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Escritora Maria Teresa Horta distinguida com Medalha de Mérito Cultural
Uma “homenagem justa e necessária” a alguém com “um percurso ímpar na história cultural portuguesa”, diz a ministra da Cultura ao justificar a medalha a atribuir à escritora e jornalista.
A escritora e jornalista Maria Teresa Horta vai ser distinguida com a Medalha de Mérito Cultural pelo seu “percurso ímpar na história da cultura portuguesa”, anunciou o Ministério da cultura.
A cerimónia chegou a estar programada para meados deste mês, mas a atual situação pandémica obrigou ao seu cancelamento. Terá lugar em “data mais oportuna”, no próximo ano, disse à Lusa fonte do gabinete da ministra.
Para Graça Fonseca, “Maria Teresa Horta tem um percurso ímpar na história da cultura portuguesa: como artista, foi sempre completa; como romancista, inovadora; como poeta, insubmissa; como cidadã, combateu sempre ao lado da liberdade das mulheres e dos homens”.
“Esta homenagem que lhe prestamos é, por isso, justa e necessária”, acrescentou.
A atribuição da medalha este ano coincide com a comemoração dos 60 anos de vida literária de Maria Teresa Horta. Em 2021, quando a medalha for entregue, assinalam-se os 50 anos sobre o início de conceção das Novas Cartas Portuguesas, que a autora escreveu com Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa.
Maria Teresa Horta nasceu em Lisboa, onde frequentou a Faculdade de Letras, tendo-se estreado na poesia em 1960, com “Espelho Inicial”.
A sua obra poética editada em Portugal foi coligida em Poesia Reunida (2009), a que se seguiram Poemas para Leonor (2012), A Dama e o Unicórnio (2013), Anunciações (2016) – Prémio Autores SPA / Melhor Livro de Poesia 2017 –, Poesis (2017) e Estranhezas (2018).
Na ficção, é autora dos romances Ambas as Mãos sobre o Corpo (1970), Ema (1984) e A Paixão segundo Constança H. (1994), e co-autora, com Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa, do já referido Novas Cartas Portuguesas (1972).
Em 2011, publicou As Luzes de Leonor, romance sobre a Marquesa de Alorna distinguido com o Prémio D. Dinis, da Fundação da Casa de Mateus.
Em 2014, ano em que lhe foi atribuído o Prémio Consagração de Carreira pela Sociedade Portuguesa de Autores, editou o livro de contos Meninas.
No ano passado, publicou Quotidiano Instável, designação da coluna que assinou no suplemento Literatura & Arte do jornal A Capital, entre 1968 e 1972, reunindo o conjunto de crónicas desse período.
Ao longo dos anos, esta coluna foi assumindo um carácter cada vez mais ficcional no percurso da escritora e surge na sua bibliografia como “quase um romance”, de valor “literário, político e social”, nos derradeiros anos da ditadura.
Com livros editados no Brasil e em França, Maria Teresa Horta foi a primeira mulher a exercer funções dirigentes no cineclubismo em Portugal e é considerada uma das mais destacadas feministas da lusofonia.
No mês passado, o seu nome foi incluído numa lista de 50 escritores que formam O Cânone da literatura portuguesa, numa obra de crítica literária editada pela Tinta-da-China, coordenada pelos professores e investigadores António M. Feijó, João R. Figueiredo e Miguel Tamen.
por Lusa e Público | 3 de novembro de 2020
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Público