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Casa Fernando Pessoa conta histórias ao ouvido de quem está isolado em casa
Porque nem todos têm redes sociais ou vivem com internet e computador, a Casa Fernando Pessoa resolveu recorrer ao telefone para contar histórias a quem quiser ouvir em tempo de quarentena.
Para responder ao atual momento de isolamento, devido à pandemia de Covid-19, a Casa Fernando Pessoa resolveu recorrer ao telefone para manter o contato com o público e lançou o projeto “Leituras ao Ouvido”.
Numa altura em que se multiplicam iniciativas culturais nas redes sociais e internet, a Casa onde viveu o poeta decidiu usar uma “tecnologia” mais antiga, o telefone para ler poemas e histórias ao ouvido de quem está em casa.
“A ideia é, pelo menos para este programa, não estarmos dependentes do computador ou da internet”, explica à Renascença Clara Riso, a diretora da Casa Fernando Pessoa, também ela uma das que pega no telefone e liga a quem pedir para ouvir uma história.
“Há um número para o qual as pessoas interessadas podem telefonar para se inscrevem”. Esse número é o 914 342 537. Basta ligar durante a semana, entre as 10h00 e as 14h00 e inscrever-se. Depois uma equipa vai devolver a chamada, “a partir das 16h00 ou no próprio dia ou nos dias seguintes”.
Quem escolhe a história é quem a vai ouvir, explica Clara Riso. A responsável da Casa Fernando Pessoa diz que as escolhas são feitas a partir dos livros que, quem faz os telefonemas, tem nas suas estantes de casa. “Podem ser textos de prosa, contos curtos, excertos de romances, poemas, não só de Fernando Pessoa, mas também de outros poetas”.
O programa “Leituras ao ouvido” já decorre há três semanas, e já contabilizou 274 chamadas. A procura, levou a Casa Fernando Pessoa a procurar reforços. Além dos trabalhadores da Casa Fernando Pessoa, para estas chamadas com cerca de 10 minutos, tiveram de convocar outras vozes. “Eramos quatro pessoas, quando começamos” conta Clara Riso, agora são 16.
“Chamamos pessoas de outros lugares da EGEAC – a empresa municipal a que pertence a Casa Fernando Pessoa. Juntaram-se a nós colegas do Museu de Lisboa, do Castelo de São Jorge, do Museu do Aljube, do Teatro LU.CA, do TBA e até de serviços centrais da EGEAC, porque temos uma pessoa do gabinete jurídico que faz parte deste conjunto de vozes” relata Clara Riso.
A procura tem surpreendido. “Há quem diga que é um bom momento na sua tarde. Há quem ponha em alta voz para partilhar com quem têm em casa”, explica a diretora da Casa Fernando Pessoa que se mostra satisfeita por ter pedidos “de norte a sul do país, ilhas da Madeira e Açores incluídas”.
A Casa Fernando Pessoa tem vindo a desenhar assim um mapa de afetos destas histórias contadas ao ouvido. “Continuamos a passar a palavra a quem não está nas redes sociais, para quem a internet não é uma realidade, ao telefone, há uma voz do outro lado”, diz Clara Riso.
“Para nós que telefonamos, também é um encontro com essas pessoas e de partilha. Algumas contam-nos como estão a passar estes dias e acaba por ser um momento bonito e de convívio”, diz a responsável da Casa Fernando Pessoa.
por Maria João Costa, in Renascença | 21 de abril de 2020
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Rádio Renascença