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De Andy Sheppard a Pedro Melo Alves, Guimarães Jazz resiste à pandemia em "português"

A 29.ª edição do festival vai decorrer entre 12 e 21 de novembro, com concertos às 19h00 e às 19h30, num Centro Cultural Vila Flor com lotação reduzida para metade. À exceção da holandesa Radiohead Jazz Symphony, todos os músicos do cartaz são portugueses ou residem no país.

Big Band da ESMAE DR


Compositor e saxofonista com 17 álbuns lançados e colaborações com nomes maiores do jazz da segunda metade do século XX, como George Russell e Carla Bley, Andy Sheppard vai abrir a 29.ª edição do Guimarães Jazz daqui a uma semana. Mas a hora e o ambiente em que o músico inglês, residente na Ericeira, vai atuar não é a normal: em vez das 21h30, como nos anos anteriores, o quarteto Costa Oeste, que engloba ainda o contrabaixista Hugo Carvalhais, o guitarrista Mário Delgado e o baterista Mário Costa, sobe ao palco às 19h30, num Centro Cultural Vila Flor (CCVF) restringido a uma lotação máxima de 396 lugares, ao invés dos 800 habituais.

Os restantes concertos em dias úteis vão também iniciar às 19h30. Já os de sábado e os de domingo estão agendados para as 16h (Projeto da Big Band da ESMAE) e para as 19h, como o que, no dia 21, encerra o festival — o CCVF recebe Pedro Melo Alves, músico que se tem evidenciado ao longo da última década e que lançou, neste ano, In Igma, trabalho inspirado na obra literária de Raúl Brandão. O músico apresenta-se com o Omniae Ensemble, uma big band de vinte e três músicos, com uma secção de vozes e percussões eletrónicas dirigida pelo percussionista Pedro Carneiro.

Aposta nacional e horários antecipados

A Oficina, cooperativa municipal responsável pelo espaço, indica que este Guimarães Jazz reformulado, com parecer favorável da autoridade de saúde local, procura cumprir as medidas de restrição no âmbito da covid-19 anunciadas pelo primeiro-ministro António Costa, entre as quais a necessidade de os restaurantes fecharem às 22h e dos cafés encerrarem às 22h30. As medidas aplicam-se a 121 concelhos do país, entre os quais Guimarães. “O horário pensa na restauração, de forma a que os espetáculos possam terminar e o público tenha ainda tempo de fazer a refeição, sem andar nas ruas depois da hora definida”, esclareceu o diretor-executivo da Oficina, Ricardo Freitas, na conferência de imprensa de projeção do evento.

Para além de horários antecipados, este festival habituado a explorar sonoridades de vários pontos dos Estados Unidos e da Europa depara-se igualmente com as restrições das viagens. O cartaz de 2020 está assim confinado a território nacional, à exceção da presença da Radiohead Jazz Symphony, uma formação holandesa de seis músicos que reinterpreta canções da banda rock britânica e vai atuar em conjunto com a Orquestra de Guimarães no dia 19. “O programa tem uma componente portuguesa fortíssima, que revela a evolução do jazz português no século XXI. E temos músicos estrangeiros que vivem em Portugal, como Andy Sheppard, na Ericeira, Julian Argüelles, em Tomar, e Peter Evans, em Lisboa”, adiantou Ivo Martins, programador do festival desde a primeira edição, em 1992.

Reconhecido no jazz contemporâneo pela improvisação, Peter Evans é um trompetista oriundo de Nova Iorque e apresenta-se em Guimarães no dia 13, com um concerto-duplo: primeiro com o baterista Gabriel Ferrandini e depois com os músicos João Barradas e Demian Cabaud, numa formação de trompete, contrabaixo e acordeão. No dia 20, o saxofonista britânico Julian Argüelles, que, na carreira de mais de três décadas, já colaborou também com Carla Bley, regressa a Guimarães com um septeto.

O programa inclui ainda o saxofonista e compositor César Cardoso, que atua a 14 de novembro, o concerto da Big Band da ESMAE e a proposta habitual da associação Porta-Jazz - quarteto liderado pelo pianista Hugo Raro, em concerto com cenografia em tempo real do artista JAS -, no dia 15, e a atuação do projeto Sonoscopia, que mistura vários campos artísticos, no dia 18.

O “festival possível"

Para Ivo Martins, o Guimarães Jazz é o “festival possível” que respeita à mesma o “forte compromisso com o público”. Ainda assim, o programador reconhece que o evento não é a mesma coisa, sem as jam sessions, sem “as atividades de rua” e sem os “jovens da ESMAE a circularem por aí e a encherem de vida o acontecimento”. Ao lado, o presidente da associação Convívio, que idealizou o festival, acrescentou que a partilha entre músicos e público, habitual nas jam sessions, se vai ausentar da edição de 2020, mas frisou a importância do evento avançar, dando o exemplo de um festival de música erudita organizado pelo Convívio no último Verão. “Os artistas e as equipas técnicas têm tido a atividade reduzidíssima. Naqueles cinco espetáculos na Igreja da Misericórdia [de Guimarães], viu-se a alegria daqueles músicos regressarem ao seu ambiente natural, ao contacto com o público”, frisou.

O festival tem um plano de segurança que antecipa a saída do público fila a fila, diretamente para o exterior do espaço, realçou a vereadora municipal com o pelouro da Cultura em Guimarães, Adelina Paula Pinto. Essa medida, frisou a responsável, evita a passagem das pessoas pelo foyer do CCVF, espaço propício para ajuntamentos, e encaminha-as de imediato “para os seus carros ou para a rua”. “O plano está aprovado pela Proteção Civil e salvaguarda a segurança do público”, realçou. A responsável disse ainda não ser conhecido “qualquer surto em espaços culturais”, tendo defendido a realização dos eventos culturais mesmo neste tempo, enquanto área “determinante” para manter alguma “normalidade” na vida dos cidadãos.


por Tiago Mendes Dias in Público | 5 de novembro de 2020
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Público

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