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Revelados os Vencedores do Fuso 2020

Conheça aqui os vencedores da Open Call da 12ª edição do FUSO - Anual de Videoarte de Lisboa.
  


O júri presidido por Margarida Chantre (Fundação EDP/MAAT) e composto por Isabel Nogueira, Irit Batsry, Yuri Firmeza e Susana de Sousa Dias como observadora, decidiu atribuir o Prémio Aquisição Fundação EDP/MAAT à obra Metalheart de Welket Bungué, no valor de 2.500€, e uma Menção Honrosa a Nuno Cera que apresentou Hello Tomorrow.

Já Prémio Incentivo Restart, resultado da votação pelo público, foi atribuído à obra Letters to Nowhere de Kopal Joshy. Este prémio consiste num apoio, através de cedência de recursos e meios técnicos no valor de 1.500€.

Os videos da Open Call, assim como todos os programas curatoriais podem ser vistos no site do fuso até à meia-noite de 6 de setembro - www.fusovideoarte.com.

O Open Call da 12ª edição do Festival Fuso recebeu este ano 176 candidaturas de entre as quais foram selecionadas pelo diretor artístico do Festival, Jean François- Chougnet, 17 obras de artistas portugueses e estrangeiros a viver em Portugal. O júri quer agradecer desde já a participação dedicada de todos e congratula, em particular, os finalistas pela sua nomeação.

É com enorme prazer e reconhecimento que anunciamos como vencedor desta edição o vídeo de Welket Bungué (Guiné-Bissau, 1988), ‘Metalheart’ de 2020 pelo despojamento que o mesmo apresenta na sua abordagem visual e sonora, mas também por uma qualidade poética marcadamente crua que o mesmo aporta na sua reflexão ao tema proposto para este ano: ‘Diversidade. Adversidade’. O filme de 7 minutos regista a história diária de uma escavadora que trabalha numa lentidão de destroços e paisagem numa doca no Mindelo em Cabo Verde. Nesta aproximação imediata da câmara a uma aparente cena banal surge, por entre a estranheza da mesma, a interrogação sobre o retrato de uma outra realidade que coexiste com a nossa. Esta máquina de ferro, enferrujada e vagarosa, expõe a metáfora para os nossos próprios corações metálicos e para as feridas de uma diversidade global que o tempo presente enuncia com as suas consequentes adversidades.

O júri decidiu também atribuir uma menção honrosa à obra ‘Hello Tomorrow’, 2020 de Nuno Cera pela narrativa visual intimista e fluída que o vídeo constrói sobre a interrogação do tempo do futuro. Pela janela da sua própria casa, o artista deambula entre um olhar pessoal (da casa, de dentro, do eu, do ontem) para um olhar do lado coletivo (da rua, do exterior, o outro, o amanhã) e assim vai questionando os polos opostos de um diálogo sobre a sua e nossa realidade.

Margarida Chantre, presidente do júri

O FUSO - Anual de Videoarte Internacional de Lisboa está inserido no programa Lisboa na Rua, uma iniciativa da Câmara Municipal de Lisboa e EGEAC.


 

 

 

Metalheart,  Welket Bungué
7’, 2020

Um corpo cheio de marcas do passado, cicatriza mágoas do passado e esconde perdas vivas. Aqui pulsa um coração invulnerabilizado pelo ruído, ferro e torção. Hoje as nossas fronteiras estão mais limitadas do que nunca. Quem são os confinados/as, quem decide quem pode entrar e fazer parte ou não?! Devemos lidar com a migração como se fosse um cadáver envenenando a nossa mansuetude, ou é uma pergunta real que o capitalismo imperialista ocidental evita a todo o custo responder? A questão é: você está disposto/a a  encarar esta premissa (anti)ética? 

Créditos
Criação: Welket Bungué
Produção: Kussa Productions, Welket Bungué
Agradecimentos: Kristin Bethge, Stephan Curry
Seleção Oficial XXIV AFRIKA Filmfestival - YAFMA COMPETITION (Bélgica, Outubro 2020)

Biografia
Welket Bungué é de etnia balanta, nasceu em Xitole (Guiné-Bissau) a 7 de Fevereiro de 1988, é ator e realizador guineense-português. É licenciado em Teatro no ramo de Atores (ESTC/Lisboa) e pós-graduado em Performance (UniRio/RJ). É Membro Permanente da Academia Portuguesa de Cinema desde 2015, e membro da Deutsche Filmakademie desde 2020. Em 2012 foi distinguido com “Prémio de Melhor Ator” pela sua interpretação em 'Mütter'. Em 2019 produziu mais de seis curtas-metragens tais como 'Intervenção Jah', 'É Bom Te Conhecer' ou 'Corre Quem Pode, Dança quem Aguenta' e os seus filmes têm circulado internacionalmente por inúmeros festivais de cinema tais como o Africlap (França), Zanzibar Intl. Film Fest., Afrikamera (Berlim), IndieLisboa, DocLisboa, Fest. Intl. de Cinema do Rio de Janeiro ou o Stockholm Dansfilmfestival. Welket realizou as curtas-metragens 'Eu Não Sou Pilatus'(2019), 'Arriaga'(2019) e 'Bastien'(2016) no qual foi distinguido com os prémios “Melhor Ator” e “Melhor Primeira Obra” nos prémios Shortcutz 2017 em Viseu e Ovar respetivamente. Ainda em 2019 foi distinguido com o prémio “Angela Award - On The Road” no Subtitle Festival em Kilkenny, na Irlanda. Em 2020 Welket é o protagonista de 'Berlin Alexanderplatz' (Comp. Intl. Berlinale 2020), realizado por Burhan Qurbani, em que a sua interpretação lhe valeu uma indicação ao Urso de Prata e uma nomeação como “Melhor Ator Principal” nos prémios LOLA da Academia Alemã de Cinema (Deutscher Filmpreis). É co-fundador da produtora KUSSA, faz locução para entidades internacionais, desenvolve Escrita Dramática, Argumento de Cinema, Performances e Teatro. Atualmente vive em Berlim.

