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A perspicácia social de Eça de Queiroz reeditada em dose dupla

No ano em que se assinalam os 120 anos da morte do autor, as obras O Crime do Padre Amaro e A Relíquia ganham edições renovadas no catálogo da Livros do Brasil.


Ambos recomendados como sugestão de leitura para o Ensino Secundário pelo Plano Nacional de Leitura (PNL), os romances agora reeditados são exemplos máximos da escrita perspicaz e, por isso, ainda atual de Eça de Queiroz. Em O Crime do Padre Amaro e A Relíquia encontramos um Eça sarcástico, que questiona os valores provincianos e o conservadorismo da sociedade portuguesa do século XIX, ao mesmo tempo que tece várias críticas aos moralismos da Igreja Católica.

As obras contam com fixação do texto e notas de Helena Cidade Moura.

SOBRE AS OBRAS

O Crime do Padre Amaro
Nesta obra polémica que gerou a contestação por parte da Igreja Católica portuguesa e, mais tarde, de outros que acusaram o autor de plágio, Eça de Queiroz definiu o que, para si, seria a principal função da Arte: uma extraordinária ferramenta de reforma social. É através do amor proibido entre Amaro, pároco recém-chegado à cidade de Leiria, e a jovem Amélia, filha da mulher que o hospeda, que se critica o clero católico e a sua promíscua influência nas relações domésticas. Se este livro parecia e poderia ser a morte anunciada de uma carreira literária sólida, tornou-se na verdade um dos textos centrais da obra de Eça de Queiroz, que prova aqui, mais uma vez, ser a voz da frente na denúncia da hipocrisia dos valores da sociedade portuguesa. A presente edição — que respeita a edição de 1880 (revista pelo autor) e tem Cenas da Vida Devota por subtítulo — é precedida de uma carta de Antero de Quental.
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Título: O Crime do Padre Amaro
Autor: Eça de Queiroz
Fixação do texto e notas: Helena Cidade Moura
N.º de Páginas: 552
PVP: 11,00 €
Coleção: Obras de Eça de Queiroz 

A Relíquia
Com o canudo de bacharel fresco na mão, Teodorico apressa-se de Coimbra para Lisboa com uma só missão: viver uma «existência de sobrinho da Sr.ª D. Patrocínio das Neves» e assegurar a sua herança avultada. Numa casa profundamente católica, Teodorico é exímio a encenar uma devoção e religiosidade extremas. Para que não restem dúvidas, aceita viajar até à Terra Santa, de onde promete trazer uma relíquia milagrosa que dará amparo e curará todos os males da titi. Mas, pelo caminho, conhece a inglesa Mary e ela oferece-lhe a sua camisa de dormir. História publicada inicialmente na Gazeta de Notícias, em folhetins, A Relíquia apareceria em volume em 1887, abalando o panorama da literatura portuguesa com mais uma acérrima crítica de costumes, denunciando a falsidade de certa burguesia religiosa e os seus moralismos inúteis. Assim o avisa a epígrafe Sobre a nudez forte da verdade — o manto diáfano da fantasia.
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Título: A Relíquia
Autor: Eça de Queiroz
Fixação do texto e notas: Helena Cidade Moura
N.º de Páginas: 304
PVP: 9,90 €
Coleção: Obras de Eça de Queiroz 

SOBRE O AUTOR

Eça de Queiroz
Nasceu a 25 de novembro de 1845, na Póvoa de Varzim, e é considerado um dos maiores romancistas de toda a literatura portuguesa, o primeiro e principal escritor realista português, renovador profundo e perspicaz da nossa prosa literária. Entrou para o Curso de Direito em 1861, em Coimbra, onde conviveu com muitos dos futuros representantes da Geração de 70. Terminado o curso, fundou o jornal O Distrito de Évora, em 1866, órgão no qual iniciou a sua experiência jornalística. Em 1871, proferiu a conferência «O Realismo como nova expressão da Arte», integrada nas Conferências do Casino Lisbonense e produto da evolução estética que o encaminha no sentido do Realismo-Naturalismo de Flaubert e Zola. No mesmo ano iniciou, com Ramalho Ortigão, a publicação de As Farpas, crónicas satíricas de inquérito à vida portuguesa. Em 1872, iniciou a sua carreira diplomática, ao longo da qual ocupou o cargo de cônsul em Havana, Newcastle, Bristol e Paris. Foi, pois, com o distanciamento crítico que a experiência de vida no estrangeiro lhe permitiu que concebeu a maior parte da sua obra romanesca, consagrada à crítica da vida social portuguesa e de onde se destacam O Primo Bazilio, O Crime do Padre Amaro, A Relíquia e Os Maias, este último considerado a sua obra-prima. Morreu a 16 de agosto de 1900, em Paris. 
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