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Mural "À Moda Quarteirense" reafirma jovens talentos da freguesia

Três rostos da nova geração de talentos que Quarteira viu nascer e crescer são os autores do Mural “À Moda Quarteirense”, uma obra de arte pública inaugurada no Parque de Estacionamento “Gago Coutinho”, e que poderá constituir um marco importante no que toca à arte urbana.


Numa encomenda da Câmara Municipal de Loulé ao Movimento “Sou Quarteira”, Daniela Guerreiro, Nuno Viegas e Élsio Menau transpuseram para as paredes brancas do novo parque de estacionamento o seu olhar sobre Quarteira, através de elementos identitários desta terra, mas também de problemáticas bem atuais em termos globais como a poluição ou a discriminação racial.

Durante sete dias, estes criativos puseram mãos à obra e deram corpo a um projeto importante para a cidade.

Artista revelação na área do muralismo em Portugal, Daniela Guerreiro, que ainda recentemente criou um mural em Lisboa, no Bairro de Alvalade, em homenagem à escritora louletana Lídia Jorge, aborda nesta obra a questão do plástico nos oceanos. “A poluição é um dos maiores problemas dos nossos dias e a primeira coisa em que eu penso em Quarteira é no mar, nos pescadores, na história desta terra, e que tudo isso precisa de ser cuidado, não só aqui, como em todo o mundo”, considera a jovem que há mais de uma década se fixou na capital, mas não esquece a sua terra. E acrescenta: “As mãos envelhecidas representam a tradição desta terra, o lixo representa as grandes massas que poderão estar a influenciar o descuido das pessoas perante ‘a nossa casa’”.

Relativamente ao mural da autoria de Nuno Viegas, “todo o trabalho aqui presente evoca elementos do mundo do graffiti como as luvas de latex, o papel origami que lhe é dado uma forma, neste caso o barco alusivo a Quarteira”. Nuno Viegas é um dos fundadores do coletivo de arte Policromia. Após terminar os estudos em Artes Visuais na UAlg, foi na cidade holandesa de Roterdão que teve uma ascensão artística, participando nos maiores festivais de graffiti e expondo em vários museus de renome mundial.

Por seu turno, Élsio Menau, outro dos fundadores do coletivo Policromia e figura bem presente no movimento cultural da cidade, retrata neste trabalho valores que passam pela “valorização dos artistas locais, a união, a esperança nestes tempos difíceis, a igualdade/desigualdade, elementos ligados ao clima, mas também os temas da liberdade de expressão, o 25 de Abril e as liberdades atuais. A mensagem é simples e direta: união, paz, liberdade!”. A imagem do músico Dino D’Santiago durante a marcha “Black Lives Matter” é a figura central deste mural.

Presente na cerimónia, este artista quarteirense de origem cabo-verdiana e que faz parte do Movimento “Sou Quarteira” manifestou a sua emoção e orgulho por estar aqui representado. “Quando quiserem saber quem eu sou cheguem a Quarteira e há uma árvore onde brotam mil Dinos, com faces diferentes, com outras características. Pois esta é uma cidade de onde emana talento”, sublinhou.

Para Vítor Aleixo, autarca louletano, “a arte pública é um elemento que faz falta à qualificação das cidades”. “Quarteira, que nos últimos anos tem elevado a sua capacidade de atrair turistas e novos moradores, precisava de ter aqui um bom pontapé de saída para uma forma de expressão artística urbana que faz todo o sentido. Até porque esta é uma terra cosmopolita, aberta às dinâmicas mundiais em termos de ideias, de correntes de moda, de arte pública”.

O presidente da Câmara Municipal de Loulé frisou igualmente o facto desta encomenda do Município ter sido também uma forma de apoiar os artistas locais num momento particularmente difícil. “É uma forma de dar trabalho a uma classe profissional criativa que neste momento atravessa momentos muito difíceis. Estamos numa pandemia e a Câmara de Loulé tem dados esse apoio também a artistas nas áreas do teatro e da música ou a escritores”, explicou.

Refira-se que esta obra foi apoiada por uma candidatura apresentada ao CRESC Algarve 2020, no âmbito do PARU (Plano de Ação de Regeneração Urbana de Quarteira), com financiamento comunitário.

Na mesma tónica de valorização da identidade cultural de Quarteira, Vítor Aleixo anunciou a inauguração, a 13 de maio de 2021, nas antigas instalações da Lota, da Exposição “Com os pés na terra e as mãos no mar – 6 mil anos de História de Quarteira”.

Nesta ocasião, o autarca falou também do trabalho que o Município tem feito nesta freguesia, a par do forte apoio social dado aos quarteirenses em maiores dificuldades, “Quarteira continua com um ritmo acelerado de desenvolvimento. É muito dinheiro público que aqui tem sido investido”, sublinhou Vítor Aleixo, reportando-se às principais obras realizadas, em curso ou projetadas ao longo deste dois mandatos: Avenida Papa Francisco, Avenida do Atlântico, Passeio das Dunas (ligação de Quarteira a Vilamoura em toda a frente mar), Rua dos Pinheirinhos e Alameda da Marina, em Vilamoura, Parque de Estacionamento Melvin Jones e plantação de árvores, BAL – Base de Apoio Logístico e Quartel dos Bombeiros, Quartel da GNR, Pista de BMX, arranjos na envolvente do Bairro da Abelheira, conclusão da Avenida da Fonte Santa, reconstrução da Escola EB 2,3 D. Dinis, aquisição de terrenos para execução de largo junto ao Mercado, projeto do novo Mercado Municipal adaptado à subida do nível médio da água do mar nas próximas décadas, aquisição do antigo Casino, projeto de edifício que irá integrar Escola de Dança e Centro Cultural ou a requalificação da Avenida Mota Pinto (entre a Rotunda do Polvo e Vilamoura).

Por seu turno, Telmo Pinto, presidente da Junta, falou da dinâmica existente nesta comunidade e criação de valores ao longo de toda a história de Quarteira. “Estes artistas refletem uma comunidade que sempre foi assim”, considerou.

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