 

 

Hello Tomorrow, Nuno Cera
3’49'', 2020

Hello Tomorrow é um vídeo realizado entre o Verão de 2018 e o Verão de 2020 a partir da minha casa na Rua da Madalena, no centro histórico de Lisboa. O projeto testemunha e observa a passagem do tempo, explora as mudanças neste epicentro da cidade e questiona as relações e conexões entre todos nós, na nossa aparente diversidade. A casa torna-se o observatório, abrigo íntimo para uma introspecção, mas sempre na presença dos outros. À sequência dos dias e das noites, as relações cósmicas acontecem na fuga do olhar para o céu. A cidade transforma-se do aparente familiar ao muito estranho, da presença à ausência dos corpos e dos seus movimentos.
Hello Tomorrow como documento, como memória para o futuro, o que fica na dicotomia entre hiper densidade, capitalismo e o vazio, realizado no  momento da grande "pausa humana". É também um alerta irónico sobre a ignorância, o largo num bairro antigo como o universo. Da micro economia dos imigrantes, ao turismo massificado e também como local de refúgio para as pessoas em situação de sem-abrigo. Um argumento poético pelo palco urbano, pronto para uma convivência inclusiva ainda para nascer....

Biografia
Fotógrafo e videoartista. O seu trabalho aborda questões espaciais, arquitetura e situações urbanas, através de formas poéticas e documentais. Estudou na Maumaus - Escola de Artes Visuais, de 1995 a 1997. Bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian (Bolsa João Hogan) para a residência artística na Künstlerhaus Bethanien, Berlim. Em 2002 publicou com o arquitecto Diogo Seixas Lopes, o livro Cimêncio, um levantamento de paisagens suburbanas. Nomeado para o prémio BES Photo em 2004. Residência artística no ISCP - International Studios and Curatorial Program, Nova Iorque, USA, 2006. Entre 2007 e 2010 realizou o projeto Futureland, uma investigação artística sobre 9 metrópoles (com o apoio da DGARTES - Ministério da Cultura de Portugal). Em 2012 foi seleccionado na XX edição da Bolsa Fundación Botin, Santander, com o projecto A Sinfonia do Desconhecido. Residência artística na International Artist Residency Récollets, Paris, 2013. Realizou as fotografias para os guias de arquitectura Álvaro Siza; Eduardo Souto de Moura; João Luís Carrilho da Graça e Aires Mateus (2017-2019). Artista convidado na representação oficial portuguesa na Bienal de Arquitetura de Veneza Public without rhetoric, em 2018. Participou em 2019 na XIII Bienal de Arte de Havana - El futuro ya ha comenzado.
Está representado em diversas coleções públicas e privadas. 
Exposições Individuais recentes: Hora Certa; Galeria Miguel Nabinho, Lisboa, 2019; The Blur City; Fundação Oriente – Casa Garden, Macau, 2019; Estranha Leveza; CCB, Lisboa, 2019; Poesia Mineral; Galeria Millennium, Lisboa, 2018; Façades, Porta 14, Lisboa, 2017; A Pressão da Luz, Galeria Millennium, 2017, Lisboa; Vestiges du Réel, Instituto Camões, Luxemburgo, 2016; Tour d´Horizon | Amadeo de Souza-Cardoso, Grand Palais, Paris, 2016; Symphony of the Unknown, Kunstraum Botschaft, Berlim, 2016; L'Année Dernière, Galeria Miguel Nabinho, Lisboa, 2016

 

 

Letters to Nowhere, Kopal Joshy
10'15'', 2018

Ao atravessar a banalidade e o peso das palavras que viajam nos cartões postais, Letters to Nowhere é uma cine-carta que olha as palavras escondidas fora de um envelope lacrado. Este poema visual conta a história de um momento frágil na vida da protagonista e dos seus entes queridos. Ela testemunha e narra através dos seus olhos infantis, tanto naquela época como agora. Através do ato de ocultar as palavras do passado, abre-se de novo um diálogo sobre a vulnerabilidade familiar através de vozes desconhecidas por detrás de cartas anónimas.

Biografia
Kopal Joshy (1993) é uma realizadora e diretora de fotografia indiana a viver em Lisboa. Em 2018, terminou o mestrado DocNomads em Direção de Documentários, que ocorre em Portugal, Hungria e Bélgica, com o apoio do programa Erasmus +. Em 2015, concluiu a sua licenciatura em produção de vídeo digital na Srishti School of Art, Design and Technology, em Bangalore, na Índia. Kopal estou fotografia na Edinburgh College of Arts, Escócia, em 2013. Atualmente, está a desenvolver o seu o primeiro documentário com a Terratreme Filmes em Lisboa, Portugal.

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