"É de Cultura como instrumento para a felicidade, como arma para o civismo, como via para o entendimento dos povos que vos quero falar"

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As narrativas que moldaram a história humana e o que podemos esperar do futuro

No mundo extraordinário de hoje, podemos criar novas narrativas suficientemente inclusivas e globais para construir um futuro melhor para a humanidade?


Ao mesmo tempo que estamos cada vez mais interligados, distinguimo-nos ainda mais uns dos outros enquanto grupos. Vivemos no mesmo planeta, mas em muitos mundos diferentes. Aquilo que cada um de nós vê como o mundo inteiro é apenas o mundo como o vemos, sejamos «nós» quem formos. O que conhecemos como história do mundo é, na verdade, uma narrativa histórica mundial socialmente construída e centrada em alguém.

A Invenção do Passado: 50 mil Anos de Cultura, Conflitos e Ligações Humanas (ed. Vogais | 512 pp | 26,58 €), do autor de origem afegã Tamim Ansary, apresenta-nos o relato de como os humanos inventaram a história, da linguagem à cultura, da idade da pedra à era virtual. 

A Vogais disponibiliza as primeiras páginas para leitura aqui.

«Vivemos num modelo do mundo que criámos coletivamente através da linguagem e que mantemos de forma comunal. Esse modelo já existia quando nascemos; limitámo-nos a explorá-lo à medida que amadurecíamos. Tornar-se adulto significa adquirir a capacidade de imaginar o mesmo mundo que todos os outros. Os nossos eus sociais são determinados por aqueles entre quem vivemos. (…) Habitamos mundos imaginários que partilhamos com outros, mas chegamos a esses mundos em privado, cada um com a sua constelação única de informação, ideias e crenças. E se alguns membros de uma sociedade alterarem as suas perceções e crenças e outros não, o modelo que todos partilham começará a perder coerência.»

«Os seres humanos dispõem agora do poder para destruir o planeta Terra e parecemos estar a seguir nessa direção. Mas claro que é intrigante. Temos a mestria tecnológica para prescindir dos combustíveis fósseis, para parar de poluir, alimentar toda a gente que está viva, controlar o nosso crescimento populacional agora desembestado… podíamos resolver todos os problemas com que a nossa espécie se confronta se fôssemos capazes de assinar todos um único plano de ação. Por que razão é tão difícil? Porque nos é tão difícil atuar como uma única comunidade humana integrada, visto que agora qualquer pessoa pode comunicar instantaneamente com qualquer outra? (…)

Temos dificuldades em tomar decisões como uma espécie unitária porque vivemos numa grande diversidade de mundos de significado, e esse é um problema que existe no domínio da linguagem, não da tecnologia.»

SINOPSE

Embora estejamos cada vez mais interligados, vivemos em muitos mundos diferentes. O que conhecemos como História do Mundo é uma mera narrativa social centrada em alguém, dependente de fatores geográficos, religiosos ou políticos. Há uma narrativa eurocêntrica, uma islamocêntrica, uma sinocêntrica e muitas outras. Elas cimentam-se à medida que rejeitam as ideias que desgastam a sua estrutura e acolhem as ideias que a corroboram.

Todos queremos fazer parte de algo maior, mas, para entrevermos a estrada à nossa frente, temos de olhar para a que ficou para trás. Como foi que chegámos aqui? E, no mundo extraordinário de hoje, podemos criar novas narrativas suficientemente inclusivas e globais para construir um futuro melhor para a humanidade?

SOBRE O AUTOR

 

Tamim Ansary nasceu em Cabul, no Afeganistão, em 1948, filho de pai afegão e mãe americana, país onde viveu até aos 16 anos. Em 1964 mudou-se para os EUA. Escreve, entre outras obras, Destiny Disrupted: A History of the World Through Islamic Eyes, traduzido para dez idiomas, e West of Kabul, East of New York, o seu livro de memórias, selecionado para o programa de leitura One City One Book de várias cidades norte-americanas. Vive em São Francisco, onde leciona seminários de escrita.

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