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Livraria Barata lança campanha para salvar negócio

A Livraria Barata anunciou o lançamento de uma campanha de angariação de fundos com vista a obter 190 mil euros para revitalizar o negócio, que atravessa uma grave crise financeira e corre riscos de fechar.

Livraria barata cria crowdfunding para se revitalizar© Lojas com História/Site


A campanha prolonga-se até ao dia 3 de agosto e foi lançada esta terça-feira (16 de junho) por ser uma data simbólica para a Barata. Dia em que se comemoram 34 anos da requalificação arquitetónica do atual espaço alargado da livraria.

O valor angariado nesta campanha destina-se para restabelecer as mercadorias armazenadas, e garantir os custos de funcionamento, como rendas e ordenados, até final 2020.

Esta campanha será também utilizada para o preparar o espaço para a oferta de novas atividades e desenvolver uma plataforma de e-commerce, já a partir do terceiro trimestre de 2020.

"A Barata pretende utilizar o montante angariado exclusivamente em prol da melhoria do serviço prestado e, por isso, entende-o como uma forma de investimento direto dos cidadãos na sustentabilidade do comércio de proximidade", cita o comunicado.

Quanto às contrapartidas previstas para os doadores, serão vertidas em produtos culturais.

Essas contrapartidas vão desde cheques oferta, que podem ser descontados em livros e outros produtos comprados em loja exclusivos da Barata (marcadores de livros, postais ilustrados, sacos de pano) até livros assinados e obras de arte, de autores a anunciar.

A par desta iniciativa de crowdfunding, a livraria propõe-se desenvolver um plano de oferta cultural, formativa e informativa e uma estratégia de comunicação para atrair novos públicos e fidelizar os clientes, que conta assegurar com a sustentabilidade financeira do negócio.

"Esta campanha é justificada pela iminência de encerramento da Barata que vinha já lutando pela sustentabilidade financeira num quadro que se foi agravando ao longo dos anos devido à alteração de hábitos de consumo e de leitura que levaram à redução de clientes e à forma de organização do setor editorial e livreiro, em torno de grandes grupos, que esmagam a presença das livrarias independentes", esclarece.

A Barata admite que o "difícil equilíbrio de receitas e despesas era mantido graças às vendas semanais, mas "o advento dos dois meses iniciais do confinamento devido ao covid-19", que reduziu as vendas em quase 90%, "esmagou" esse equilíbrio precário.

A livraria viu-se então numa "situação insustentável", vivida sem acesso a quaisquer tipos de apoios, "por a sua atividade e características não fazerem da Barata entidade elegível" para esses apoios.

Ainda assim, durante o confinamento, e apesar de ter tido uma quebra de fornecimento de livros e publicações periódicas, a Barata decidiu manter-se aberta e vender ao postigo.

Procurou também adaptar o seu funcionamento, com o reforço dos meios digitais e a criação de um serviço de entregas ao domicílio para chegar aos clientes, "um esforço assumido mas feito com muito sacrifício pessoal e financeiro, da livraria e dos seus funcionários".

Criada há 63 anos e com percurso ligado à história de Lisboa

A Barata surgiu de uma empresa familiar, criada por António Barata, em 1957, com um percurso fortemente ligado à história de Lisboa. Chegou a ter uma cadeia de uma dúzia de livrarias espalhadas pela cidade, em pontos fulcrais como o Instituto Superior Técnico e o bairro de Campo de Ourique.

A origem de tudo é a livraria-mãe, na Avenida de Roma, que começou por ser uma pequena loja de livros, papelaria e tabacaria, que em 1986 sofreu uma transformação arquitetónica que a tornou o espaço que é hoje, com o seu piso em calçada portuguesa e estantes de inspiração modernista.

Nos anos de 2010, para dar impulso ao negócio, a Barata fez uma parceria de âmbito comercial com o Grupo Leya, que lhe permitiu acesso prioritário na comercialização de todas as chancelas do grupo, desde as edições gerais às escolares.

Contudo, foi esta mesma parceria que inviabilizou que a Barata, apesar de ser uma livraria independente dos grandes grupos, pudesse integrar a RELI - Rede de Livrarias Independentes.

Hoje classificada Loja com História, a Barata nasceu há 63 anos, "nas brumas da ditadura", e foi-se tornando um espaço de comunhão literária, mas também de resistência, de busca e partilha de conhecimento e informação.

Esse posicionamento valeu ao seu fundador a perseguição da polícia política, mas nem assim fechou as portas, alimentando sempre um espaço de cultura e de pensamento livre.

Criada à imagem das "grandes livrarias independentes, herdeiras da Europa das Luzes, precursoras da alfabetização e da promoção do conhecimento, numa lógica plural, humanista e universalista", a Barata evoluiu em dimensão e oferta, apostando no ensino técnico e na vertente infantojuvenil.

Hoje, a Barata afirma que mais do que uma livraria, é "um projeto pedagógico, de cidadania ativa em prol do livro e da leitura, uma casa que apoia muitas escolas no eixo Areeiro/Alvalade, e que reúne uma comunidade de leitores".

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in DN/Lusa | 16 de junho de 2020
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Diário de Notícias

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