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A partir de setembro, e "em tempo de guerra", a dança vai tomar conta do Teatro Municipal do Porto
Um ciclo dedicado à coreógrafa cabo-verdiana Marlene Monteiro Freitas, a celebração do centenário de Merce Cunningham e o regresso de nomes fortes como Raimund Hoghe ou Jérôme Bel marcarão o primeiro semestre da temporada 2020/2021 do Teatro Municipal do Porto, onde reinará a recalendarização de peças que a pandemia manteve longe do palco. Programação completa é apresentada a 8 de setembro.
É a 17 de setembro que as salas de espectáculos do Rivoli e do Campo Alegre, os dois pólos do Teatro Municipal do Porto (TMP), celebram o reencontro com o palco. E este será, segundo o diretor Tiago Guedes, citado pela Lusa, um “início de temporada duplo”. O primeiro fim-de-semana será dedicado ao teatro: A Vida Vai Engolir-vos, peça de dez horas em que o ator e encenador Tónan Quito adaptará, de uma assentada, quatro grandes textos dramáticos de Anton Tchékhov (A Gaivota, Três Irmãs, O Tio Vânia e O Ginjal), aterrará no auditório principal do Rivoli em duas partes, divididas entre os dias 17 e 19 (a peça passa também pelo Teatro Nacional São João nos dias 18 e 19), e a Erva Daninha apresentará a peça Ready ao ar livre, na Praça D. João I, a 18 e 19. O segundo fim-de-semana abraçará a dança: nos dias 25 e 26, a companhia de dança L-E-V, dos israelitas Sharon Eyal e Gai Beha, trará, também ao Rivoli, o espetáculo OCD Love, iniciando-se a aposta na dança que marcará uma grande parte desta nova temporada.
A programação completa do primeiro semestre da temporada 2020/2021 só é apresentada a 8 de setembro, mas, em jeito de aperitivo, o Teatro Municipal do Porto decidiu desvendar ligeiramente a cortina esta semana e partilhar alguns dos destaques nas salas do Rivoli que marcarão o condicionado regresso à atividade. No fim de outubro, os holofotes recairão fundamentalmente sobre a obra de Marlene Monteiro Freitas, a coreógrafa cabo-verdiana radicada em Lisboa que em 2018 foi galardoada com o Leão de Prata da Bienal de Veneza. Mal – Embriaguez Divina, a sua mais recente criação, ocupa o grande auditório do Rivoli nos dias 29 e 30 desse mês. As apresentações integram um ciclo especial de programação dedicada ao trabalho da bailarina, ciclo esse que incluirá sessões de cinema, conferências, workshops e, explica Tiago Guedes, a remontagem de “duas das suas peças mais emblemáticas”. O programa terá curadoria de Alexandra Balona.
Tanto como a dança, mandará nesta rentrée a recalendarização. No início de Novembro, entre os dias 6 e 8, o Rivoli acolherá Poesia da Idade do Rock, peça que deveria ter tido a sua estreia em Março e que, pela terceira vez, juntará o Teatro Experimental do Porto, de Gonçalo Amorim, ao músico Paulo Furtado, vulgo Legendary Tigerman. Uma semana depois, a 13 e 14, o Ballet de Lorraine tem uma nova oportunidade de avançar com o seu programa comemorativo do centenário de Merce Cunningham, com recriações de For Four Walls, RainForest e Sounddance, três das peças mais celebradas do histórico bailarino e coreógrafo norte-americano.
2021 também começa com reprogramações: nos dias 14 e 16 de janeiro, o coreógrafo alemão Raimund Hoghe, nascido na Wuppertal que Pina Bausch tornou incontornável (Hoghe foi dramaturgo de Pina durante uma década) traz Canzone per Ornella (14) e Postcards from Vietnam (16), cujas apresentações estavam originalmente calendarizadas para Maio deste ano. Nas duas récitas, Hoghe trabalhará com Takashi Ueno e Ji Hey Chung, dois dos seus intérpretes habituais, e a bailarina Ornella Ballestra, conhecida pelo trabalho desenvolvido com o coreógrafo Maurice Béjart, um dos fundadores da dança contemporânea.
Restam as novidades agendadas para fevereiro de 2021, mês em que o coreógrafo francês Jérôme Bel regressará a Portugal, recuperando o espetáculo The Show Must Go On – peça com música de David Bowie, Nick Cave, Mark Knopfler, John Lennon, Paul McCartney, George Michael, Edith Piaf, Lionel Richie, os Queen ou os The Police que, aponta o TMP no seu site, se assemelha “a uma espécie de karaoke coreográfico em que os intérpretes fazem exatamente o que lhes é dito nas letras das canções, alterando dessa forma a relação entre o que vemos e o que ouvimos, o que esperamos e o que recebemos, o que sentimos e o que percebemos”. Em ano de 20.º aniversário da criação, The Show Must Go On será remontada com 20 intérpretes locais de Lisboa e do Porto, passando pelo Rivoli antes de chegar à Culturgest e ao Teatro Viriato.
Também em Fevereiro, nos dias 19 e 20, a Companhia Nacional de Bailado terá no Rivoli o programa Dançar em tempo de guerra, que reúne as obras Chronicle e A Mesa Verde, peças criadas nos anos 30 por Martha Graham e Kurt Jooss, respetivamente.
O anúncio da restante programação acontece, presencialmente, a 8 de setembro. A partir desta quarta-feira, 22 de julho, o TMP terá disponível para venda, tanto nas bilheteiras físicas do Rivoli e do Campo Alegre como na bilheteira online, a “Assinatura 6”, que, por 40 euros, dá acesso às seis apresentações de dança já anunciada, que totalizam dez espetáculos (OCD Love, Mal – Embriaguez Divina, For Four Walls + RainForest + Sounddance, Canzone per Ornella + Postcards from Vietnam, The Show Must Go On e Chronicle + A Mesa Verde).
por Daniel Dias in Público | 21 de julho de 2020
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Público