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Uma obra-prima de Vasco Pereira Lusitano no Museu Nacional de Arte Antiga

Virgem del Buen Aire é o título de uma das mais importantes obras de Vasco Pereira Lusitano (1536/7-1609), o pintor português radicado em Sevilha, que se junta ao acervo do MNAA, graças a um depósito por 5 anos do casal Mme Odile Pereira e M. Armando Pereira.

©Sotheby’s Londres


Entre 30 de julho e 13 de dezembro, o público poderá apreciar ao vivo esta obra-prima do início do século XVII.

Exemplo do tardo-maneirismo sevilhano, e uma das grandes obras-primas de Vasco Pereira Lusitano, a Virgem del Buen Aire (1603) representa a imagem da Virgem entre São José e Santa Ana, rodeada de Santos e dos Reis Magos, espelhando toda a evolução do pintor que para esta obra recolhe vários elementos da sua aprendizagem com o italianizado pintor sevilhano, Luis de Vargas e os mistura com a exuberância decorativa do Maneirismo flamengo.

Virgem del Buen Aire foi pintada para a igreja da irmandade homónima que reunia, no bairro de Triana, os mestres, capitães e donos de navios que se dedicavam ao comércio com as Américas. Fundada ainda na primeira metade do século XVI, esta irmandade, ou “universidade dos mareantes”, nome pelo qual também era conhecida, é documentalmente referida a partir de 1555, instalando-se em 1573 junto ao Guadalquivir, numa igreja e hospital então inaugurados, e que foram a sua sede até 1704, altura em que se mudaram para o Real Colégio de San Telmo. Segundo os seus Estatutos e Regimento, aprovados pelo arcebispado de Sevilha, em 1561 e 1562, e pelo rei Filipe II em 1579, a irmandade dedicava-se à assistência aos mareantes, à proteção social dos reformados pobres, órfãos e filhas dos navegadores e ao resgate dos marinheiros aprisionados por piratas ou nações inimigas. Como boa parte da riqueza da cidade, então a maior da Península, se baseava no comércio com as Américas, facilmente se percebe a importância desta obra de Vasco Pereira. A pintura permaneceu na posse da irmandade sevilhana até 1845, altura em que passou à coleção dos Viscondes de Palma, em Palma do Condado (Huelva), em cuja família permaneceu até data recente.

Vasco Pereira Lusitano
Vasco Pereira nasceu em Lisboa, entre os anos de 1536 e 1537, provavelmente de uma família com raízes em Évora, como ele próprio menciona numa das suas obras. Aprendeu pintura em Sevilha com um dos mais importantes pintores italianizados de meados do século XVI, Luis de Vargas ( 1502-6- 1567), que foi também o mestre de Francisco Venegas, um pintor sevilhano que se viria a estabelecer em Lisboa.

Antes de 1562, tinha já deixado a oficina de Vargas e, nesse ano, como pintor autónomo, assinava um S. Sebastião na igreja de Santa Maria de la O de Sanlúcar de Barrameda, a mais antiga pintura que se lhe conhece. Outras obras, como a predela da Natividade, do Museu Nacional de Arte Antiga, de 1575, a Anunciação, da Igreja de San Juan Bautista de Marchena, o Santo Onofre, do Museu de Dresden (1583), pintado para uma capela do Pátio de los Naranjos da Catedral de Sevilha, ou a Virgem com o Menino e Anjos Músicos, do Museu Carlos Machado (1604), proveniente do colégio dos Jesuítas de Ponta Delgada, documentam a atividade deste pintor, um dos melhores mestres sevilhanos da sua geração e, certamente, o mais importante pintor português radicado no estrangeiro na segunda metade do século XVI.

Vasco Pereira, à semelhança de outros artistas sevilhanos, era um pintor bastante culto, com uma enorme coleção de gravuras e uma biblioteca de 241 livros, um número invulgar de obras para alguém sem formação universitária. Em 1599 foi eleito para a direção da corporação dos pintores sevilhanos, assumindo uma primazia entre os mestres locais, que só lhe podia então ser disputada por Alonso Vázquez, com quem de resto se associou, e Francisco Pacheco, o culto pintor sogro de Velázquez.

Vasco Pereira foi ele próprio iniciador de uma linhagem que, passando pelo seu genro, Antón Pérez, chegaria a Murillo.

A pintura agora exposta no MNAA, para além de aumentar a coleção com uma importante obra deste mestre nascido em Portugal, permite apresentar um exemplo raro nas nossas coleções do tardo-maneirismo sevilhano que, em breve abriria a pintura espanhola aos alvores do Naturalismo do Siglo de Oro. Trata-se certamente de uma das melhores obras de Vasco Pereira, notável quer pela composição do largo grupo de figuras, quer pela exuberância de tecidos, jóias e peças de ourivesaria que mostra, numa riqueza formal e decorativa anunciadora do Barroco.

O Museu Nacional de Arte Antiga não pode deixar de expressar a sua profunda gratidão aos proprietários da pintura, Mme Odile Pereira e M. Armando Pereira, por este generoso depósito, agradecimento que estendemos ao Dr. João Magalhães, da Sotheby’s de Londres, por ter contribuído para que o mesmo se tornasse possível. 

Vasco Pereira Lusitano (Lisboa, c. 1536/7-Sevilha, 1609)
Virgem del Buen Aire
1603
Óleo sobre tela
189 x 135 cm
Depósito, Coleção privada, 2020  

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Os Museus, Palácios e Monumentos nacionais tutelados pela Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), onde se inclui o Museu Nacional de Arte Antiga, associaram-se à campanha do Turismo de Portugal com a atribuição do selo “Clean & Safe”.

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Sobre o Museu Nacional de Arte Antiga
Criado em 1884, o MNAA - Museu Nacional de Arte Antiga alberga a mais relevante coleção pública do país: pintura, escultura, artes decorativas – portuguesas, europeias e da Expansão –, desde a Idade Média até ao século XIX, incluindo o maior número de obras classificadas como «tesouros nacionais», assim como a maior coleção de mobiliário português. São também de grande relevância no acervo, nos diversos domínios, algumas obras de referência do património artístico mundial, não só na pintura, mas também no âmbito das suas coleções de ourivesaria, cerâmica, têxteis, vidros e ainda desenhos e gravuras.

Em exposição permanente, destaca-se a sala dedicada à história dos presépios portugueses, articulada com a Capela das Albertas, jóia do Barroco nacional, que é composta por mais de duas dezenas de obras, incluindo presépios completos e esculturas avulsas, na qual se podem encontrar desde os mais antigos fragmentos de figuras em barro até aos grandiosos conjuntos conventuais e palacianos, da autoria dos mais reputados escultores, desde o século XVI ao século XIX.

No acervo do MNAA, destacam-se os Painéis de São Vicente, de Nuno Gonçalves, obra-prima da pintura europeia do século XV, a Custódia de Belém, de Gil Vicente, mandada lavrar por D. Manuel I e datada de 1506, os Biombos Namban, do final do século XVI, registando a presença dos portugueses no Japão, Tentações de Santo Antão, de Bosch, exemplo máximo da pintura flamenga do início do século XVI, São Jerónimo, de Dürer, inovadora representação do Santo, e importantes obras de Memling, Rafael, Cranach ou Piero della Francesca. Destaque ainda para a Custódia da Bemposta, uma das mais ricas peças da ourivesaria barroca portuguesa, ou a escultura de Santa Ana Ensinando a Virgem a Ler, da autoria de Joaquim Machado de Castro, o mais importante escultor do período barroco português.

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