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Cinema

Curtas estreia nova secção dedicada a amplificar novas vozes do cinema mundial


Chamar-se-á New Voices a nova secção não competitiva do Curtas de Vila do Conde que pretende ser um espaço para a mostra de realizadores e realizadoras emergentes, cuja obra de curtas e primeiras longas metragens constitua já um corpo de trabalho consistente e diferenciador. Numa altura em o cinema se debate com novos desafios à sua distribuição, este espaço programático solidifica o compromisso do festival vila condense para com a descoberta de novas tendências e o apoio à cinematografia que marcará o futuro do sector. Para a primeira edição a escolha faz-se com vozes no feminino. Três realizadoras, com diferentes conexões ao próprio festival, cujo trabalho, em filme, performance e instalação, tem espelhado, de forma particularmente idiossincrática, questões de identidade, sentimento de pertença e conexão a territórios. Elena López Riera, Ana Elena Tejera e Ana Maria Gomes são as novas vozes para conhecer entre 3 e 11 de outubro.

Elena López Riera é uma artista visual e cineasta espanhola, trabalhando, desde 2008 na Suíça, onde leciona cinema e literatura na Universidade de Genebra. É co-fundadora do colectivo Lacasinegra dedicado à pesquisa e experimentação de novos dispositivos audiovisuais. A sua primeira curta metragem, Pueblo, estreou no Festival de Cinema de Cannes e o seu filme Las vísceras foi selecionado para o Festival de Cinema de Locarno, onde viria a ganhar o Poardino de D'oro, em 2018,com Los que desean. O seu trabalho interroga as formas como as novas gerações questionam o património cultural transmitido, bem como as formas como as ações individuais representam a consciência coletiva.

Ana Maria Gomes é uma artista e cineasta franco-portuguesa, que vive e trabalha em Paris. Formada na École Nationale Supérieure des Arts Decoratifs em Paris, continuou seus estudos no Le Fresnoy, com especialização em video-arte. Em 2004, realizou a sua primeira curta-metragem Simomen, um retrato de seu irmão de 14 anos. Em 2014, realizou António, Lindo António, um filme sobre seu tio que deixou Portugal e foi para o Brasil há 50 anos - para nunca mais voltar. A obra de Gomes concentra-se no papel da ficção na construção de identidades pessoais, com particular enfoque no seu círculo íntimo e familiar.

Ana Elena Tejera é uma cineasta, artista visual e atriz panamiana. Estudou psicologia, artes cênicas e cinema documental e é atualmente artista residente no Le Fresnoy. Estudou com Béla Tar, Pedro Costa, José Luis Guerin, Patricio Guzman, entre outros, tendo ainda colaborado no restauro de parte do arquivo de filmes do Panamá na Filmoteca da Catalunha. É também criadora e diretora artística do Festival de La Memoria, um projeto artístico de performance e instalações em espaços urbanos descontextualizados com imagens de arquivos políticos, e membro da Companhia de Teatro Chroma Teatre de Barcelona. Interessa-se sobretudo pelo cruzamento de formatos audiovisuais e performance. Tejera estreou a sua seu primeira longa-metragem, Panquiaco, no Festival Internacional de Cinema de Roterdão.

Partindo de linguagens distintas, os trabalhos de Tejera, Gomes e Riera ocupam-se dos territórios pessoais e das intimidades, vertendo um olhar próximo e contemporâneo sobre questões ligadas às suas heranças culturais e enraizando-se inevitavelmente no meio onde cresceram. Através dos seus filmes, desafiam-nos a  problematizar as questões ligadas a uma herança cultural marcada por rituais ancestrais e com forte origem no território masculino. O foco que o Curtas de Vila do Conde lhes dedica incluirá a passagem de Más que a mi suerte, Pueblo, Las vísceras, Los que desean, Panquiaco, António, Lindo António e Bustarenga.

Recorde-se a propósito que Ana Maria Gomes venceu a Competição Nacional em 2016 com António lindo António, sendo o seu mais recente filme, Bustarenga uma produção da Curtas CRL. Elena Lopez Riera foi a vencedora da última edição do festival com o filme Los que desean eAna Elena Tejera acaba de realizar Panquiaco, a sua primeira longa metragem, estreada no festival de Roterdão, e rodada entre Vila do Conde e o Panamá.

 

As novas confirmações juntam-se ao já anunciado foco no realizador espanhol Isaki Lacuesta e à programação de cine-concertos que, este ano, contam com a estreia do novo projecto de The Legendary Tigerman, Pedro Maia e Íris Cayatte e a primeira apresentação de O Sentido da Vida, longa de Miguel Gonçalves Mendes a estrear para o ano. A programação do festival, que este ano se realiza entre 3 e 11 de outubro, será revelado no decurso dos próximos meses, assim como os detalhes sobre a compra de bilhetes.

 

 

PROGRAMAÇÃO

António, Lindo António, Ana Maria Gomes, França, 2015, DOC, 41'47''

Bustarenga, Ana Maria Gomes, Portugal, França, 2019, DOC, 30''

Las Vísceras, Elena López Riera, Espanha, França, 2016, FIC, 15''

Los Que Desean, Elena López Riera, Espanha, Suiça, 2018, FIC, 24''

Más Que A Mi Suerte, Elena López Riera, Espanha, 2007, FIC, 14''

Panquiaco, Ana Elena Tejera, Panamá, 2020, DOC, 80'

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