Publicações
Assírio & Alvim apresenta segundo volume da "Obra Poética" de António Ramos Rosa
Edição reúne os poemas publicados em livro ou folheto entre 1988 e 1996. Posfácio conta com assinatura de António Guerreiro.
«Das grandes constelações da nossa poesia do século xx, há uma delas que tem o centro e o lugar inaugural em António Ramos Rosa », lemos no posfácio de Obra Poética II, uma edição organizada e revista por Luis Manuel Gaspar, com a colaboração de Agripina Costa Marques e Maria Filipe Ramos Rosa, a exemplo do volume inaugural deste projeto. Em quase 900 páginas, habitam a deslumbrante intensidade do autor, a sua maravilhosa linguagem, os elementos concretos sem passado nem futuro, tudo o que no universo é omnipresente e eterno.
«Escrever, para Ramos Rosa, não é apenas um exercício que se cumpre por uma determinada disposição estética. Muito mais radicalmente, é um programa de vida, uma necessidade vital e ética que encontra no poema uma estratégia que lhe orienta o sentido e os horizontes. Por isso, a questão da poesia é para ele o dispositivo de uma relação com o mundo e de uma experiência do real que tem como sombra uma incompatibilidade essencial entre o homem e a sua palavra, entre o mundo e a escrita como superfície espelhante de reflexos e logros. Daqui nascem os temas maiores da sua obra: a palavra que tem por origem a sua própria impossibilidade, a reflexão imanente da escrita no acto da sua própria feitura.»
[Do Posfácio, António Guerreiro].
O MESMO ARCO
Eu diria que não vejo nada e que não sei.
Algo está suspenso. A hora repousa.
Eu quero estar vivo como uma ferida, como um signo,
não mais do que um rumor de coisa nua.
Neste momento nada é confuso nem opaco.
Os labirintos são trémulos, transparentes.
Dir-se-ia que atravesso um jardim e toda a vida
repousa entre as forças da cinza
e o fulgor da chama. E adormeço
sentindo a beleza e o tempo, o mesmo arco
iluminado.
SOBRE O LIVRO
Título: Obra Poética II
Autor: António Ramos Rosa
Edição: Luis Manuel Gaspar
N.º de Páginas: 880
PVP: 44,00 €
Coleção: documenta poetica
Ver primeiras páginas
SOBRE O AUTOR
António Ramos Rosa
Destacado poeta e crítico português nascido em Faro em 1924. Foi militante do MUD (Movimento de União Democrática) e conheceu a prisão política. Trabalhou como tradutor e professor, tendo sido um dos diretores de revistas literárias como Árvore e Cassiopeia. O seu primeiro livro de poesia, O Grito Claro, foi publicado em 1958. A sua obra poética ultrapassa os cinquenta títulos. É ainda autor de ensaios, entre os quais se salienta A Poesia Moderna e a Interrogação do Real (1979-1980). Em 1988 foi distinguido com o Prémio Pessoa. Faleceu em setembro de 2013.