezembro de 2020
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Público

Agenda
Ver mais eventos

Passatempos

Passatempo

Ganhe convites para a antestreia do filme "Memória"

Em parceria com a Films4You, oferecemos convites duplos para a antestreia do drama emocional protagonizado por Jessica Chastain, "MEMÓRIA", sobre uma assistente social cuja vida muda completamente após um reencontro inesperado com um antigo colega do secundário, revelando segredos do passado e novos caminhos para o futuro.

Visitas
93,797,078