"É de Cultura como instrumento para a felicidade, como arma para o civismo, como via para o entendimento dos povos que vos quero falar"

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A ressurreição da sátira: Poemas em Tempo de Peste

Poemas em Tempo de Peste não é só um livro de poemas, é uma aventura em que se fundem literatura e vida.


Merda para esta vida de paz,
diria, se fosse escritor naturalista:
porque, já agora, tanto me faz
comer um bife ou simplesmente alpista.
 

Com esta desembaraçada franqueza, o poeta Eugénio Lisboa enfrenta, desabafa, ri-se e faz-nos rir deste perigoso mundo em que um vírus nos pôs a viver. Poemas em Tempo de Peste não é só um livro de poemas, é uma aventura em que se fundem literatura e vida. Ah, mas fundem-se com um grande sentido lúdico e um melancólico langor, que tanto toca em Camões, Eliot ou Almada, como no sabor a paraíso de uma África que já foi, porque «o passado sempre conta / quando o vírus já desponta!» 

À mesa destes Poemas em Tempo de Peste, são chamados a sentar-se os grandes do mundo. De um Trump «fodido», diz Eugénio Lisboa, «Que chatice se ele ficasse / no governo e nos lixasse», para logo se espantar com a nossa presidente do Banco Central Europeu: 

A Senhora Christine Lagarde
acha que os velhos vivem demais;
pra que a economia se resguarde
há que apressar os ritos finais.
 

A política nacional merece outros mimos a Eugénio Lisboa. Como este aceno a um deputado: 

O Nuno Melo tem medo
de tudo que não conhece
e tornou-se, muito cedo,
ctivo no Cê Dê Esse.
 

Ou este mimo escatológico a um partido exuberante: 

Fala o CHEGA como bufa,
não conhece outro falar:
quando tenta uma chufa,
fá-lo como a evacuar!
 

Os Poemas em Tempo de Peste de Eugénio Lisboa tanto cantam o admirável Pinto da Costa em decassílabos (não murchos) «com umas rimas do caraças», como exaltam em redondilha maior o génio singular de Gonçalo M. Tavares: 

Ele diz coisas geniais
e diz coisas pessoais,
mas as coisas pessoais
não são nunca geniais
e as coisas geniais
mais parecem de jograis!
 

Poemas em Tempo de Peste não é só um livro, é a ressurreição da sátira, e é um reencontro da poesia com o riso libérrimo. Poesia clara que nos sacode da letargia destes dias e nos convida à plenitude da vida: 

Lixe-se a melancolia,
refúgio de quem não luta,
e combata-se, de dia,
o vírus filho da puta!
 

Lê-se com sofreguidão e gosto: em confinamento ou na rua, em silêncio ou em voz alta. Há quanto tempo já não lhe falavam de um livro assim? Chama-se Poemas em Tempo de Peste. Eugénio Lisboa é o seu autor. Uma edição da Guerra e Paz, para ler já a partir do dia 29 de Setembro, numa livraria perto de si ou no site da editora.  

Poemas em Tempo de Peste
Eugénio Lisboa
Ficção / Poesia
96 páginas · 15x20 · 11,00 €
Guerra e Paz, Editores 

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