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Beginning e pássaros portugueses vencem em San Sebastián

No Festival mais mediático espanhol foi impressionante a vitória de Beggining, filme da Geórgia de Dea Kulumbegashvili. Além da Concha de Ouro, o filme venceu outros prémios substanciais. A Metamorfose dos Pássaros, de Catarina Vasconcelos, triunfou na secção Zalbategui Tabakalera, a zona mais livre do festival.

A Metamorfose dos Pássaros, de Catarina Vasconcelos, triunfou na secção Zalbategui Tabakalera.© Direitos reservados


Depois de Veneza o cinema português volta a encontrar glória nos festivais internacionais. Desta vez é o Festival de San Sebastián com A Metamorfose dos Pássaros, de Catarina Vasconcelos, grande prémio da secção secundária Zalbategui, espaço onde são admitidas obras de jovens mas também de cineastas consagrados. É um prémio importantíssimo para uma cineasta debutante, sobretudo quando na competição estavam cineastas como Hong Sang-Soo, Philippe Garrel ou Peter Strickland. A cineasta estreante recebeu 20 000 euros correspondentes ao prémio.


Na secção principal, a Concha de Ouro foi para Beginning, de Dea Kulumbegashvili, da Geórgia, história sobre preconceitos religiosos numa pequena cidade de província onde uma comunidade de Testemunhas de Jeová é atacada por um grupo extremista. Um filme aclamado pela crítica presente, tal como o prémio do júri, Crock of Gold, A Few Rounds With Shane Macgowan, de Julien Temple, documentário sobre o líder dos The Pogues, Shane Macgowan, produzido por Johnny Depp. Uma afirmação "rock n'roll" do júri presidido pelo cineasta italiano Luca Guadagnino.

O mesmo júri deu ainda o prémio de realização a Dea Kulumbegashvili pelo filme Beginning, o grande vencedor deste festival. Nesse mesmo palmarés Beggining ainda ganhou o prémio de melhor atriz para Ia Sukhitashivili, enquanto o prémio de melhor ator foi repartido por Mads Mikkelsen, Thomas Bo Larsen, Magnus Millang e Lars Ranthe, os "beberrões" de Another Round, muito provavelmente o melhor filme do festival, história sobre uma experiência de um grupo de professores dinamarqueses que decidem ensinar com uma taxa alcoólica de 0.5.

Begging, o filme da Geórgia, ainda venceu o prémio de argumento, quase como um "statement" do júri relativa à restante qualidade da seleção do festival.

Além de A Metamorfose dos Pássaros a presença portuguesa foi bem notada no festival. Simon Chama, de Marta Sousa Ribeiro, produção da Videolotion, produtora responsável de Verão Danado, de Pedro Cabeleira, foi também uma das sensações da Zalbategui.

Nas curtas-metragens Pedro Peralta apresentou o belíssimo Noite Perpétua, história sobre um episódio trágico durante a repressão franquista. Uma evocação espanhola filmada com um rigor estético que é imponente. Em Portugal vai ter a sua estreia no Festival de Curtas de Vila do Conde.

De referir ainda que a coprodução portuguesa da Terratreme com a Lituânia, In The Dusk, de Sharunas Bartas, teve a sua estreia mundial no festival. Foi uma das desilusões desta edição.

O Festival de San Sebastián foi marcado por fortes medidas seguranças anti-pandemia, em que antes de cada sessão todos os acreditados eram obrigados a esfregarem a mãos em gel desinfectante e usar máscara em todas as sessões. Medidas que levaram à muito mediática expulsão do cineasta Eugène Green depois de recusar entrar no palco com máscara. San Sebastián foi sobretudo um grito para as pessoas voltarem ao cinema.


por Rui Pedro Tendinha, in Diário de Notícias | 27 de setembro de 2020
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Diário de Notícias

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