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Plataforma Portugal entra em cena com mais de dois mil artistas e 30 entidades aderentes

Mercado digital lançado em março para apoiar o setor das artes e da cultura reuniu já a promessa de investimentos no valor de um milhão de euros.

Foto de Gonçalo Dias


Conta com a inscrição de mais de 2400 artistas, três dezenas de empresas e instituições públicas e privadas aderentes e mais de um milhão de euros prometidos, a plataforma lançada no último dia de março com o objetivo de ligar diretamente os artistas e criadores aos seus potenciais mecenas, numa resposta à crise deste sector criada pela pandemia da covid-19.

Com a designação Portugal#EntraEmCena, e desde o início patrocinado pela ministra da Cultura, este movimento entrou esta semana na sua segunda fase com a instalação do marketplace que irá permitir a negociação direta entre os artistas e os possíveis patrocinadores. “O marketplace está 100% operacional [desde o dia 4]”, disse à Agência Lusa Gonçalo Gaiolas, da tecnológica portuguesa Outsystems, empresa que desenvolveu o projeto.

Nesta mesma data, o site da plataforma registava a adesão de 30 empresas e instituições como a Caixa Geral de Depósitos, o BPI e o Millenniumbcp, o grupo Ageas Portugal, a Super Bock e a Sagres, a Renova e a Fidelidade, a Fundação EDP e o Centro Cultural de Belém (CCB), os Teatros Nacionais D. Maria II e São João e a Fundação Gulbenkian.

Já os mais de 2400 artistas registados provêm, diz a Lusa, “das mais diversas áreas: artes plásticas, artes visuais, cinema, dança, escrita, fotografia, música, pintura, teatro”.

“Este é um movimento inorgânico, sem nenhum líder ou promotor diferenciado”, disse ao PÚBLICO, sob anonimato, um dos técnicos que ajudou a montar a plataforma que, a partir de agora, vai permitir que todas as transações sejam “contratualizadas e processadas diretamente entre as partes”, lê-se no site.

Entre o dia em que a Portugal#EntraEmCena ficou online e o marketplace ficou “100% operacional”, a Outsystems esteve “a desenvolver a plataforma para garantir que tanto as empresas parceiras como os artistas conseguiam submeter desafios, bem como podiam candidatar-se aos mesmos”, acrescentou Gonçalo Gaiolas à Lusa. “Para tal, tivemos de fazer vários testes com as empresas, para garantir que todos os requisitos estavam presentes, bem como com os artistas, para perceber se o processo era fácil e intuitivo”, acrescentou o técnico da Outsystems.

O propósito dos impulsionadores do movimento é deixar que ele corra sem nenhum protagonista, “deixando o palco às marcas e empresas que o tornam possível”, como é referido na correspondência enviada aos aderentes, a que o PÚBLICO teve acesso.

Recorde-se que Portugal#EntraEmCena foi de início apresentado como “um movimento nacional, materializado em plataforma digital, onde artistas podem lançar ideias e recolher investimento para a sua fase de conceção e desenvolvimento, e onde empresas e entidades, públicas e privadas, podem lançar desafios e receber propostas artísticas, escolhendo as que pretendem remunerar já”. Cada um dos projetos poderá ser apoiado até um montante de 20 mil euros.

Patrocinadores à espera dos projetos

Ainda na fase de operacionalização do marketplace, o PÚBLICO questionou algumas das empresas e entidades sobre as razões da sua adesão ao movimento e também sobre os montantes e o género de criações/produções em que se propõem investir.

As respostas, via email, foram ainda muito genéricas. A Fundação EDP mostra-se “disponível para aceitar uma proposta apresentada pelos artistas” que possa “enriquecer” a sua atividade. Ou, em alternativa, “lançar um desafio que possa ser associado à [sua] programação cultural”.

No mesmo sentido se manifestou o Millenniumbcp. Lembrando que a associação do banco às atividades artísticas e culturais no país faz parte da sua “identidade corporativa”, este banco vê no movimento algo “inovador”, que “trilha um caminho novo e particularmente relevante no contexto que estamos a viver”.

Já o BPI e a Fundação “la Caixa”, respondendo já depois da instalação do marketplace, começam por avançar que não estabelecerem antecipadamente “nenhum limite quando ao número de projetos a apoiar”, nem “nenhuma verba previamente” cativada para o efeito.

Através do seu gabinete de comunicação, o banco detido pelo grupo espanhol CaixaBank antecipa, contudo, manifestar um “especial interesse em projetos de mais longa duração nas áreas da música e do teatro”, às quais tem dado uma atenção especial. O BPI reafirma também a sua determinação em continuar presente junto de um sector que vem apoiando regularmente, e que constitui um dos eixos de intervenção do banco e da Fundação “la Caixa”.

Também apostada em continuar a apoiar a cultura, e em particular as áreas da música e da arte urbana, a Super Bock comunicou ao PÚBLICO, ainda no início do processo, ser “prematuro adiantar” que ideias ou projetos irá apoiar, ou mesmo as verbas disponíveis.

“Nesta fase, o importante é percebermos a magnitude das iniciativas para avaliarmos o investimento que deve ser alocado”, acrescenta o gabinete de comunicação da empresa, que se mostra, no entanto, disponível para continuar a “apoiar projetos de valor que estejam integrados no meio artístico”, e assim ajudar “a ultrapassar esta fase tão difícil”.

O CCB aceitou também aderir ao movimento, logo desde o início, porque viu nele “uma vontade coletiva de reconhecer a fragilidade da situação dos artistas e do tecido cultural do país”, disse ao PÚBLICO Delfim Sardo. O programador do CCB confirma agora a mesma “abertura para colaborar no apoio aos artistas”. “Temos de saber como é que isso encaixa com a nossa programação e com a nossa missão, tanto artística como social”, acrescenta Sardo, que atualmente, como muitos outros responsáveis de instituições culturais, está principalmente concentrado em adequar a programação do CCB ao calendário estabelecido pelo Governo para a reabertura ao público dos equipamentos culturais.

O mesmo acontece com a Fundação Gulbenkian, que está também a “definir os desafios” em que quer participar no âmbito do Portugal#EntraEmCena, e igualmente à espera de ver como é que as coisas vão correr. Mas a fundação lembra que essa participação é independente do fundo de emergência de 1,5 milhões de euros anunciado, no final de abril, para ajudar os agentes culturais.


por Sérgio C. Andrade com Lusa in Público | 6 de maio de 2020
notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Público

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