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A força da inconfundível escrita de Jorge de Sena
A Livros do Brasil publica O Físico Prodigioso, o mais recente título da coleção Miniatura, que já soma 15 volumes.
Depois de Sinais de Fogo, é a vez de a obra O Físico Prodigioso merecer uma reedição em formato de livro de bolso. Recomendada pelo Plano Nacional de Leitura para o Ensino Secundário, esta narrativa de Jorge de Sena como que se divide em dois momentos: o de uma paixão impossível entre um médico-bruxo e uma fidalga, e, mais tarde, o da condenação dessa mesma liberdade amorosa.
O protagonista destas aventuras combina a excecionalidade de dois homens de uma história medieval de autor desconhecido: um que curava e ressuscitava os demais com o seu sangue e um outro que não podia ser enforcado porque o Diabo o protegia. Pactos com o demónio e perseguições inquisitoriais, erotismo e chapéus de invisibilidade, aleatoriedade de tempo e de espaço determinam, então, o destino deste físico prodigioso.
Em diversas passagens, próximas daquilo que podemos chamar de poesia visual, a obra atreve-se a um certo experimentalismo, revelando em simultâneo ao leitor o mesmo momento vivido por diferentes personagens, ou, mais curioso ainda, o mesmo discurso dito e pensado. Os poemas intercalados na narrativa são todos originais, num trabalho exploratório do autor a partir de versos medievais.
[…] O Físico Prodigioso, ao que posso deduzir da fé que tenho nele e que outros igualmente têm tido, sabe perfeitamente viver ou morrer (para mais viver inteiramente por si mesmo, sustentado pela força do amor que tudo manda, e pelo ímpeto da liberdade que tudo arrasa.»
Jorge de Sena, 1977
SOBRE O LIVRO
O Físico Prodigioso
Foi ao recordar dois episódios do Orto do Esposo, obra moralística portuguesa do início do século xv, que Jorge de Sena se viu tentado a cruzar duas das suas personagens: um físico, médico-bruxo, que sangra o seu corpo para curar os males de outros, e o endemoninhado que sobrevive à vertigem da morte no cadafalso. Contudo, em O Físico Prodigioso entrelaçam-se muito mais que duas narrações medievais. Nele desenrola-se uma história ungida pelo erotismo e pelos desejos da carne, ainda que epítomes da sagração da liberdade e do amor. Uma novela, como gostava de a apelidar o autor, publicada inicialmente na coletânea Novas Andanças com o Demónio (1966), que viria a ser reeditada individualmente, em 1977.
Ver primeiras páginas
Título: O Físico Prodigioso
Autor: Jorge de Sena
N.º de Páginas: 120
PVP: 8,80 €
Coleção: Miniatura
SOBRE O AUTOR
Jorge de Sena
Nasceu em Lisboa, a 2 de novembro de 1919, e morreu em Santa Bárbara, na Califórnia, a 4 de junho de 1978. Licenciado em Engenharia Civil pela Faculdade de Engenharia do Porto, parte para o exílio no Brasil em 1959 e aí doutora-se em Letras e torna-se regente das cadeiras de Teoria da Literatura e de Literatura Portuguesa. Muda-se para os EUA em 1965, lecionando na Universidade de Wisconsin e, anos depois, na Universidade da Califórnia. Poeta, ficcionista, dramaturgo, ensaísta e tradutor, é considerado um dos mais relevantes escritores de língua portuguesa do século XX, autor de títulos como Metamorfoses (1963), Os Grão-Capitães (1976), O Físico Prodigioso (1977) e Sinais de Fogo (1979), este último considerado a sua obra-prima.